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TMDQA! Entrevista: Billy Gibbons fala sobre novo álbum ao vivo do ZZ Top e revela seus guitarristas preferidos

O ZZ Top acaba de lançar seu novo disco ao vivo "RAW" e conversamos com Billy Gibbons sobre o álbum, carreira e até influências na guitarra. Confira!

ZZ Top
Foto por Ross Halfin

Verdadeira lenda do Rock, o ZZ Top acaba de disponibilizar um novo disco ao vivo que promete impactar até os fãs mais antigos.

Isso porque RAW, registro que reúne a trilha sonora do documentário That Little Ol’ Band From Texas (2019), é o primeiro lançamento após o falecimento do baixista Dusty Hill e serve, de certa forma, como uma forma de recapitular a trajetória de mais de 5 décadas do trio formado por Billy Gibbons e Frank Beard, além de Hill.

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Tão conhecida por seu estilo Blues Rock, a banda retorna às suas raízes em RAW e exibe excelente forma ao tocar alguns de seus maiores hits com aquela “cara de jam” que é tão tradicionalmente associada ao estilo. A química entre os músicos é inigualável e, claro, emociona ao lembrarmos que Hill não está mais entre nós.

Em um papo exclusivo com o TMDQA!, Billy Gibbons deu mais detalhes sobre todo o processo de concepção desse trabalho, além de falar sobre sua paixão pelo Rock e Blues e revelar seus músicos preferidos.

TMDQA! Entrevista Billy Gibbons (ZZ Top)

TMDQA!: Oi, Billy! Obrigado por tirar um tempinho para falar conosco. Queria começar falando sobre o quanto essas gravações ao vivo estão poderosas. Diria que algumas dessas soam até melhores que as originais. Eu infelizmente nunca tive a chance de ir a um show do ZZ Top, então fui muito impactado. Quão importante foi, pra vocês, mostrar pra pessoas como eu a energia que vocês têm ao vivo?

Billy Gibbons: Conforme o documentário do ZZ Top, That Little Ol’ Band From Texas, começou a tomar forma, o diretor Sam Dunn sugeriu que nós filmássemos a banda de um jeito que lembrasse os primeiros dias. Nós então chegamos ao local escolhido, o Greune Hall, o honky tonk [uma espécie de bar tradicional] mais antigo do Texas.

A boa notícia foi chegar lá e descobrir que o equipamento de palco da banda já estava por lá e uma jam session logo começou a rolar conforme as câmeras começaram a gravar. Felizmente, os engenheiros de som estavam com as máquinas de fita ligadas e capturaram a session, nota por nota.

O que você ouve nos grooves de RAW ilustra simplesmente três caras se juntando e fazendo um som, só isso. Virou a trilha sonora do filme, mas ao mesmo tempo é o documento em áudio da forma como éramos no começo… e ainda somos hoje.

TMDQA!: Sinto que essa força também surge por conta da química que vocês têm, e por estarem sempre tão ligados com suas raízes. Em uma época onde falamos tanto sobre explorar novas direções, como vocês sentem que foi possível ficar sempre ligado às raízes? Já rolou uma vontade de seguir uma direção diferente, mais surpreendente, ou esse som Blues Rock é realmente a paixão?

Billy: O estilo do ZZ, podemos dizer, é enraizado com força no Blues e, claro, na nossa interpretação dessa forma de arte que acaba gerando diversas variações e permutações. A banda sempre tenta ficar aberta a experimentações inesperadas com novas tecnologias, que oferecem um horizonte muito grande de coisas a explorar.

Mas é justo dizer que a base de tudo é sempre o Blues. A gente fala isso faz tempo e continuaremos dizendo: “você não pode perder enquanto for com o Blues”.

TMDQA!: Eu me senti muito mal quando vi a notícia sobre o falecimento do Dusty. Como baixista, sempre achei que ele era bem subestimado. Como tem sido continuar na estrada sem ele?

Billy: Nós perdemos um verdadeiro amigo, e um músico verdadeiramente talentoso quando o Dusty faleceu. “The Dust” soube o quanto ele era querido enquanto ainda estava vivo e, com o seu elegante direcionamento para que entregássemos seu baixo ao nosso colaborador de longa data Elwood Francis, sinto que o coração e a alma do ZZ Top continuam firmes.

TMDQA!: Vocês têm raízes muito fortes no Texas, como o próprio documentário referencia no título. Pensando em “Heard It On The X” e na história por trás dessa música, quão importante foi crescer em um lugar como esse, com tudo que ele oferecia?

Billy: O Texas é um lugar muito especial, com uma conexão especial com o nosso vizinho do sul, o México. A instalação da primeira rádio “X”, super poderosa, começou a transmitir sons altos que no fim das contas serviram para nos juntar através de fios musicais em comum.

A gente descobriu desde cedo que a influência daqueles sinais transmitidos tarde da noite era compartilhada entre nós e a descoberta musical para entrar nessas “coisas secretas” ajudou a estabelecer um estilo que temos até hoje.

TMDQA!: Pra vocês, quão importante foi lançar um documentário como Little Ol’ Band From Texas e contar a história de vocês como ela é? E, claro, fazer a trilha sonora disso tudo?

Billy: Trabalhar com o filme trouxe um senso imediato de “viagem no tempo” direto para os primeiros dias do ZZ Top. As coisas que conquistamos foram muito bem contadas no filme e a revelação da história da banda continua entretendo bastante.

A história foi validada e a nomeação a um Grammy é um bônus que valoriza ainda mais a significância da nossa história louca e atraente.

TMDQA!: Pra fechar, uma pergunta mais pessoal. Sinto que o “estilo Billy Gibbons” de guitarra é uma coisa tão própria, e gostaria que você nomeasse alguns músicos ou álbuns que te influenciaram e te ajudaram a criar essa pegada extremamente única. Obrigado!

Billy: Bom, aí temos que voltar para o Blues: o B.B. King tocando no Live at the Regal pode ser colocado como o álbum ao vivo “padrão ouro”. Jimmy Reed, Howlin’ Wolf, J.B. Hutto, T-Bone Walker, os “Três Reis” — B.B. [King], Albert [King] e Freddie [King], Jeff Beck, Guthrie Trapp, Jimmy Vaughan, Jimmy Page, [Eric] Clatpon e Jimi Hendrix, tantos músicos vêm à mente.

Não podemos esquecer de colocar Keith Richards no topo desse amontoado com o seu estilo e sua inventividade verdadeiramente geniais. O impacto total continua sendo um verdadeiro presente ao coletivo. Essa é uma ótima pergunta que realmente não pode ser respondida em apenas algumas palavras. Literalmente levaria uma vida toda.