Quem já assistiu a um filme de Baz Luhrmann, como O Grande Gatsby, deve saber que o diretor adora trazer tons experimentais para suas trilhas sonoras. Como, então, fazer isso tendo como base as músicas do Rei do Rock agora que estava trabalhando no aguardadíssimo Elvis?
A resposta é mais simples do que parece: respeitando o legado de Elvis Presley e entendendo que é preciso se conectar com passado, presente e futuro para conversar com todos os públicos que assistirão ao filme.
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É claro que nem todo mundo vai se sentir plenamente satisfeito o tempo todo, mas é inegável que o público mais jovem vai se ver preso pela excelente “Vegas”, de Doja Cat, que sampleia o clássico “Hound Dog” (na voz de Shonka Dukureh, não de Elvis) em meio a uma batida que lembra os maiores sucessos da cantora.
Da mesma forma, a presença de uma versão espetacular de Stevie Nicks e Chris Isaak para “Cotton Candy Land” é pedida certa para quem esperava versões mais próximas das originais, sem contar as próprias mixagens especiais feitas para o filme de clássicos como “I’m Coming Home”, “Suspicious Minds”, “Polk Salad Annie” e mais.
O segredo da trilha sonora de Elvis
Sem querer ficar batendo na mesma tecla — mas já o fazendo —, o grande segredo da trilha de Elvis parece estar realmente no fato de Baz e sua equipe não terem perdido o foco principal de homenagear Presley. Ainda que os tons experimentais estejam super presentes, é virtualmente impossível dizer que as músicas não se encaixam na proposta do filme.
Para além disso, diversas faixas são ótimas opções para ouvir no dia a dia e fazem um trabalho fundamental de apresentar clássicos atemporais para aqueles que não têm a paciência, interesse ou qualquer outra desculpa que seja para conhecer a obra de Elvis Presley.
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É o papel que cumpre, por exemplo, o Måneskin. Aliás, até fora da trilha sonora — como a gente te contou por aqui —, já que o grupo italiano já ressuscitou o clássico “Beggin'” e vem sendo capaz de apresentar a pegada mais clássica do Rock em uma pegada moderna, que encanta novas gerações e aparece muito bem em Elvis com a versão de “If I Can Dream”.
Às vezes, não é necessário fazer uma mudança drástica para se conectar com outros públicos. A versão de Kacey Musgraves para “Can’t Help Falling in Love” é um ótimo exemplo: só de trazer a belíssima e conhecida voz da cantora, somada ao tema clássico que já embalou muitos casais pelo mundo, a versão ganha um valor inestimável e com certeza vai levar muitos a conhecer a obra de Elvis.
Passado, presente e… futuro?
Até agora, já falamos de passado e presente. Mas… e o futuro? Bom, quando se trata de Elvis Presley, o futuro está sempre no presente — afinal de contas, o pioneirismo e a quebra de barreiras são marcas registradas do Rei do Rock, como ficou claro para qualquer um que tenha assistido ao filme.
Mas falar de futuro aqui é se permitir ir um pouco além nas hipóteses. É acreditar que, graças a uma trilha sonora como essa, algum fã de Doja Cat, de Eminem (que aparece ao lado de CeeLo Green na inédita “The King and I”, com sample de “Jailhouse Rock”) ou de Diplo (que aparece com Swae Lee na também inédita “Tupelo Shuffle”, com sample de “That’s All Right”) possa mergulhar de cabeça na história do Rock.
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Ao mesmo tempo, é acreditar que os fãs do passado, que acompanharam o crescimento do gênero e a ascensão e queda de Elvis, possam ouvir versões assinadas por nomes como Tame Impala (“Edge of Reality”), Jack White (“Power of My Love”) e PNAU (“Don’t Fly Away”) e entender que a música de hoje, e consequentemente de amanhã, ainda possui muito a oferecer.
No fim das contas, a trilha sonora de Elvis é sobre isso. É sobre celebrar um legado, entender como ele influenciou o hoje e torcer para que, no futuro, essa referência não seja perdida. E, pelo visto, não será.