Los Hermanos, Orquestra Imperial, Little Joy e uma reconhecida carreira solo que no ano passado ganhou um segundo capítulo, o ótimo disco Drama.
Rodrigo Amarante é um dos cantores e compositores brasileiros mais respeitados em todo o mundo. Já colaborou com Norah Jones, Devendra Banhart, dirigiu um clipe de Leonard Cohen e gravou o icônico tema da série Narcos.
Depois de uma temporada morando em Los Angeles, ele agora vive em Nova Iorque, mas é no Brasil que Amarante irá reencontrar o que ele chama de “sutil e bela” resposta da plateia.
Em entrevista ao Podcast Tenho Mais Discos Que Amigos!, o cantor falou sobre a preparação para os sete shows que fará por aqui entre 9 e 23 de setembro, apresentando o novo álbum pela primeira vez por aqui.
E o público pode se preparar para noites muito especiais: Amarante terá uma banda inédita, incluindo o colega de Los Hermanos Rodrigo Barba na bateria e o guitarrista Pedro Sá, famoso pela banda Cê.
Confira abaixo esse papo em texto, e no fim desta matéria ou clicando aqui você também pode ouvir as respostas do cantor no player do Podcast TMDQA!.
TMDQA! Entrevista Rodrigo Amarante
TMDQA!: O lançamento e divulgação de Drama foram totalmente atípicos na sua carreira, devido à pandemia e ao tempo sem shows. Para você, o “termômetro” da recepção do disco ainda está oscilando, ou você já tem uma boa ideia de como essas músicas atingiram os fãs?
Rodrigo Amarante: É, certamente o lançamento do Drama foi diferente. Mas essa coisa da resposta de tocar as músicas ao vivo não é, pelo menos pra mim, muito assim como você diz um “termômetro”. Porque termômetro é uma coisa vertical, é “mais e menos”, e a resposta das pessoas é mais tridimensional, ou multidimensional.
Eu quando toco não estou medindo a resposta nesse sentido “quente ou frio”. É mais complexo, mais alegre, menos científico do que isso, e em cada lugar é diferente. Uma coisa que me ajuda, me informa e me move é observar cada um na plateia, como eles respondem. E pra isso até as palavras faltam, que dirá os números. É uma coisa muito sutil e bela. Pra mim, tocar essas músicas é trazê-las pro campo real, e é isso que me leva a seguir com a escrita pra um outro lugar. Tem a ver com a alegria de poder cantar, que é o grande barato.
Não é muito “deu certo ou não deu certo”, uma coisa comercial, como se eu tivesse um produto. Apesar do álbum poder ser um produto, mas não é essa a minha parte, de medir quantitativamente o que o disco fez. Isso é pros outros.
(Continua após o vídeo)
TMDQA!: Você já comentou que estar nos Estados Unidos te possibilitou experimentar mais nas canções e performances, além de testar seu show para um público diferente. Como isso te ajudou a desenhar o formato dessa turnê?
Amarante: O show também vai mudando de lugar pra lugar, o arco das músicas, o tom, a energia de cada uma. Eu já fiz a essa altura algumas turnês desse disco, e quando eu faço com a banda é diferente, tem outra energia, outro arco e às vezes até outros tons. Esse show do Drama no Brasil, como vai ser uma banda toda nova, apesar de serem amigos antigos, mas ele vai se formar no ensaio. Claro que eu já tenho alguma noção do que eu gosto de cantar no começo, o que funciona mais pro fim… mas o resto vai acontecer nos ensaios, a energia dos músicos e como elas vão soar.
TMDQA!: Quantos músicos você trará para o Brasil?
Amarante: Seremos seis no palco, eu e mais cinco. É uma espécie de adaptação, porque o disco tem orquestra, metais, um monte de percussão. Mas isso é um barato também, porque é uma coisa menos de tentar reproduzir fielmente o som do disco, o que seria impossível, a não ser que tivesse 20 músicos no palco.
É mais uma coisa de traduzir os arranjos, recolocar as melodias e harmonias nos instrumentos que nos estão disponíveis. Ou seja, no lugar de tentar fazer um arranjo de metais no teclado, ele pode ir pra um piano. A flauta piccolo talvez acabe indo pra uma das vozes da guitarra, e coisas assim. Fica mais vivo do que tentar usar samplers e faixas pré-gravadas. Eu não uso essas coisas, acho muito mais orgânico e mais forte tentar resolver com as mãos dos músicos ali.
É claro que às vezes a tecnologia ajuda, efeitos e coisas assim podem trazer as texturas e sugerir os espaços que foram criados na gravação de determinado instrumento. Mas eu prefiro que a coisa seja assim, real, perigosa (risos).
TMDQA!: A sua passagem pelo Brasil precede um último trimestre que será bastante agitado para o país, com eleições e Copa do Mundo. Para além dos shows, o que você espera observar do sentimento do povo, e quais sentimentos poderão estar mais fortes em você?
Amarante: Olha, a única coisa que eu espero observar nos calcanhares da eleição de novembro é o óbvio, é uma coisa só. Poder ver que está claro que a grande maioria dos brasileiros, ao contrário do esforço dos robôs e aqueles por trás deles, entende que Bolsonaro foi uma grande praga na nossa história e que é hora de mudar o rumo.
Eu espero observar as pessoas prontas pra votar no Lula. O resto, que seja surpresa.
Serviço: Rodrigo Amarante no Brasil
9 de setembro – Rio de Janeiro – Circo Voador
10 de setembro – Belo Horizonte – Cine Theatro Brasil Vallourec
14 de setembro – São Paulo – Audio – Coala Side Show
15 de setembro – Porto Alegre – Bar Opinião
17 de setembro – Curitiba – Ópera de Arame
18 de setembro – São Paulo – Coala Festival
23 de setembro – Fortaleza – Theatro José de Alencar
Ingressos: linktr.ee/rodrigoamarante2022brasiltour