Neste dia 6 de Agosto, é celebrado o Dia do Rap Nacional. A data tem uma importância que vai muito além de celebrar as conquistas do gênero, já que também serve para relembrarmos a história dessa música que abre tantas portas, muda tantas vidas e é capaz de causar sentimentos como nenhuma outra.
Desde o início de sua trajetória no país, o Rap brasileiro foi desenvolvendo uma identidade cada vez mais própria. Hoje, o gênero tem tantas vertentes que é até difícil colocá-lo em um caixinha; o mesmo acontece com artistas que o representam, que muitas vezes exploram tantas sonoridades conectadas como o Funk, o Trap e o Drill.
Um dos grandes exemplos disso atualmente é o MC Hariel, que bateu um papo exclusivo com o TMDQA! para falar sobre essa data. Ele explica, justamente, como o Funk que marca a sua carreira é tão ligado ao Hip Hop:
Funk e Rap andam juntos e passam muitas mensagens importantes para a evolução da sociedade. Um salve para todos que construíram essa história maravilhosa do Rap. A cada dia só tenho a aprender com essas lendas. Espero poder contribuir com minhas músicas tanto no Funk quanto no Rap.
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Dono de um dos ótimos discos de 2022 com Mundão Girou, Hariel contou com a colaboração de nomes como Rael, Alok, Filipe Ret e MC Neguinho do Kaxeta em seu novo álbum, o que evidencia mais do que nunca sua enorme pluralidade. Apesar disso, a raiz no Hip Hop é algo ainda muito valorizado por ele:
O Rap carrega inúmeras possibilidades para aqueles que vêm de baixo. Ele é voz da periferia e dá voz àqueles que muitas vezes não são escutados. O Rap é um som que vem da alma, fala de diversos problemas do nosso país e mostra muito de perto a realidade vivida por vários. Tanto o Rap quanto o Funk estão, hoje, ocupando um lugar onde muitos não queriam que ele estivesse. E é gratificante ver esses gêneros chegando em tantos lugares. É bom demais poder escutar até hoje Racionais, Sabotagem, Trilha Sonora do Gueto, Dexter, entre outros projetos tão incríveis. Feliz demais pelo Dia do Rap Nacional.
Dia do Rap Nacional
Outro ótimo representante da nova geração é PK, famoso pelos hits “Quando a Vontade Bater” e “Do Jeito Que Tu Gosta”, que também promove essa união de sonoridades com o Funk de um jeito único. Ele ressalta a importância deste “gênero acolhedor”, destacando:
Além de entretenimento, ele ajuda muitos jovens a refletirem mais sobre suas escolhas e incentiva cada vez mais uma busca por soluções das complexidades da vida.
Talvez o maior produtor ligado ao gênero no país hoje, Papatinho também conversou com o TMDQA! sobre esse dia tão especial e falou sobre o poder de influência do Rap, tanto no âmbito individual quanto no coletivo:
É difícil botar em palavras a importância do Rap não só na minha vida, mas também pro Brasil. O Rap salva vidas e eu me sinto muito privilegiado de ter influenciado tanta gente por conta disso. Eu sou apaixonado por essa cultura e fico feliz com a proporção que isso tá tomando.
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De fato, em pleno 2022, há até quem diga que o Rap é o novo Rock — não no sentido de sonoridade, necessariamente, apesar de também aparecer assim em alguns momentos, como no novo disco do Bloco do Caos, Os Muros Não Sabem Escutar.
O Rap, o Rock e a música
A questão é que, na verdade, o movimento Hip Hop tem tido um papel cada vez mais fundamental para tratar dos temas sensíveis do mundo atual. No entanto, mais do que uma disputa entre os dois, o vocalista do Bloco, Alê Cazarotto, explica por que eles são “praticamente irmãos” e por que surgiu essa percepção de que o gênero é o “novo Rock”:
O Rock e o Rap são praticamente irmãos. Ambos nascem da vontade de combater. Uma pena que parte do Rock atualmente e principalmente seu público ficou muito reacionário. Muitos artistas evitam entrar em temas espinhosos e cantar sobre o que acontece ao seu redor. Nos anos 90 tivemos bandas como O Rappa, Planet Hemp, Chico Science & Nação Zumbi, entre outros, que, logo após o período triste da ditadura, chegaram sendo voz pra muita gente.
Hoje isso se perdeu e o Rock perdeu sua força. Quem faz isso hoje é o Rap. Djonga, Baco Exu do Blues, Criolo, entre outros. Isso é importante demais, especialmente no Brasil de Bolsonaro.
Renato Frei, guitarrista do Bloco, complementa ressaltando o quanto o Brasil é “riquíssimo em música de protesto” e destaca o quanto o Rap “tem o protesto na sua essência”, como fica provado por nomes como Racionais, Sabotage e Emicida, entre tantos outros.
O próprio novo disco dos caras é um exemplo de como esses gêneros podem coexistir, já que uma das melhores faixas é a incendiária “Abaixa Que É Tiro”, com participação do lendário GOG, descrito por Frei como “um gigante que nunca se calou, uma referência”. Cazarotto celebra o encontro musical dos gêneros, ressaltando a “grande honra” que foi ter o “poeta do Rap nacional” no trabalho.
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Assim como todos esses citados, tantos outros nomes vêm representando o Rap nacional com muito sucesso.
No fim das contas, o Rap não é só mais uma ferramenta — como você viu acima, o Rap tem poder. Ele muda vidas, tanto individualmente quanto coletivamente; ele abre portas, dá voz aos que não têm e que precisam ser ouvidos e, principalmente, traz uma magia na união de ritmo e letra que nenhum outro gênero pode proporcionar.
Viva o Rap Nacional! Viva 6 de Agosto!
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