Desde que começou a ser realizado em 2015, o Na Praia Festival sempre reúne um ótimo público em Brasília independente da atração que esteja se apresentando em uma data qualquer. No entanto, neste último sábado, 20 de Agosto, o evento teve seu maior público e isso aconteceu graças ao Rap e ao Trap, para a surpresa de alguns.
Com cerca de 12 mil pessoas presentes, o festival viu a escalação composta por Matuê, Filipe Ret, Orochi e Poze do Rodo superar marcas de grandes nomes do Sertanejo e do Pop, fortalecendo a ideia de que o som do futuro é, realmente, o que deriva da cultura Hip Hop.
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Isso fica ainda mais claro ao observarmos o público do dia: jovens, provavelmente entre 15 e 18 anos, eram a vasta maioria no local, que também contava com uma boa parcela de público mais velho e até algumas crianças.
Filipe Ret e o “poder da juventude” do Rap nacional
Essa percepção, aliás, foi explicada em detalhes por Ret em uma entrevista ao TMDQA! depois de sua apresentação. Ao ser informado sobre o recorde de público (que ele descreveu como “brabo”, ao melhor estilo carioca de ser), o cantor destacou por que acredita que isso se tornou possível para o gênero em 2022:
É o poder da juventude, o poder dos moleques, o poder de cantar como você quer cantar sem ter que fazer uma música limpa ou Pop. A gente fala da nossa forma e mesmo assim é aderido, é popularizado, e ver artistas tipo o Ret junto com Gusttavo Lima nos mais ouvidos do Spotify é incrível, né? Acho que é consequência disso. A gente faz uma música urbana, uma música que chega no país todo. Hoje já chega no interior todo, e o Brasil é feito de interiores. Então, a molecada já adere. A nossa forma de falar se comunica com a molecada no geral, mesmo falando palavrão, mesmo indo pro “proibidão”, a gente consegue atingir a molecada de verdade. Então, eu acho que é culpa da molecada, da vontade, do sonho da molecada, da imaginação da molecada. Acho que isso é o mais importante, a molecada tá sonhando e tá imaginando.
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O próprio Ret conta, ainda, que essas conquistas não surgiram do dia pra noite. Ele aponta que um evento como esse, que une atrações do Rap e do Funk (e, claro, conta com artistas que misturam os dois gêneros diariamente) em um palco gigantesco e todo elaborado, só é possível graças ao pioneirismo de nomes como Mr. Catra e MC Sapão:
Acho que os caras de antes abriram muito a mata pra nós, e a nova geração tá abrindo as portas pra próxima geração. Acho que ninguém abriria essas portas se a gente não fizesse o que a gente fez por nós já, entendeu? Acho que isso aqui é só uma consequência de toda a nossa batalha, toda a luta, desde os caras lá de trás; Mr. Catra, MC Sapão, desde lá de trás mesmo, tudo isso é uma construção. Os caras, Catra e Sapão, com certeza estão felizes da vida por estarmos colocando o Trap e o Rap em um lugar como esse de hoje. Acho que é só uma consequência. O mercado, os festivais são um mercado, eles aderem àquilo que é popular. E quem faz ser popular são os artistas. Então, em primeiro lugar, isso se deve a esses artistas que vieram antes da gente, tá ligado? E agora a gente representando pro futuro.
O futuro, realmente, ainda é uma incógnita. Mas, quanto ao presente, é difícil discutir com o poder do Rap e do Funk.
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O Rap e o Funk no Na Praia Festival
Desde o primeiro show, que foi feito por Poze do Rodo, era possível ver pessoas emocionadas e cantando a plenos pulmões hits como “Me Sinto Abençoado”; com Orochi, o mesmo aconteceu e as caras mais próximas ao palco iam mudando a cada atração, mostrando que entre essas 12 mil pessoas estavam fãs de todos os tipos.
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O show de Ret foi o terceiro da noite, e o fato do rapper ser o que tem mais tempo de carreira entre os presentes era notável. Experiente, o cara entrega um show incendiário e coloca todo mundo para cantar e dançar durante todo o tempo, explorando o potencial completo de todos os hits que construiu nos últimos anos.
Mas isso não significa que Matuê, a última atração da noite, fique para trás. Era perceptível que o cearense era o preferido do público mais jovem, que cantava junto ao som de hits como “Quer Voar” e “Kenny G”. Além de tudo, Tuê estava estreando naquela noite um novo show, com um guitarrista que traz um visual mais orgânico à apresentação e brilha na hora de canções como “Anos Luz”, com direito até a um solo.
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O ponto alto da noite talvez tenha sido a icônica “777-666”, em que Matuê pede para o público se dividir em dois e fazer aquela roda punk gigante.
A plateia, talvez pela pouca idade, por não ter ido a tantos shows de Rock e Metal ou pelo fato do local estar lotado, não respondeu tão bem ao pedido — mas curtiu a intensa apresentação do mesmo jeito, como fez durante as quase sete horas de evento que certamente entraram para a história do festival brasiliense e de toda a capital federal, que parece mais pronta do que nunca para receber o Rap.
Afinal de contas, o momento é de resistência — e o Rap é sinônimo disso.
Na Praia Festival
O Na Praia Festival segue com sua programação cultural até o dia 11 de Setembro, contando com shows de todos os gêneros musicais. Vale destacar que o espaço tem ainda diversas opções gastronômicas e de entretenimento para além dos shows, proporcionando um ambiente único e jamais visto antes em Brasília.
Nesta semana, respectivamente nos dias 26, 27 e 28 de Agosto, o evento contará com Irmãos: Alexandre Pires + Seu Jorge, Jorge & Mateus + Hugo & Guilherme + Mojjo e Wesley Safadão + Leo Santana + Mari Fernandez como atrações principais.
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