No final dos anos 80, a região de Palm Springs, dentro do vale de Coachella, viu o nascimento de um movimento chamado desert rock, onde bandas pareciam retratar muito bem o clima desértico da região através de guitarras cheias de fuzz, muito peso e muita sujeira.
Um dos nomes mais importantes desse período foi o Kyuss, que lançou quatro discos de estúdio entre 1991 e 1995 e, com títulos como Welcome to Sky Valley, logo chamou a atenção de fãs de rock and roll em todo o mundo, mostrando que algo diferente acontecia por lá.
Pouco tempo depois, em 1996, a banda se separou e, para a surpresa da maioria, o que poderia significar o fim de um movimento na verdade se transformou em algo ainda maior, já que um dos integrantes da banda, Josh Homme, não queria ficar parado.
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Envolvido em alguns projetos, Homme criou um novo grupo chamado Gamma Ray, e chegou a gravar um EP onde ninguém menos que Matt Cameron (Pearl Jam, Soundgarden) assumiu as baquetas.
A banda teve que mudar de nome por conta do grupo alemão de heavy metal que já atendia por Gamma Ray há algum tempo. Então, nascia ali o Queens of the Stone Age, uma banda liderada por Josh Homme que passaria por inúmeras mudanças em sua formação ao longo do tempo.
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Te contamos tudo isso para chegarmos ao ano de 2002, quando o QOTSA vivia um momento incrível e tinha cada vez mais seguidores por conta de seus dois primeiros discos, Queens of the Stone Age (1998) e Rated R (2000).
Foi com o seu terceiro álbum que a banda soube mesclar as influências do stoner com o rock and roll mais popular e acessível, e aí nasceu um álbum visto com muito bons olhos pela crítica e muitíssimo bem recebido pelas rádios, com hits como “No One Knows” e “Go with the Flow”.
Lançado em 27 de Agosto daquele ano, Songs for the Deaf completou seu aniversário de 20 anos ontem mesmo.
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Formação
Em sua trajetória, o Queens of the Stone Age nunca contou com uma mesma formação entre os discos de estúdio e, mesmo quando mantinha uma base, sempre chamou convidados que acabaram tornando cada álbum algo único.
Aqui, Josh Homme contava com Nick Oliveri no baixo, também ex-Kyuss, e uma coincidência fez com que a bateria fosse ocupada por Dave Grohl, ex-baterista do Nirvana e já muito bem sucedido com o Foo Fighters, mas que passava justamente por um período turbulento em sua banda e queria dar um tempo no lance de ser vocalista e guitarrista. Além de gravar as canções em estúdio, ele também se apresentou com a banda em shows pelo mundo.
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A formação “base” do álbum conta com os três além do saudoso Mark Lanegan, que empresta seu vozeirão para algumas das músicas, e já no próximo disco isso mudaria com a saída de Nick Oliveri da banda.
O disco ainda trouxe uma série de grandes músicos como Alain Johannes, Dean Ween (Ween), Chris Gossard, Paz Lenchantin (A Perfect Circle, Pixies) e Ana Lenchantin (A Perfect Circle, No Doubt, Eels) em participações pontuais.
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Conceito
Em Songs for the Deaf, o Queens of the Stone Age apresenta uma viagem pelo deserto através do rádio de um carro, de Los Angeles a Joshua Tree, e logo na primeira faixa o ouvinte é colocado dentro do veículo e apresentado às rádios locais, que vão se alternando e passando por apresentadores cheios de influência latina.
Alain Johannes, por exemplo, é o DJ Héctor Bonifacio Echeverría Cervantes de la Cruz Arroyo Rojas, enquanto Jesse Hughes (Eagles of Death Metal) aparece como um pregador religioso; Dave Catching (earthlings?, EODM, Rancho de la Luna) também aparece como apresentador na rádio WANT, de Wonder Valley.
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Recepção
Songs for the Deaf foi responsável pelo primeiro momento de grande exposição do Queens of the Stone Age no mundo todo.
Além de ser um disco recheado de boas músicas, a participação de Dave Grohl em todo processo também chamou a atenção e hits como “No One Knows” fizeram com que, de repente, o mundo todo conhecesse a banda californiana.
As notas nas resenhas foram das mais altas e até a exigente Pitchfork deu 7.9/10 para o álbum. O Metacritic, agregador de críticas do mundo todo, mostra uma altíssima nota 89/100.
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Com mais de 500 mil cópias vendidas, em Janeiro de 2003 o álbum foi certificado com Disco de Ouro e vieram duas indicações ao Grammy por “No One Knows” e “Go With The Flow”.
Songs for the Deaf é tido por muitos como o melhor disco de estúdio da carreira do Queens of the Stone Age. É o seu favorito?
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