Entrevistas

Curol, Illusionize e Samhara falam sobre importância da música eletrônica no Rock in Rio

Atrações do palco New Dance Order no Rock in Rio, Curol, Illusionize e Samhara falaram com o TMDQA! sobre a importância do espaço para a música eletrônica.

Samhara, Curol e Illusionize se apresentam no palco New Dance Order do Rock in Rio
Fotos por Gabriel Gardinni, Olharr e Pedro Pini

O Rock in Rio tem como tradição, claro, receber algumas das maiores bandas e artistas do planeta. No entanto, há algum tempo, o palco New Dance Order tem dado ao festival uma nova cara, mostrando que o evento carioca está também pronto para receber a música eletrônica.

Para 2022, o NDO programou uma escalação diversa, que inclui grandes nomes do Brasil e do mundo, prontos para transformar a experiência de visitar o Rock in Rio em algo ainda mais inesquecível.

Três grandes artistas que se apresentarão por lá são Illusionize, Curol e Samhara, ícones do gênero em âmbito nacional e que já vêm ganhando reconhecimento internacional há algum tempo. O TMDQA! conversou com os três sobre alguns temas relacionados a esses sets e você pode conferir tudo logo abaixo!

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New Dance Order e o espaço para a música eletrônica no Rock in Rio

Um dos pontos principais do papo é o espaço que o Rock in Rio tem cedido para a música eletrônica. Samhara explica que o festival “dita tendências”, e portanto “ter um palco que ganha relevância a cada edição, sem dúvidas, também acaba influenciando os eventos e festivais menores que acontecem no país”.

A DJ, que se apresenta no New Dance Order neste domingo (4) às 23:15, ainda conta que esse movimento tem sido visto não só no Brasil:

Essa iniciativa mostra o quanto a música eletrônica é um gênero global, que precisa ter o seu espaço consagrado e único ali dentro do festival. Isso acontece ao redor do mundo e é muito importante para toda a cena que o mercado também se movimente, dando cada vez mais relevância e visibilidade para a dance music.

Quem complementa isso é Illusionize, que se apresenta hoje (3) às 19:15 no mesmo palco. Se apresentando pela terceira vez no festival, ele faz um comparativo e cita a resposta do público como um bom termômetro:

Eu vejo que a cada dia que passa, o eletrônico ganha mais importância no mercado da música como um todo. O Rock in Rio estar abraçando a causa é com certeza o maior sinal disso. É a minha terceira vez no line-up e acredito que a edição de 2019 já foi um grande avanço para o festival em relação ao palco eletrônico, porque foi a primeira vez que, de fato, o festival olhou para o eletrônico com a atenção devida e investiu nisso. A resposta positiva veio de imediato, com o público lotando o palco e o gênero indo parar na boca e no gosto daqueles que nunca tinham ouvido. Em 2022, quero sentir como vai ser, mas a expectativa é que seja melhor e supere a edição anterior.

Já para Curol, que será a última do trio a apresentar, tendo seu set marcado para o dia 10 de Setembro às 23h15, uma das principais forças de um evento como o Rock in Rio é ajudar a retirar a estigmatização que a música eletrônica recebe:

A música eletrônica sempre foi muito estigmatizada, né? Ainda é! Quando um evento do porte do Rock in Rio, o maior festival de música do mundo, abre espaço para que nós, artistas da dance music, possamos mostrar nosso trabalho e compartilhar a energia maravilhosa que a arte que produzimos cria com o público, o evento colabora para que esse preconceito fique cada vez mais distante dos dias de hoje. E só isso já é motivo mais que fundamental para o desenvolvimento não apenas do mercado, mas também da sociedade, que passa a entender e a olhar para esse nicho com olhos mais acolhedores.

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A diversidade na música eletrônica

Outro ponto bastante interessante da escalação do New Dance Order em 2022 é a diversidade apresentada no palco, em especial com relação à presença de mulheres em um mercado que já foi (e ainda é) muito dominado por homens.

Um dos principais nomes nesse sentido, Curol destaca que “a realidade mudou, é muito melhor do que era há alguns anos, mas ainda tem muito que avançar”. Ela elabora:

É importante celebrarmos as conquistas, mas também é fundamental enxergar que ainda estamos no caminho pela equidade e pela diversidade na música. A história da House Music é pautada na história de pretos e gays, e com o passar do tempo, assim como outros gêneros musicais, foi se elitizando e também embranquecendo. É importante que a distribuição de oportunidades seja entendida pelo ecossistema que envolve um evento do porte do RiR e da indústria da música como um todo, como uma necessidade e um caminho sem volta.

Já Illusionize observa que “a galera tem consumido cada vez mais coisas diferentes”, algo com que ele mesmo se identifica. Ele explica também que os anos pandêmicos foram essenciais “para o amadurecimento de muitos artistas” e garante que “os próximos anos certamente serão os melhores para a cena eletrônica do Brasil, algo que nunca vimos igual”. Ele complementa:

É fato que os gringos têm consumido cada vez mais o som brasileiro, além do aumento de interesse pelo gênero no nosso próprio país também. Estou vendo com bons olhos tudo isso e espero que seja um movimento que cresça cada vez mais, que o mercado de forma geral saia da mesmice e dê oportunidades para novos artistas, independente se é homem, mulher, tanto faz, eu quero que a cena seja igual para todos, e isso é uma parada que eu pratico e busco também.

Samhara, por sua vez, destaca que “essa é a experiência que um festival tem que trazer, porque as pessoas que estão ali estão muito abertas para o novo, e isso acaba trazendo pessoas de todas as tribos”. Com isso, é possível “aproximar a dance music de um público que não a consome rotineiramente”, até pelo fato da música eletrônica ser “plural” e ir “muito além do comercial”.

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O que o fã de música eletrônica pode esperar no Rock in Rio 2022?

Com o Rock in Rio já rolando a todo vapor, os artistas também contaram um pouco pra gente sobre o que as pessoas podem esperar de seus sets. Confira pra se preparar!

Illusionize (3 de Setembro, 19:15)

Eu tenho um objetivo comigo mesmo de sempre superar meu último show. Acabei de comemorar meu b-day no Laroc numa noite épica, e para o Rock in Rio também estou preparando algo completamente único, com efeitos visuais inéditos, muitas músicas nunca tocadas antes, além dos hits que não podem ficar de fora! Tudo conta uma história e se conecta, a ideia é fazer vocês mergulharem de corpo e alma nessa experiência comigo.

Samhara (4 de Setembro, 23:15)

Eu criei uma linha do tempo, onde eu mostro a Samhara do passado, do presente, até do futuro, tocando as músicas que criei no passado e se tornaram hits… a Samhara do presente, que é essa junção do que eu me tornei ao longo desses 12 anos de carreira e a do futuro, que são as várias músicas ainda não lançadas que vou tocar, e que, sem dúvidas, serão muito especiais, pois representam a renovação e o caminho que eu desejo seguir no projeto. Inclusive, um desses lançamentos é com outra DJ mineira, como eu, uma grande amiga minha, fizemos essa música na pandemia com vocal em inglês e português e é uma união muito importante. Vamos lançá-la em primeira mão no palco do RiR!

É isso! Tenho uma proposta diferente de unir o mainstream à conceitos alternativos como “chackras alinhados”, equilíbrio e cura. Vale lembrar que Samhara também é Sam Hara, alter ego em que projeto experimentações musicais que exploram espiritualidade e misticismo. E quem podemos esperar no palco do maior festival de música do planeta, neste domingo? Quem estiver no front verá!

Curol (10 de Setembro, 23:15)

As expectativas são imensas e a ansiedade também! A responsa é grande mas to trabalhando duro pra entregar um show incrível! Aliás, alerta de spoiler: o set será 90% autoral e pensado e produzido com muito, mas muito carinho! Tô com os pés no chão, mas certa de que será uma noite inesquecível!