O primeiro final de semana do Rock in Rio aconteceu nestes dias 2, 3 e 4 de Setembro e foi, ao contrário do que muitos pensam, recheado de Rock.
A surpresa, claro, fica por conta dos principais nomes que se apresentaram no Palco Mundo e Sunset, vistos por muitos como distantes do gênero que dá nome ao festival. Para além do primeiro dia, que teve o Iron Maiden como headliner, artistas como Post Malone, Demi Lovato e Justin Bieber estão entre os maiores a tocar no evento carioca.
A questão é que, ainda que alguns desses artistas não sejam tradicionalmente associados ao Rock, muitos trouxeram apresentações especiais e abraçaram o gênero, que está ligado às raízes de muitos. Matuê, por exemplo, foi um que aproveitou o espaço que conquistou com o Trap para levar ao Palco Sunset uma de suas maiores influências, o Charlie Brown Jr..
Em seu show, o cearense contou com o baixista Heitor Gomes e o baterista Pinguim Ruas, ambos com passagem pelo CBJR, e chegou até a homenagear o grupo do saudoso Chorão na performance. Mas quem teve uma passagem ainda mais marcante nesse sentido pelo mesmo palco foi Luísa Sonza, que fez uma apresentação especialíssima que contou até com solo de guitarra.
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Luísa Sonza e seu solo de guitarra
Como a cantora já havia dito ao TMDQA! algum tempo atrás, suas origens estão “totalmente ligadas ao Rock” e ela resolveu abraçar esse lado na performance, como te contamos por aqui.
Apesar de ter incluído até cover de Cássia Eller na apresentação, o que mais marcou foi realmente o solo de guitarra feito pela cantora. É claro que, nas publicações que destacaram o momento em que Luísa brilhou com o instrumento, vieram diversas críticas — algo que não foi compactuado por celebridades que reagiram à postagem, como Rogério Flausino (Jota Quest).
A tatuadora e cantora Malfeitona, por sua vez, destacou que estava vendo “um monte de frustrados nos comentários”, enquanto um leitor do TMDQA! resumiu da melhor forma:
Foda! Deu pra ver que se empenhou em fazer o melhor, performance muito massa! Fazer ainda no calor do show, válido demais, arrebentou!
De forma semelhante ao que Sonza passou, Demi Lovato foi outra que recebeu diversas críticas — ou, na verdade, gerou críticas ao site, já que descrevemos o show da cantora como “pesadíssimo” e foi isso que incomodou muita gente.
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Demi Lovato irrita roqueiros com um dos shows mais pesados do festival
😳 Demi Lovato e sua banda pesadíssima transformando o terceiro dia de #RockInRio em Dia do Metal novamente!pic.twitter.com/gfobNoqvxV
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) September 4, 2022
Ainda que tenha momentos mais leves, como o medley de “4 EVER 4 ME” com uma cover de “Iris”, do Goo Goo Dolls, o show de Demi Lovato é uma celebração do peso que influenciou desde cedo a carreira da cantora. Prova disso são os arranjos novos para faixas como “Remember December” e “Heart Attack”, além do novo disco HOLY FVCK, que dita o tom do show.
Nele, estão músicas como a quebradeira “EAT ME”, que tem até um breakdown no meio. Como se não bastasse tudo isso, Demi ainda tem uma banda — só de mulheres — com musicistas incríveis, incluindo a lendária Nita Strauss, guitarrista da banda de Alice Cooper que abandonou a turnê atual do músico para se juntar a Lovato.
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Senhoras e senhores, Nita Strauss, artista solo de primeira, guitarrista da Demi Lovato e também do icônico Alice Cooper, verdadeira lenda do Metal. 🤘#DemiLovatoNoMultishow #TMDQAnoRockInRiopic.twitter.com/mO9zGj0Toh
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) September 5, 2022
Infelizmente, nada disso foi suficiente para os famosos roqueiros conservadores, que se manifestaram em peso. “Eu te entendo, Régis Tadeu”, escreveram alguns, enquanto outros falaram justamente que Demi seria “a Luísa Sonza deles”, em tom pejorativo, sem contar as diversas críticas daqueles que certamente não chegaram nem a dar uma chance.
Afinal de contas, basta conferir um pedaço de “FREAK” para entender a vibe do show…
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Sepultura revolta fãs conservadores ao sinalizar parceria com Anitta
"FREAK", do novo disco da Demi Lovato, é boa demais né?
E a versão de estúdio do #HOLYFVCK ainda conta com o sempre ótimo YUNGBLUD!#DemiLovatoNoMultishowpic.twitter.com/ch7AbxCXlE
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) September 5, 2022
Pra fechar com chave de ouro a irritação dos mais conservadores, o Sepultura, que fez um showzasso ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira para abrir o Palco Mundo dessa edição 2022, deu uma declaração que não deveria ser polêmica, mas acabou sendo.
Como te contamos por aqui, após sua apresentação, o guitarrista Andreas Kisser falou sobre uma possível parceria com a cantora Anitta, a qual foi elogiada pela banda por sua vitória recente no VMA, e sinalizou interesse em uma futura parceria:
Por que não? Sepultura está sempre aberta a possibilidades, a gente não tem medo e não se assusta com nada. Tudo é arte, tudo é música. Desde uma orquestra até o som que a Anitta faz… Tudo é possível.
Novamente, a revolta: o Tweet que fizemos para divulgar a matéria recebeu comentários já conhecidos, como “Sepultura acabou no Roots” e acusações de que a banda estaria “se vendendo”, e até algumas teorias da conspiração, chamando o grupo de “Sepultaria” e dizendo que a suposta parceria — que ainda não está nem confirmada — teria sido “paga pela empresa de Anitta” para popularizá-la.
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A boa notícia do retorno do Rock aos grandes palcos
Sepultura diz estar "orgulhoso" de Anitta e topa parceria: "tudo é música" > https://t.co/TABYFLGynA pic.twitter.com/TLadi3tzLr
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) September 5, 2022
A boa notícia de tudo isso, até mesmo para os roqueiros mais conservadores, é que a volta do Rock aos grandes palcos é um assunto que está na boca do povo. Felizmente, aliás, os comentários de apoio são muito mais numerosos do que as críticas.
Além dos que citamos acima ao falar de Luísa Sonza, Demi foi outra que gerou diversas respostas em tom de surpresa pela potência de seu show. São vários relatos de pessoas que sequer conheciam o trabalho da cantora e acabaram vendo a apresentação por acaso, sendo totalmente conquistadas pelo poder das guitarras e do som que ela trouxe ao festival carioca.
No fim das contas, o Rock in Rio é (ou deveria ser) sobre isso: unir mundos diferentes sob um ideal comum, promover um debate engrandecedor e dar vida ao Rock, que está voltando à moda com uma nova cara, um novo som e uma nova atitude — quer o conservador goste disso ou não.