Hoje, George Michael é reconhecido por ter sido um ícone gay, autor de hinos sobre a homossexualidade e um dos maiores defensores dos direitos LGBTQIA+, especialmente durante o devastador auge da AIDS.
Mas do início dos anos 80, quando integrou o Wham!, até o início da década de 90, quando lançou os discos mais confessionais da carreira solo, o artista britânico era considerado um “sex symbol” heterossexual.
O escritor James Gavin, autor da biografia George Michael: A Life, disse certa vez que o cantor “passou a primeira metade da vida criando um personagem de’ deus hipermasculino’ do sexo, e a segunda metade destruindo esse personagem”.
Neste artigo, vamos entender como um estilista brasileiro, a perseguição da mídia e uma polêmica prisão por “ato libidinoso” impulsionaram George Michael a lutar para ser quem ele realmente era.
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O hit “Freedom” e a paixão por um brasileiro
O primeiro sinal, ainda nas entrelinhas, foi dado com a música “Freedom”, do álbum Listen Without Prejudice Vol. 1 (1990), em que ele já falava sobre libertar o que há dentro de si, e encontrou muita ressonância na comunidade gay.
No ano seguinte, quando veio ao Brasil para tocar no Rock in Rio de 1991, George Michael se apaixonou pelo estilista brasileiro Anselmo Feleppa, que morreria dois anos depois, vítima do HIV. Daí em diante, o cantor nunca mais foi o mesmo.
Em Older, álbum de 1996 considerado o auge da maturidade musical e pessoal do artista, ele abriu o coração sobre a dor que sentia e o amor que tinha originado aquele sofrimento. Várias músicas foram dedicadas a Anselmo e Michael chegou a dizer que, com as letras do disco, estava “saindo do armário” para seus fãs.
Mas foi apenas em 1998 que o artista falou publicamente sobre o assunto, e por causa de um caso policial.
LEIA TAMBÉM: George Michael: clipes do clássico “Older” são relançados em 4K no YouTube
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“Ato libidinoso” no banheiro e entrevistas na TV
George Michael tinha 34 anos quando foi detido pela polícia por estar com outro homem em um banheiro público. Pela acusação de “ato libidinoso”, ele teve que se declarar culpado, pagar fiança e prestar serviços comunitários.
Cansado da pressão que sofria da mídia, lutando contra o abuso de drogas e problemas de saúde mental, o cantor decidiu dar uma entrevista reveladora à CNN americana.
Ele afirmou que só descobriu sua sexualidade aos 27 anos, quando se relacionou com um homem pela primeira vez, mas que já sofria preconceito antes disso:
Passei a primeira metade da minha carreira enfrentado acusações de ser gay, num momento em que eu nunca havia tido nada parecido com uma relação homossexual. Foram muitos anos ouvindo como a minha sexualidade deveria ser. Isso me deixava muito confuso.
No programa de Oprah Winfrey, George falou sobre como sua mudança de visual na época de Older também era uma forma de demonstrar sua intimidade, mas apenas para os fãs:
A minha imagem mudou na Europa quando minha aparência se tornou diferente. Eu comecei a usar o cabelo muito curto, era um visual meio gay de certa forma. Eu acho que estava tentando dizer às pessoas que eu estava confortável em ser gay. Mas eu realmente não queria compartilhar com os jornalistas.
Depois da polêmica prisão e das entrevistas em que pôde dar a sua versão da história, Michael lançou o single “Outside”, que é uma verdadeira celebração à comunidade gay, sem nada nas entrelinhas. No clipe, ele aparece vestido de policial e rodeado de outros homens da mesma forma.
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Older foi relançado em versão estendida
Disco que significou a transição entre as mensagens escondidas de “Freedom” e o recado claro de “Outside”, Older acaba de ganhar uma nova versão expandida, que inclui o disco original com remasterização a partir das fitas originais.
George Michael dedicou três anos ao processo de composição e gravação desse álbum, o que permitiu que ele explorasse sonoridades do R&B, Jazz Fusion e Soul, ultrapassando barreiras e quebrando recordes.
