John Frusciante é um verdadeiro ícone do Rock. Disso não há nenhuma dúvida, e seu trabalho com o Red Hot Chili Peppers — bem como com outros projetos, como suas empreitadas com o The Mars Volta, por exemplo — deixa isso bem claro.
Mas quem acompanha o guitarrista mais de perto sabe que sua paixão pela música eletrônica também é bastante notável. Em entrevista recente para a Mixmag, revista especializada no gênero, Frusciante revelou inclusive que o Rock não é o seu tipo preferido de música.
De acordo com ele, esse posto é reservado ao Jungle, um estilo de música eletrônica que surgiu nos anos 90 a partir da cena rave do Reino Unido. Aliás, se você estiver curioso, o próprio John dá dicas de artistas que admira bastante nessa cena:
Jungle é o meu tipo preferido de música em todos os tempos, e os DJs que eu amo são o Dev/Null e o Tim Reaper. Ambos são fodões em mixar o Jungle antigo e novo e fazem ótimas faixas também.
No papo, ele também lista Autechre, DJ Funk, DJ Assault, DJ Deeon e DJ Rashad como exemplos, e ainda elogiou os trabalhos de DJs com pegadas diferentes, como Baseck e Luke Vibert, além de ter citado o Kraftwerk como a principal influência para que ele desenvolvesse uma paixão pelo eletrônico.
John Frusciante e a música eletrônica
Casado com a DJ Marcia Pinna (que assina pelo nome Aura-T09), John Frusciante já tem diversos trabalhos na música eletrônica, em especial sob o pseudônimo Trickfinger. Na mesma entrevista, ele revelou que tudo que faz nesse sentido é puramente por amor:
Eu não ganho muito dinheiro com a minha música eletrônica. Eu provavelmente gasto mais com equipamentos do que eu já ganhei, mas eu não fiz nada além de música eletrônica por cerca de 12 anos antes de me juntar novamente à banda [em 2019].
A banda, claro, é o Red Hot Chili Peppers, com quem Frusciante já lançou dois discos em 2022. Mostrando que ainda conhece muito bem a guitarra, o cara é um grande destaque dos trabalhos e segue tendo uma sintonia perfeita com seus colegas de banda, como ficou bem claro no recém-chegado Return of the Dream Canteen, cuja resenha você confere por aqui.
Mas, voltando à música eletrônica, John mergulhou um pouco mais em detalhes sobre o momento em que descobriu essa paixão. Curiosamente, ela tem origens no Rock e o guitarrista até fez um paralelo entre os dois gêneros:
Quando eu era bem pequeno, eu achei um disco do Emerson, Lake & Palmer na coleção dos meus pais. Começa com um monte de barulhos estranhos de sintetizadores e eu não sabia o que diabos estava acontecendo! Foi muito empolgante pra mim. Mas o Synthpop: pra mim, isso realmente começa com o Kraftwerk. É uma sensação de melodia diferente do Pop normal, é algo mais mecânico de certa forma.
Tem muita alma, e é simplesmente diferente da alma que você encontra na música Pop dos anos 60 ou do início dos anos 70. Era um caminho totalmente novo. Eu acho que as pessoas têm seguido a moda, mas a maior parte da música eletrônica ainda tem raízes no Kraftwerk de diversas formas. Mas ao mesmo tempo, também tem suas raízes nos riffs de Jimi Hendrix — o Jimi estava brincando com o processamento de sinal e criando todo tipo de movimentação com a música que as pessoas não faziam antes.
Fascinante, não é? Você pode conferir o papo de John com a Mixmag na íntegra clicando aqui.