Há pouco, Taylor Swift lançou seu aguardado novo disco Midnights. O álbum chega depois de muita antecipação, e traz até mesmo um super feat com Lana Del Rey.
E, enquanto ouvimos Midnights, que tal entender como Taylor chegou a esse ponto da carreira? Primeiro, precisamos voltar lá para 2014, quando começou a parceria da cantora com Jack Antonoff.
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Parceria de sucesso com Jack Antonoff
Se você acompanha artistas Pop, provavelmente já ouviu falar de Jack Antonoff. O produtor é possivelmente o mais famoso do ramo atualmente, justamente por trazer influências de Indie Rock em seus trabalhos e criar obras que já vão ganhando status de atemporais, como Melodrama, de Lorde, e Norman Fucking Rockwell!, de Lana Del Rey.
No entanto, o alcance de Jack só se tornou tão grande por conta de seu papel em 1989, álbum lançado por Swift em 2014. Lá, o músico que também tem no currículo projetos como Fun. e Bleachers assinou as faixas “Out of the Woods” e “I Wish You Would”, além de “You Are in Love” na versão deluxe do trabalho.
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Depois, com a chegada de Reputation em 2017, onde ele assinou o hit “Look What You Made Me Do” entre outros sucessos como “Call It What You Want” e “New Year’s Day”, a parceria foi se estendendo e chegou a outras artistas do mesmo gênero. De repente, Antonoff tinha se tornado um dos produtores mais requisitados do mundo, e deve isso em grande parte a Taylor Swift.
Novas direções com a chegada de Aaron Dessner
No entanto, Lover (2019) não teve a mesma aclamação de trabalhos anteriores e ficou bem claro que tanto Taylor quanto Jack precisavam de algo diferente. A resposta voltou a aparecer no Indie Rock, com um dos maiores nomes do planeta no ramo: Aaron Dessner, integrante do The National.
A parceria não poderia ter dado mais certo. Unir a pegada já conhecida de qualquer fã do National (ou de Dessner) com a voz única de Taylor e um toque de mestre de Antonoff foi uma jogada genial, e não à toa o resultado disso, folklore, chegou a ganhar o Grammy de Álbum do Ano, prêmio mais disputado da indústria musical.
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Um dos segredos disso está no fato de que, apesar de ter uma carreira consagrada e aclamada, Dessner sempre esteve “confinado” aos fãs da cena Indie que consumiam as músicas do The National. Não que isso o tenha impedido de trabalhar com grandes nomes, já que assinou trabalhos de Sharon Van Etten, Local Natives e até Michael Stipe (R.E.M.) antes de Taylor, mas a cantora americana o elevou a um novo patamar.
Ele mesmo conta isso ao citar que foi procurado por nomes como Ed Sheeran, girl in red, Maya Hawke e King Princess, por exemplo, após trabalhar com Swift, que foi quem sugeriu sua colaboração inicialmente depois de encontrá-lo pela primeira vez em 2014 e, em 2019, descobrir que boa parte das composições de Aaron com seu irmão gêmeo Bryce eram instrumentais antes de Matt Berninger, vocalisa do The National, completá-las.
Dessner ainda revelou que recebeu a primeira música pronta algumas horas depois de mandar uma ideia para Taylor, e se mostrou grato pela oportunidade de ter trabalhado com ela:
Depois da Taylor, foi um pouco louco quantas pessoas me procuraram. E poder conhecer e escrever músicas com pessoas às quais você não teria tido acesso… eu sou tão grato por isso.
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folklore, evermore e o Indie Rock
No total, Dessner assina nove das 16 músicas que compõem folkore, incluindo sucessos como “cardigan” e “the last great american dynasty”. Um dos outros destaques do trabalho, entretanto, traz outra influência Indie: o incrível Justin Vernon.
Mais conhecido por seu trabalho com o Bon Iver, o cara é parceiro de Aaron Dessner na banda Big Red Machine e foi abordado para colaborar em “exile”, faixa na qual curiosamente o integrante do National participa apenas como produtor. Isso porque o próprio Vernon assina a composição ao lado de Swift, e é notável o quanto a canção soa como algo que o Bon Iver lançaria.
Novamente, um fator muito importante diferencia as duas coisas: a voz de Taylor Swift, tanto no sentido literal quanto figurativo. No primeiro, é capaz de dar um tom mais Pop e, combinada com os vocais de Justin, cria um dos duetos mais belos dos tempos modernos. No segundo, aumenta exponencialmente o alcance de mais um artista que, desde suas colaborações com Kanye West, também se via confinado a um nicho menor.
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Não à toa, a receita de sucesso foi repetida na faixa-título de evermore, que chegou cerca de seis meses depois com mais 15 faixas, incluindo até mesmo um feat do The National como um todo em “coney island” e uma parceria com as incríveis Haim em “no body, no crime”.
Os dois álbuns estão certamente entre os mais curiosos dos últimos tempos, já que boa parte das músicas soa como se tivesse saído diretamente de um disco do The National. No entanto, ao invés da voz grave e ríspida de Matt Berninger, temos Taylor Swift que entrega uma sensibilidade e suavidade que contrasta muito bem com o instrumental.
Para além dos maiores sucessos de cada disco, vale muito a pena destacar faixas como “peace” e “seven”, que acabaram não tendo os mesmos números de hits mas apresentam algumas das sonoridades mais únicas tanto da carreira de Swift como dos mestres do Indie com quem ela vem trabalhando.
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Midnights e um retorno às origens sem perder a nova essência
Agora, com Midnights entre nós, temos um álbum conceitual que, nas palavras da própria Taylor, é uma “jornada por terrores do sono e bons sonhos” e representa “13 noites insones” de sua vida.
O mais emblemático da obra, entretanto, é um retorno total de Jack Antonoff na produção — o que não significa necessariamente que ela esteja abandonando completamente a direção dos últimos anos, já que Jack também marcou presença nos discos anteriores, ainda que com um papel menor.
Além de créditos de composição para Zoë Kravitz em “Lavender Haze”, música de abertura da obra, o que podemos perceber em Midnights é que a gigante do Pop não desaprendeu a fazer hits e parece ter absorvido de vez as influências dos últimos anos, ainda que elas não estejam tão explícitas.
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Agora, o trabalho de Dessner e de outros nomes como Justin Vernon aparece através da pegada mais sombria e mais misteriosa que envolve o novo álbum, algo que definitivamente se relaciona bem com a melancolia amarga que permeou os antecessores.
Por mais que Midnights soe totalmente diferente, é fato que Taylor Swift só conseguiu voltar à forma por toda a jornada que passou para chegar aqui. E, por isso, devemos bastante a esse grande time que a acompanhou em aventuras ousadas!