Praticamente todo mundo já viu pelo menos a capa do disco Songs of Innocence, lançado pelo U2 em 2014 de um jeito no mínimo curioso. Estamos falando daquela famosa iniciativa que colocou o álbum gratuitamente na conta de todos, literalmente todos, os usuários de iTunes do planeta.
A ideia acabou se tornando uma das mais infames de todos os tempos, já que o U2 está entre as bandas mais odiadas do mundo e é sem dúvidas um daqueles grupos que divide opiniões. Para os fãs, talvez tenha sido um baita presente; para quem não curtia os caras, uma desagradável surpresa no melhor dos casos e uma invasão de privacidade no pior.
Hoje, 8 anos depois, até o próprio Bono reconhece que a ideia não foi das melhores e falou sobre isso em seu novo livro, Surrender: 40 músicas, uma história.
Bono pede desculpas por distribuição gratuita de álbum do U2
Em um trecho da obra que foi publicado no Stereogum, o vocalista conta como foi o processo de convencimento de Tim Cook, chefe da Apple, que parecia pouco atraído pela ideia. Eventualmente, o executivo aceitou a proposta e o álbum foi incluído gratuitamente em todas as contas do iTunes como parte do lançamento de uma nova era da plataforma.
Mas, olhando pra trás, Bono garante que entende por que as pessoas ficaram tão chateadas:
Se a ideia era simplesmente levar nossa música para as pessoas que gostam da nossa música, era uma boa ideia. Mas se a ideia era levar a nossa música para pessoas que talvez não tinham nenhum interesse remoto na nossa música, talvez haveria alguma resistência. Mas o que era o pior que poderia acontecer? Seria como se fosse e-mail de spam. Não seria? Tipo levar a nossa garrafa de leite e deixá-lo na porta de toda casa da vizinhança.
Não. Foi. Assim.
No dia 9 de Setembro de 2014, nós não apenas colocamos nossa garrafa de leite na porta, mas dentro da geladeira de todas as casas da cidade. Em alguns casos, nós o jogamos dentro do sucrilhos dos bons cidadãos. E algumas pessoas preferem escolher o próprio leite. E outros são intolerantes à lactose.
Primeiramente eu pensei que era apenas uma chatice da internet, mas rapidamente percebi que tínhamos esbarrado em uma discussão séria sobre big tech.
A responsabilidade é totalmente minha. Nada do Guy O, nada do Edge, nada do Adam, nada do Larry, nada do Tim Cook, nada do Eddy Cue. Eu pensei que se nós pudéssemos apenas colocar nossas músicas dentro do alcance das pessoas, elas poderiam escolher ouvi-las. Não foi bem assim. Conforme disse um espertinho das redes sociais, ‘Acordei nessa manhã e encontrei o Bono na minha cozinha, bebendo meu café, vestindo meu roupão, lendo meu jornal’. Ou, de forma menos gentil, ‘O disco grátis do U2 está muito caro’. Mea culpa.
Tudo superado, Bono!