Entrevistas

Gustavo Bertoni (Scalene) lança emocionante trilha para filme e fala ao TMDQA! sobre nova fase com piano e letra em português

Pouco após o início do hiato do Scalene, o vocalista Gustavo Bertoni volta à carreira solo com um lançamento especial que integra trilha sonora de filme.

Gustavo Bertoni
Foto por Luísa Dalé

Texto por Felipe Ernani e entrevista por Tony Aiex

Não faz muito tempo que o Scalene anunciou seu hiato, mas o vocalista e guitarrista Gustavo Bertoni já está de volta com um novo capítulo de seu projeto solo, “Logo Logo”.

A faixa chegou às plataformas neste dia 27 de Outubro, acompanhada de um clipe protagonizado pelo ator Henrique Zaga, seu amigo de infância e um dos grandes responsáveis pela existência da canção. Isso porque a música surgiu para ser parte da trilha sonora de Depois do Universo, filme da Netflix estrelado por Henrique.

Em entrevista ao TMDQA!, Gustavo fala sobre a série de coincidências que levou à parceria, que inova por trazer o piano em evidência e letra em português, uma novidade na carreira solo de Bertoni:

O diretor do filme, Diego Freitas, curte meu som faz um tempo. Quando ele estava em vias de contratar o Henrique pra ser o protagonista, perguntou se ele me conhecia, por sermos ambos de Brasília. O Henrique achou que era piada — não somente nos conhecemos há 20 anos, mas somos os únicos dois artistas do nosso grupo de amigos de infância. A sinergia do projeto começou aí. Compus a canção já com os temas e a estética do filme em mente. Um enredo bonito e bem dramático, que envolve tempo, doença, luto, destino. Quero fazer mais coisas em português na carreira solo no futuro, então já encarei como um exercício. Fazia mais sentido pro filme.

Com arranjo de cordas e sintetizadores do produtor Lucas Mayer, “Logo Logo” vai agradar certamente tanto aos fãs do Scalene quanto aos que só conhecem a carreira solo de Gustavo, até mesmo por um processo criativo que teve como ponto de partida a transição de sua própria adolescência para a vida adulta.

Gustavo Bertoni e “Logo Logo”

Com um tom melancólico e ao mesmo tempo expansivo e reflexivo, “Logo Logo” tem grande mérito ao conseguir fazer simultaneamente uma autorreferência aos trabalhos de Gustavo, sonoramente falando, e também incluir novos elementos que se encaixam perfeitamente e soam como uma evolução natural dessa sonoridade, que flerta bastante com o Pop.

O próprio artista reflete sobre essa proposta ao citar o “arranjo lindo e inusitado” que resultou da parceria com Lucas Mayer:

Gravei a voz e o piano e mandei pro Lucas Mayer produzir. Confio nele 100% e mais uma vez ele entregou um arranjo lindo e inusitado. A canção é bem pop, quase demais pra mim [risos]. O que me fez gostar dela é o quão bem ela serve o enredo do filme. E conseguimos produzi-la de forma que ficasse única e chique.

No papo com o portal, o artista ainda explicou sua inspiração na melancolia que foi exibida como parte do documentário Billie Eilish: The World Is a Little Blurry (2021) e deu detalhes também de seus planos futuros, que incluem um novo disco solo e a produção de outros artistas.

Abaixo, você pode conferir essa entrevista na íntegra, além do clipe de “Logo Logo” estrelado por Henrique Zaga e Karla Bacigalupo, com direção de Luísa Dalé.

Depois do Universo está disponível na Netflix e também conta com outras duas músicas de Gustavo, “Be Here Now” e “Patience”, lançadas nos discos Where Lights Pour In (2018) e The Fine Line Between Loneliness and Solitude (2020).

Continua após o vídeo

TMDQA! Entrevista Gustavo Bertoni

TMDQA!: A tua carreira solo é conhecida pelas canções em Inglês, e aqui você expõe diversos traços da sua própria vida e amadurecimento em português, pra todo mundo entender. Como surgiu a ideia da canção e como foi o seu processo de composição?

Gustavo Bertoni: O diretor do filme, Diego Freitas, curte meu som faz um tempo. Quando ele estava em vias de contratar o Henrique pra ser o protagonista, perguntou se ele me conhecia, por sermos ambos de Brasília. O Henrique achou que era piada – não somente nos conhecemos há 20 anos, mas somos os únicos dois artistas do nosso grupo de amigos de infância. A sinergia do projeto começou aí. Compus a canção já com os temas e a estética do filme em mente. Um enredo bonito e bem dramático, que envolve tempo, doença, luto, destino. Quero fazer mais coisas em português na carreira solo no futuro, então já encarei como um exercício. Fazia mais sentido pro filme.

TMDQA!: Entre diversas influências está o documentário “The World Is A Little Blurry”, sobre Billie Eilish. Como foi que o filme te inspirou? Que outras obras serviram como inspiração para a nova canção?

Gustavo: Em um dia pandêmico, assisti o doc da Billie. Acho que o que deu o clique foi ver como ela lidava com sua depressão em uma idade tão baixa. A protagonista do filme tem lúpus e ela já lida com questões um tanto desafiadoras e pesadas desde cedo. Há uma tristeza em ver uma pessoa jovem já “perdendo” certas inocências e certas esperanças tão cedo. Mas há também grande força nisso. Acho que entrar em contato com esses sentimentos me fez acessar meu fim de adolescência e início da fase adulta quando lidei com sentimentos parecidos. Tenho uma condição cardíaca que me impediu de seguir o sonho de ser jogador de basquete, assim como a protagonista do filme tem que lutar contra sua doença pra perseguir o sonho de ser pianista da OSESP. Eu havia acabado de comprar um piano Kawai antigo, onde boa parte das minhas composições mais recentes têm surgido. Ao sentar nele, a canção se apresentou toda bem rapidamente. Depois fui refinando a letra conforme o roteiro era finalizado.

TMDQA!: Outra conexão afetiva e bastante pessoal entre você e a canção é o fato de que o clipe oficial conta com um grande amigo de infância, o ator Henrique Zaga. Quando você pensou em convidá-lo para o registro? Essa foi mais uma forma de deixar claro que o som é confessional e autobiográfico?

Gustavo: Não sei até que ponto o som é tão autobiográfico assim. Acho que em geral minhas letras são bem mais pessoais que essa. Realmente busquei escrever pro casal do filme. Mas é inevitável que haja parcelas nossas em tudo que produzimos. E na verdade é uma ótima forma de tornar a interpretação sincera. Chamar o Henrique foi uma escolha muito natural por vários motivos. Ele está no filme e eu estaria em Los Angeles (onde ele mora) gravando meu disco novo na época que eu precisava produzir esse vídeo. Mas o mais importante e gratificante foi poder trabalhar com um grande amigo meu. Vê-lo interagir e enriquecer a canção. Vê-lo evoluir como ator nos últimos anos me dá muito orgulho. Quem acompanha de perto sabe o sacrifício que foi escolher essa carreira e como ele é dedicado. É só o início de uma grande carreira.

TMDQA!: Ao lado de outras canções já lançadas na sua carreira, “Logo Logo” está na trilha sonora do filme “Depois do Universo”, produção da Netflix. Conta pra gente como foi que tudo se conectou e como ficou o resultado final dessa sincronização entre áudio e vídeo.

Gustavo: Gravei a voz e o piano e mandei pro Lucas Mayer produzir. Confio nele 100% e mais uma vez ele entregou um arranjo lindo e inusitado. A canção é bem pop, quase demais pra mim [risos]. O que me fez gostar dela é o quão bem ela serve o enredo do filme. E conseguimos produzi-la de forma que ficasse única e chique.

TMDQA!: O Scalene está dando um tempo nas suas atividades e agora você surgiu com esse trabalho solo em português. Além disso, tem feito trabalhos de produção, como é possível acompanhar em tua conta do Instagram. Quais são os próximos passos na carreira para Gustavo Bertoni?

Gustavo: To finalizando um disco novo que tá ficando espetacular. Gravado em Los Angeles no estúdio incrível do Mario Caldato, produzido pelo Lucas de novo. Deixei o violão de lado e compus tudo no piano. Foco está nele e em shows intimistas por enquanto. Fechei uns em Portugal mês que vem, animado pra isso. To produzindo uns artistas novos, amando a experiência e aprendendo muito. Depois desse disco quero fazer um em português e desbravar mais o mercado. Penso em fazer um curso online de composição, algo mais interessante do que esses cursos caretas que vejo por aí. Quem sabe? Acho que são ideias suficientes até o Scalene ver se volta ou não.