Por Nathália Pandeló Corrêa
ZAAC pode ter ganhado notoriedade com sucessos como “Desce Pro Play (PA PA PA)” e “Vai Malandra”, mas o cantor paulista vem desde 2016 construindo uma carreira plural.
Entre feats e hits, ele soma dezenas de singles nas plataformas, indo do samba ao rock, sem medo de experimentar. Agora, o artista está se preparando para lançar seu primeiro e aguardado disco, ainda sem título e data de lançamento. Os planos seguem o ritmo lento da retomada pós-pandemia e tentam driblar o 2022 movimentado no Brasil.
Enquanto isso, ZAAC liberou o segundo single do disco, a ousada “Tiro de Boom”.
Ao lado de Jojo Maronttinni, ele traz referências country, rock e trap para uma faixa assinada a muitas mãos. A letra de “Tiro de Boom” foi uma composição de ZAAC e Jojo, mas também conta com Saint, Lukinhas, Thiago Pantaleão, Ruxell, Pablo Bispo, Gondim, Morello e DJ Sydney Sousa. Já o videoclipe da faixa ficou a cargo do diretor Marco Loschiavo. Todas as artes utilizadas no vídeo foram feitas com o auxílio de uma inteligência artificial.
A nova música se junta a “Potência”, o primeiro single, que uniu ZAAC a Leo Santana, outro gigante das plataformas. Sem pressa de dar os próximos passos, o artista conversou com o Tenho Mais Discos Que Amigos! via Zoom sobre o atual momento da carreira e planos futuros para o mercado brasileiro e internacional. Confira abaixo!
Continua após o vídeo
TMDQA! Entrevista ZAAC
TMDQA!: Oi ZAAC! A gente já conhece seu som, seu nome há bastante tempo. Você vem lançando hit atrás de hit, mas só agora tá ganhando forma seu primeiro disco completo. Ainda existe essa cobrança pelo disco no mercado, mas você não teve pressa. Foi uma questão criativa, de tempo, de possibilidades de produção?
ZAAC: Na verdade, em relação à produção, à criação, foi bem rápido. Conseguimos concluir esse álbum, as edições, foram três semanas no máximo, menos de um mês. Depois teve a masterização, mixagem e tudo mais.
Ficamos esperando devido a esse momento que a gente está passando mesmo – Copa do Mundo, pandemia, essas coisas. Estamos tentando encaixar as datas com os artistas que fizemos o feat, como a Jojo, e o Leo [Santana] antes. Foi pra adequar a agenda certinho, foi mais uma questão de data mesmo.
TMDQA!: E Tiro de Boom é mais uma música onde você mistura diferentes gêneros. E surge ali um tom meio blues rock, e no clipe isso extrapola todos os limites, com toda a inspiração country. Você vai do trap ao pagode com a mesma naturalidade. Como é pra você trazer a sua identidade artística para gêneros musicais tão diferentes?
ZAAC: Primeiramente… obrigado por esse elogio. Foi um elogio, né? Dar a minha cara pra parada (risos).
TMDQA!: Foi! (risos)
ZAAC: Mas um dos critérios mais importantes pra mim com relação a criar músicas, a me envolver no som, é se eu tentar me envolver e rolar. Se eu falar “ok, gostei desse experimento”. Gostei da minha voz, de como ela encaixou. Agora se não rolar, já aconteceu, eu falo “mano, não deu, estraguei seu som” (risos).
É mais questão de lançar algo que eu queria ouvir, algo que eu gostaria, que as pessoas falem “ah esse é o seu último lançamento?” e eu responder “é, meu último lançamento” [com orgulho]. E não tipo, “é, meu último lançamento” [com vergonha]. Na música, eu sou bem eclético, gosto de tudo, de A a Z. Amo muito as possibilidades que dá pra fazer envolvendo meu estilo, que é um funk mais pop, mas é funk. Era só funk, né? Comecei pensando que era funk, depois descobri que era um funk meio pop. Eu não tenho muito essas prisões, eu vou surfando, e onde a música me levar, eu vou indo.
TMDQA!: Tá certo. Bom que você vai descobrindo e a gente vai descobrindo junto.
ZAAC: Exatamente!
TMDQA!: No release, o Marco Loschiavo fala da parte visual do clipe, mas eu queria ouvir de você como vocês foram de “ah, vamos usar inteligência artificial” para “ZAAC de calcinha”!
ZAAC: (risos) Na verdade, eu saí procurando o Loschiavo depois que eu vi o clipe da IZA. Falei, “nossa, mano, quem foi que fez?”. Cacei quem foi o diretor, achei que foi o Loschiavo, mandei mensagem pra ele e falei, “que trabalho é esse que você fez!”.
TMDQA!: Mas foi qual clipe da IZA?
ZAAC: Da música com o Falamansa [Cangaceira].
TMDQA!: Sensacional, né?
ZAAC: É uma loucura! Gostei muito, perguntei da possibilidade e deu certo da gente trampar. E essa questão de colocar eu de calcinha (risos), eu falei pra ele, “vai fundo, vai no que você acredita”. Eu procurei pelo que vi dele. Queria ver mais dele, não queria interferir tanto nessa questão. Dei algumas dicas ali, ele ouviu a música, já teve algumas ideias muito loucas.
O Loschiavo é genial, gosto de pessoas que ousam mesmo, acho que a gente tá numa posição que tem que criar coisas… Não podemos ter é limitações, receios. Tem que meter a cara mesmo, vamos fazer. Ele propôs a ideia da máscara. O meu rosto era pra ser uma máscara mais assustadora ainda (risos). O Loschiavo foi fazendo e eu falei “é isso, vamos juntos”.
TMDQA!: Boa. Agora, eu queria encerrar com perguntas que unem essa questão de colaborações. Você dialoga com artistas de vários gêneros. Tiro de Boom é uma faixa que tem 10 compositores e hoje existe toda uma percepção de que composições a muitas mãos perdem identidade. Queria saber como é pra você colaborar com tanta gente e o que cada um traz pra contribuir na sonoridade que você queria.
ZAAC: Na verdade, tem muitos compositores que entraram ali mais na parte de produção. Que foi a parte do Pablo Bispo, no pós, mais do que no início. Outros, que eram o Lukinhas e o Thiago Pantaleão… na hora de criar, a gente dá uma travada. Chega uma determinada frase que você fica, “e agora, vai pra onde?”.
Aí tem o Lucas que dá uma ideia, tem o Thiago que dá outra, e assim a música vai fluindo. Com certeza tem músicas que você faz sozinho, que você consegue colocar sua identidade – lógico, até por ser só você estar fazendo. Ou pelo contrário, tem música que você pode fazer sozinho e ainda assim não colocar uma identidade própria. Você acaba fazendo coisas que acha que as pessoas querem ouvir e não sai nada de verdade.
Então essa limitação não é muito válida, porque depende tanto da música. Uma frase ali que não vai mexer na sua identidade, na verdade vai te abrir pra outros horizontes. Tipo “nossa, eu não pensaria nisso sozinho”. E no final sai bom. É muito relativo. Eu gosto da experiência, as pessoas que eu chamo pra colaborar comigo, de produtor a diretor de clipe, é pra pensar comigo. Não é pra fazer o que eu faria, sabe? Não é só eu de artista. Tem eu, o Loschiavo, o Lukinhas, o Thiago Pantaleão…
Por mais que seja eu o artista que tá lançando a obra, esse também é um trabalho que eles vão divulgar, tipo “olha esse trampo que eu compus, fiz junto”. Se eu busco o Lukinhas, é porque eu quero alguma coisa dele; se busco o Thiago, é porque quero alguma coisa dele. E assim em diante. Essa é a vibe.
TMDQA!: O negócio é somar, né?
ZAAC: É, a soma. Eu acredito muito na soma.
TMDQA!: E só pra encerrar, eu sei que você já lançou duas colaborações aí desse disco. Queria saber o que você tem preparado para os próximos passos, se você já tem um calendário em mente de quando a gente vai poder ouvir.
ZAAC: Sim, sim. Na verdade, as próximas faixas a gente ainda tá finalizando algumas coisas relacionadas a lançamento, datas. Mas uma das coisas que eu quero mais entrar é no mercado internacional. Tô muito louco pra entrar nesse mercado, vou me envolver muito nisso, fazer o que for preciso pra entrar…
TMDQA!: Já começou bem, né?
ZAAC: É! (risos) Eu tenho umas faixas que, sem querer querendo, já estou surfando nesse mercado.
TMDQA!: J Balvin, Tove Lo…
ZAAC: Isso! Quero fazer algo mais centrado. Inclusive, aproveitando que isso é uma entrevista, já vou até falar. Se chegar na Tove Lo, vou deixar o recado: Tove Lo, sei que você vai vir aqui pro Brasil, quero dar uma palhinha contigo, hein? (risos)
TMDQA!: Vamos fazer isso acontecer!
ZAAC: Mas eu acredito muito nesse mercado, acredito que tem que ser explorado, porque as pessoas lá fora já conhecem nossa obra e o melhor de tudo é a gente continuar mostrando e enfatizando nosso trabalho, nossa verdade. Eu tô muito nessa vibe também.
TMDQA!: Tá certo. E ganhar em dólar também não atrapalha em nada, né?
ZAAC: E ainda tem essa consequência ruim, né? (risos)
TMDQA!: Tá certo, ZAAC. Obrigada pelo seu tempo e sucesso aí nas suas próximas empreitadas.
ZAAC: Obrigado!