Depois que as discussões sobre a presença feminina nos festivais brasileiros se tornaram mais fortes nos últimos anos, o Festival Sangue Novo foi um dos eventos recentes a priorizar as mulheres em seu line-up.
Com os ingressos esgotados, a quarta edição do festival tomou conta do Trapiche Barnabé, em Salvador, depois de seu evento passar por um intervalo de dois anos por conta da pandemia.
O público do Sangue Novo foi recebido com três dias intensos de calor, que poderiam facilmente ser confundidos com os clássicos dias de verão da capital baiana. Porém, o tempo não impediu que a maioria das pessoas ficasse coladinha para acompanhar de perto os shows de seus ídolos.
A edição de retorno do festival reuniu, entre os dias 21 e 23 de Outubro, nomes de destaque da nova música brasileira como Marina Sena, Luedji Luna, Letrux, Urias, BK’, MC Tha e também revelações baianas como Melly, Rachel Reis, Vírus Carinhoso e outras atrações.
Abaixo, te contamos mais detalhes de cada dia do festival. Confira!
Primeiro dia do Festival Sangue Novo
Com a abertura dos portões do primeiro dia do festival marcada para às 19h, a cantora Sued Nunes subiu ao palco cerca de 1h depois para apresentar as músicas do seu disco de estreia Travessia (2021) enquanto o público começava a chegar. Fãs da artista estavam na grade admirando sua performance que, através de uma poderosa voz e passos de dança, levou ao Trapiche muito da ancestralidade do Recôncavo Baiano.
Depois do DJ e produtor Telefunksoul agitar a pista no intervalo entre os shows, Rachel Reis, segunda atração da noite, foi recebida com uma salva de palmas da plateia que a deixou emocionada e que fez sua voz falhar no início de “Lovezinho”. Com a ajuda dos fãs, a cantora conseguiu se recompor e brincou dizendo que a emoção era “culpa da TPM”.
A artista baiana, que tinha se apresentado em Salvador pela última vez em Abril, antes de lançar recentemente seu primeiro disco Meu Esquema, apresentou algumas de suas novas faixas e também singles de sucesso como “20h”, “Saudade”, “Desatei” e o hit “Maresia”. Depois de passar os últimos meses tocando em diferentes festivais pelo Brasil, Rachel voltou “para casa”, com mais presença de palco e com o maravilhoso apoio de uma banda completa.
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Para fechar a programação formada apenas por mulheres da primeira noite do festival, Marina Sena subiu ao palco para o seu aguardado show. Aclamadíssima pelo público, a artista mineira deu início à performance com “Seu Olhar” e foi acompanhada por um coro da plateia, que continuou cantando todas as músicas na mesma intensidade durante todo o show.
Na apresentação, que marcou a segunda vez de Marina em Salvador, a cantora passeou pelos principais hits de seu disco De Primeira (2021), fez diversas coreografias ao lado de suas dançarinas e também presenteou os fãs baianos com alguns de seus feats como “Quente e Colorido” em parceria com Illy e também uma incrível versão acústica de “APENAS UM NENÉM”, sua música com Gloria Groove.
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Sábado: do show intimista de Melly ao espetáculo de Letrux
No sábado (22), podemos dizer que o palco do Festival Sangue Novo recebeu uma interessante mistura de ritmos que contagiou todos que estavam no local.
O show de abertura do segundo dia ficou por conta de Melly, uma das revelações baianas que se tornou um nome frequente nos eventos da cidade ao longo do ano. Com uma sonoridade repleta de elementos do R&B, Soul e algumas músicas que incluem a animada batida do pagode baiano, a cantora, muitas vezes acompanhada por seu violão, foi conquistando o público que começava a chegar com faixas já conhecidas como “Nêga”, “Soul”, “Azul” e outras mais recentes como “Ceder”, sua parceria com Hiran.
Em seguida, foi a vez da Lamparina assumir o palco para sua estreia em Salvador. A banda mineira, que no início do show teve alguns problemas técnicos com o microfone do cantor Cotô Delamarque, fez uma das apresentações mais animadas dos três dias de festival.
O grupo levou o público à loucura ao cantar o hit “Pequim”, música lançada junto com o ÀTTØØXXÁ, e ao emendar num medley com alguns pagodes baianos antigos como “Não Me Chame Não Viu” e outros atuais como “Samba do Polly”. A partir desse momento, ninguém mais ficou parado e o encerramento do show contou com a dobradinha dos sucessos “Não Me Entrego Pros Caretas” e “Pochete”, e ainda teve um mosh incentivado por Cotô, que desceu para a galera e cantou enquanto participava da roda.
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Depois que a plateia continuou metendo dança durante o set da DJ Gabi Da Oxe, a baiana Luedji Luna, terceira atração da noite, subiu ao palco após um pequeno atraso.
Apesar de precisar reduzir seu repertório, a cantora mais uma vez mostrou toda a sua potência ao entregar um belíssimo show que contou com algumas de suas faixas de destaque do seu último disco, Bom Mesmo É Estar Debaixo D’Água (2020), e hits que marcaram a era de Um Corpo no Mundo (2017). Depois de finalizar a apresentação com o sucesso “Banho de Folhas”, Luedji desejou “saúde e justiça” para todos e pediu para que as pessoas “votassem certo” enquanto fazia o L com uma de suas mãos, se referindo ao candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
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E já que o assunto eleições veio à tona, é preciso destacar que a noite de sábado foi encerrada com um show marcado por manifestações políticas. A responsável por isso? Letrux. Para começar, a cantora carioca iniciou sua performance, que aos poucos foi se tornando um verdadeiro espetáculo, usando um macacão de paetê dourado e um brinco com o nome do candidato do PT, Lula.
Enquanto apresentava sucessos de seus discos Letrux em Noite de Climão (2017) e Letrux Aos Prantos (2020), a cantora abusava de suas experiências como atriz para encenar durante algumas músicas. Além disso, ao longo do show, ela foi reforçando seu apoio ao candidato Lula a cada peça de roupa que ia colocando por cima de seu macacão: primeiro um shortinho vermelho com o nome e o rosto do ex-presidente, depois uma blusa com a mesma estampa. O público aproveitou para puxar o conhecido “Olê, olê, olê, olá…”
Ao final da performance de sua última música, o hit “Flerte Revival”, Letrux desceu para cumprimentar os fãs que estavam na grande e assim terminou o segundo dia do evento.
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Domingo: do eletrônico experimental de Urias ao Rap de BK’
O terceiro e último dia do Festival Sangue Novo foi, sem dúvidas, o que mais teve rotatividade de pessoas que estavam na grade. Isso aconteceu devido aos artistas escolhidos para fechar a programação do evento, que acabaram atraindo diferentes públicos para o Trapiche Barnabé — o que pode ser uma coisa muito boa, tratando-se de um festival.
Começando um pouco mais cedo que os dias anteriores, o multi-artista baiano Vírus Carinhoso iniciou sua performance durante o pôr do sol e encontrou uma plateia ainda tímida no que ele descreveu como seu “primeiro evento de grande porte”.
Enquanto apresentava canções do seu álbum de estreia VxRxS (2022), o músico foi recebendo o apoio dos fãs de Urias, que já aguardavam a artista que seria a próxima a se apresentar. Na reta final do show, surpreendendo a todos, a artista que já estava no local surgiu no palco para cantar a música em parceria com Vírus, “Foice Facão e Peixera”, e arrancou gritos dos fãs que a acompanharam com um forte coro.
Depois da DJ Belle entreter o público que aguardava ansiosamente pelo show de Urias, a cantora mineira — que recentemente foi Artista do Mês do TMDQA! — subiu ao palco sendo ovacionada pelos fãs que soltaram a voz do início ao fim da apresentação.
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Além de tocar hits do seu disco FÚRIA, Urias fez performances incríveis de faixas do seu novo EP HER MIND, PT.1, que marca seu primeiro projeto internacional e conta com músicas que vão do eletrônico experimental ao Funk carioca. O show teve momentos mais agitados em que a artista estava acompanhada por suas dançarinas e outros mais intimistas, como quando ela cantou “Tanto Faz” e as lágrimas tomaram conta dela e também de alguns fãs.
Antes de BK’, um dos principais nomes do Rap nacional, começar seu esperado show, houve a primeira troca de pessoas na grade, como citamos anteriormente. Boa parte do público que estava acompanhando Urias de pertinho cedeu espaço para os fãs do rapper carioca, que formaram um poderoso coro durante o show do músico, repleto de faixas de sucesso como “Bloco 7”, “Planos”, “Universo” e “Titãs”, além de alguns singles do seu EP Cidade do Pecado (2021).
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Encerrando a programação da quarta edição do Festival Sangue Novo, foi a vez da cantora e compositora paulistana MC Tha assumir o palco. A artista, que se apresentou pela primeira vez em Salvador, descreveu o show como um “sonho realizado” e deu início à sua performance com “Oceano”, faixa que reflete sobre a solidão da mulher negra e que integra seu álbum de estreia Rito de Passá (2019).
Além de revisitar músicas do seu primeiro disco, a cantora aproveitou o show para trazer algumas canções do seu último EP, Meu Santo É Forte, em que ela faz releituras de músicas com elementos musicais ligados à Umbanda lançadas por Alcione. Divulgando o trabalho, a artista usou um vestido branco com um colete preto, que lembrava um colete à prova de balas, em que a tarja de identificação foi estampada com o nome “Santo Forte”.
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Um dos momentos mais marcantes de sua apresentação e também do festival foi durante a performance de “Abram os caminhos”, quando MC Tha pediu para que o público abrisse um extenso corredor. Após o público atender o pedido, a cantora desceu do palco, pulou a grade com a ajuda de alguns fãs e seguranças e deu continuidade ao show enquanto caminhava próxima ao público. Alguns minutos depois, Tha voltou para o palco para seguir com a apresentação que finalizou o evento de uma maneira super especial.
Depois de um retorno de sucesso, o Festival Sangue Novo já anunciou que sua próxima edição acontecerá nos dias 27 e 28 de Outubro de 2023 e revelou que tem planos de expansão para Fortaleza. Vamos ficar atentos!
