O Journey não deixa de acreditar e isso não é um mero trocadilho com o mega hit “Don’t Stop Believin'”. A icônica banda faz questão de deixar isso claro em Freedom, seu novo disco, o primeiro em mais de uma década, onde curam feridas do passado, consolidam uma nova formação e deixam claro que ainda tem muita lenha pra queimar.
Após chamar a atenção — como vários artistas de sua geração — em Stranger Things, a banda tem conquistado todo um novo público e conversamos com Neal Schon de um modo extremamente sincero sobre esse legado.
Confira abaixo!
TMDQA! Entrevista Neal Schon (Journey)
TMDQA!: Olá, Neal! Em primeiro lugar, parabéns pelo novo disco! Se passaram 11 longos anos, então como você descreveria a sensação de finalmente lançar novas músicas? Obviamente, digo isso como um elogio: não é como se o Journey precisasse lançar um novo disco para permanecer relevante em 2022. Por que fazer isso e por que agora?
Neal Schon: É uma sensação ótima, sabe, parece que estou avançando. Que esta é a direção certa, e não estou parado em ponto morto. Quero dizer, sabe, nós temos tantas ótimas músicas e poderíamos continuar em turnê e continuar só relançando coisas. Mas, para mim, realmente preciso sentir que estou criando.
TMDQA!: Esse longo processo foi mais trabalhoso do que o normal? Como você conseguiu encontrar prazer nisso quando havia tanta coisa acontecendo e uma espera tão longa?
Neal: Tínhamos todas as questões jurídicas acontecendo com os ex-membros. Isso era uma coisa para se superar e que foi muito doloroso. Mas a experiência musical nunca é dolorosa. Ok, foi uma experiência diferente por causa da COVID e do lockdown, e não podíamos estar todos na mesma sala ao mesmo tempo e não podíamos criar juntos. Mas curiosamente, lidar com overdubs de guitarra e bateria me fez voltar ao clima do início da minha carreira.
Sempre existiram mudanças na banda, mas eu nunca perdi a esperança na nossa música, a confiança na nossa música. Eu sou o único membro original remanescente e ano que vem completamos 50 anos. São décadas de estrada e sinto que estamos na melhor forma desde os anos 80.
TMDQA!: Nesse sentido, temos uma música como “Don’t Give Up On Us” que tem todos os aspectos de um grande sucesso do Journey. Como você acha que a banda é capaz de criar algo assim depois de tanto tempo, com todas as mudanças de formação e depois de passar tanto tempo longe do estúdio?
Neal: Eu vou te contar como essa música surgiu. A gente não tinha quase nada escrito para o álbum quando começamos a pré-produção, quase tudo foi criado na hora. E essa em especial veio de uma vez só. Todos os acordes, nuances, melodias. Eu gravei uma demo cantando e eu mesmo gravei umas baterias para testar. Essa sensação que você sentiu é porque eu acho que eu fiz de um modo muito livre, buscando os sons que estavam dentro de mim.
TMDQA!: Houve um grande renascimento dos anos 70/80 nos últimos anos, e vocês estavam lá e estão aqui agora. O que você acha desse ressurgimento? Quão divertido é ver crianças nos shows do Journey?
Neal: Ah, esse tipo de coisa renova. Faz parecer que o futuro é brilhante, sabe?
TMDQA!: Obviamente, grande parte desse renascimento é atribuído a outras formas de mídia, como Stranger Things. Quão legal foi ter sua música apresentada lá e ver “Separate Ways” de volta às paradas depois de tanto tempo?
Neal: É incrível. Mas sinto que tanto a nossa, modéstia a parte, quanto outras músicas, foram grandes sucessos mas de uma certa época. E honestamente, posso dizer que neste momento eu realmente sinto que se não estivéssemos tocando ao vivo nas últimas décadas e promovendo a nossa obra, acho que teríamos sido esquecidos. Portanto, sem esses fãs novos não estaríamos aqui ainda.
TMDQA!: Eu sinto que realmente tenho que falar um pouco sobre “Don’t Stop Believin’”, já que essa é uma música tão importante não apenas para a sua história, mas para toda a música. Como é poder tocar um hit tão grande toda vez que você sobe no palco e vê a energia que o público devolve ao ouvir? Você diria que é algo viciante, algo que não pode ser replicado de outra forma?
Neal: Essa música meio que virou um hino mundial, muito além da gente. É incrível como essa música evoluiu e como ela sempre foi uma ótima porta de entrada para pessoas conhecerem nossas músicas. Ela virou o trampolim para os fãs mergulharem mais fundo. E a gente sente isso, tanto que, quando tocamos, não separamos a abertura ou o fechamento, como se fosse o grande momento da noite — ela vem ali no meio, como aquela injeção de ânimo.