Por Giovanna Buzzi
Era uma quarta-feira com um tempo um pouco duvidoso em Paris. Um pouco nublado, um pouco de sol; como diria vovó, uma preparação para o casamento da viúva. Precisava ir para Cergy, onde era o ponto de encontro, e para mim o trajeto demorou 1h30 de transporte.
Chegando lá eu comecei a correr, pois pensava que estava atrasada! Depois de muitos degraus de escada, finalmente chego em uma aglomeração “conhecida”. Descobri então que (felizmente) não estava atrasada e que todas aquelas pessoas na porta da famosa ponte estavam também esperando por uma experiência única.
Depois de uma hora e alguns minutos debaixo de uma chuva chata de outono, nossa fila começou a avançar. Quando entramos no espaço, que estava todo fechado por alambrados, fomos obrigados a deixar nossas bolsas e principalmente nossos celulares.
Coloquei meu celular num saquinho com uma trava especifica, tipo aqueles lacres de roupa nas lojas, o que não me deixava mais abrir nem ter contato com meu aparelho. Foi apenas nesse momento que eu me dei conta que eu estava indo num show do Stromae — uma apresentação secreta, aliás.
A ansiedade começou a coçar a barriga. A produção começou a nos direcionar para o espaço do show, sob a ponte, em um anfiteatro redondinho, que trazia uma organização bem intimista. Banquinhos de madeira acompanhavam a circunferência do anfiteatro e, no centro, um palco um pouco elevado.
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Muitas câmeras e equipamentos de filmagem, gigantes infraestruturas e nós todos, os espectadores, estávamos ao meio de tudo tentando fingir normalidade. Um senhor veio apresentar no palco o que estava acontecendo: um pocket show do Stromae para o canal TV France 1, exclusivo e gerenciado pela Universal Studios. A filmagem iria passar algumas semanas em horário nobre na TV. Por isso, ele continuou nos aquecendo e pedindo pra fazer o máximo de barulho para o Stromae.
Em alguns minutos, vemos 5 pessoas descendo as escadas em direção ao anfiteatro. Eram eles: Stromae e seus quatro músicos e cantores, todos vestidos em uma paleta de cores bebê, com tons de violeta, rosa e azul clarinho. Os artistas se posicionaram no palco e começaram agradecendo a presença de todos e a produção que organizou o evento.
O show começou e uma vibe muito especial foi criada. A situação intimista e o fato de ninguém ter os celulares na mão para tirar fotos/vídeos colaborou para isso, já que a atenção geral estava na banda; todos nós estávamos completamente hipnotizados pela situação e, obviamente, pela música também.
Ao longo do tempo de show as músicas foram ficando mais animadas e conhecidas, e os espectadores que começaram sentados logo estavam em pé dançando com o artista. Sorrisos, olhos brilhando e boas sensações predominavam naquele mini show.
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A chuva acabou e raios de sol nos iluminavam, deixando a tarde muito especial. As músicas tocadas foram clássicos e novos sucessos como “La solassitude”, “Mon amour”, “Santé”, “Fils de joie”, “L’enfer” , “Papaoutai” e, por último, “Alors on Danse“. Em meio a dancinhas propostas pelo vocalista, risos, choros e letras muito impactantes faziam todo mundo refletir. No final, duzentas pessoas pulavam, cantavam e dançavam ao som de “Alors on Danse“, hino em francês tão marcado nas nossas gerações.
Ao fim eles agradeceram, e as crianças que estavam lá saíram correndo para abraçar o Stromae e tirar algumas fotos para recordação. Depois disso, a equipe de artistas rapidamente saiu de cena, nos deixando com um grande vazio — o público percebeu que aquela experiência tinha acabado e, com um ar de gratidão e ao mesmo tempo tristeza por querer mais do show, foram aos poucos saindo e seguindo as suas vidas normais. O fim de uma tarde mágica.
Eu queria agradecer imensamente a equipe do Tenho Mais Discos Que Amigos, e principalmente meu amigo querido de muitas aventuras, Felipe Ernani, por me confiar essa missão e presente tão especial. Um beijo enorme de Paris!