Por Tony Aiex e Felipe Ernani
Nos últimos dias, o Grammy se tornou um assunto bastante comentado no Brasil por conta da indicação de Anitta.
Como te contamos aqui, a brasileira foi nomeada como uma das candidatas ao prêmio de Revelação do Ano e vai levar o país para um dos maiores palcos do planeta, já que a categoria é considerada uma das mais importantes da premiação. Ela irá concorrer com nomes como Måneskin, Latto, Omar Apollo e Wet Leg.
Com esse assunto em alta novamente, vale sempre relembrar uma das histórias mais incríveis da música brasileira: o dia em que o lendário e saudoso João Gilberto desbancou ninguém menos que os Beatles e ainda ganhou o prêmio de Álbum do Ano (!), o mais disputado da cerimônia desde sempre.
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João Gilberto e o Grammy
Responsável pela popularização da bossa nova no mundo todo, João Gilberto teve papel importantíssimo no curso da chamada MPB ao apresentar uma nova forma de cantar e tocar seu violão, influenciando inúmeras gerações que viriam a seguir.
Além disso, João Gilberto se juntou a outros grandes e suas façanhas incluem o disco de estreia, Chega de Saudade (1959), produzido por Tom Jobim e considerado o primeiro lançamento da história da bossa nova.
Seis anos depois, em 1965, João Gilberto entraria para a história ao ganhar o Grammy de Álbum do Ano com Getz/Gilberto, um disco em parceria com o norte-americano Stan Getz.
Várias façanhas vieram com o lançamento conjunto da dupla: foi o primeiro disco de jazz a levar o principal prêmio da noite na história, bem como o primeiro disco de um artista que não fosse dos Estados Unidos.
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Getz/Gilberto (e Tom Jobim)
Getz/Gilberto, o disco, deixou pra trás Cotton Candy, de Al Hirt, Funny Girl, trilha da Broadway, People de Barbra Streisand e a trilha sonora da Pantera Cor-de-rosa, de Henry Mancini.
A ficha técnica do disco conta com os artistas que dão o título ao álbum, mas não para por aí: Tom Jobim compôs a maioria das canções e tocou piano, enquanto Astrud Gilberto também apareceu em “Corcovado”.
A produção ficou com Creed Taylor, que em 1967 fundaria a gravadora CTI Records para lançar diversos artistas de jazz e bossa nova.
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De “Girl From Ipanema” a “Girl From Rio”
Além disso, a premiação daquele ano também teve “The Girl From Ipanema”, com Astrud Gilberto nos vocais, levando o prêmio de “Gravação do Ano” pra casa, desbancando “Downtown” de Petula Clark, “Hello, Dolly!” de Louis Armstrong, “People”, de Barbra Streisand, e simplesmente “I Want To Hold Your Hand” dos Beatles.
Agora, é como se a música brasileira estivesse dando uma volta completa às suas origens, com a chegada da Girl From Rio — como Anitta passou a ser conhecida depois de seu hit que ressignificou a premiada canção de Gilberto — ao mesmo palco tantas décadas depois.
É a prova de que a nossa música, em sua essência, continua fantástica e inovadora, além de muito bem representada mundialmente. Viva João Gilberto e viva Anitta!