Carol Biazin escolheu 2022 para apresentar sua nova era aos fãs que já estão ansiosos para a continuidade do seu próximo projeto no ano que vem.
Enquanto rodava por algumas capitais do país para divulgar seu álbum de estreia, Beijo de Judas, que foi lançado na pandemia, a cantora foi disponibilizando ao longo do ano alguns singles que foram divididos entre os atos I, II e III.
Em um papo com o TMDQA!, Carol definiu a estética de cada um desses atos que acompanham os singles “GAROTA INFERNAL”, “BRINCA COM A…”, INÍCIO DO FIM” e o mais recente “FICA PRO CAFÉ”, que foram lançados junto com clipes, e admitiu que foi liberando as músicas do ato III para o ato I pois gosta de ser do contra.
“Eu gosto de contrariar, eu gosto de estar indo contra a maré, é que algo que é mais forte do que eu, eu acho que faz parte da minha essência”, relatou a artista.
Biazin também compartilhou o que tem planejado para sua estreia no Lollapalooza Brasil do ano que vem e contou como tem sido participar de grandes eventos e perceber que seu trabalho tem chegado para um novo público.
Confira a entrevista completa com Carol Biazin abaixo.
TMDQA! Entrevista Carol Biazin
TMDQA!: Oi Carol, tudo bem? É um prazer estar falando contigo. Na sua última conversa com o TMDQA! você tinha lançado a versão final do seu álbum de estreia, “Beijo de Judas”, e isso foi próximo do retorno dos eventos após o início da pandemia. Ao longo de 2022 você divulgou o disco tocando em várias cidades. Me conta como foi pra você essa troca ao vivo com o público?
Carol: Oi Lara, o prazer é meu. Olha, foi muito maluco assim, porque foi um disco de pandemia que a gente criou e não sabia muito bem quando a gente ia conseguir tocar isso ao vivo, então teve um tempo que falei “cara, eu acho que ‘Beijo de Judas’ vai ser algo que talvez role um show ou outro e a gente vai encerrar esse ciclo, como uma forma mais digital mesmo”. Porque a gente lançou em 2020, ainda no auge da pandemia e a gente passou quase dois anos aí nesse perrengue todo né, de não conseguir fazer show e não conseguir ir pra estrada. Chegou um momento que a gente até se conformou um pouco, a gente chegou a fazer algumas lives com o álbum pra ver como é que era, pra cantar pras pessoas pelo menos ao vivo, uma vez na vida assim. E aí foi quando surgiu em dezembro de 2021, a gente conseguiu voltar a fazer show, aí a gente resolveu fazer esse DVD que foi basicamente nosso primeiro show de “Beijo de Judas” e a gente resolveu registrar isso como um um marco, um final ou talvez uma forma de agradecer todo mundo que ouviu durante a pandemia. Eu acho que foi mais isso, porque foi um momento difícil de você conseguir público, não estava girando, então a gente fez essa gravação só com mulher e tal e a gente conseguiu fazer uma mini tour em algumas capitais do Brasil, que foi uma experiência muito incrível. As pessoas cantavam todas as músicas, entãoeu acho que isso foi muito gratificante de ver. Porque eu sei que tinham músicas mais conhecidas, que eram feats, mas tinham as músicas do lado B do álbum que as pessoas cantavam muito alto e estavam ali por essas músicas também. Então, foi uma grande experiência, meu primeiro álbum e o único álbum. Então quando você tenta entregar uma obra completa que eu tenho prezado muito isso é muito legal ver que as pessoas realmente abraçaram todo o livro, né? Toda história, o filme completo. Então, não só capítulos, então, eu acho que isso é que dá gás pra você criar mais coisas assim, pra fazer projetos maiores e ver as pessoas cantando no show depois de tanto tempo sem cantar, né. Então deu aquela aquecida no coração.
TMDQA!: Agora falando dos seus singles mais recentes, você definiu eles por atos. Queria saber o que eles representam após o lançamento do “BEIJO DE JUDAS”?
Carol: Eles representam com certeza uma nova era assim. Apesar de eu ter trazido essa nova era dividida em três, eu gosto sempre de me dividir em mais de uma pessoa assim, sabe? Eu acho que tem muita coisa que eu gosto de fazer e que eu sinto que eu tenho liberdade em fazer na música, na minha arte e eu acho que um pouco além da história literal que eu estou contando, que acho que as pessoas vão entender um pouquinho mais pra frente tudo isso, tudo isso amarrado, tem essa coisa de várias vertentes que eu gosto de seguir né? Tipo, o primeiro lançamento que a gente fez esse ano foi “Garota Infernal”, que inclusive essa ideia toda de ato nasceu dessa garota infernal porque eu realmente escrevi pra um alto ego que eu senti vontade de escrever, que era quando eu “ah, eu estou bem comigo mesma, estou me sentindo confiante” e aí nasceu a “Garota Infernal e depois disso veio uma sequência de outras músicas pra ela que eu comecei a ver que fazia sentido eu ter esses personagens dentro de mim que acabavam fazendo parte de mim e até me dando mais confiança pra fazer coisas que eu não faria. E a “Garota Infernal” tem essa parada, tem esse jogo de ela se achar muito fodona e não ter medo de nada, de ser muito segura de si mesma.
E em contrapartida a gente vem com outro lançamento que é do ato doi, eu chamo do ato azul, que é o ato de “Início do fim”. A gente trouxe uma música que é voz e piano só, não tem mais nada, a voz não está nem afinada, a gente só deixou o cru do cru pra mostrar um lançamento mais real, mais verdadeiro enquanto “Garota Infernal” é um lançamento extremamente lúdico, que a gente se inspirou muito em “Alice no País das Maravilhas”, só pra você ter ideia, porque é uma coisa que a gente foge muito da realidade, né? Essa coisa do alter ego quando você precisa vestir uma capa, quando você precisa fazer alguma coisa pra fugir de algum lugar, é isso que você coloca. Então a garota infernal apesar dela ser fodona, ela tem uma fragilidade dentro de si. E aí quando eu trago isso pra “Início do Fim”, que é tão real, e eu acho que muita gente se identifica, porque é uma coisa muito palpável essa história toda de rotina, de relacionamento. E aí logo em seguida a gente vem com a Carol mais fofa, que é a Carol extremamente apaixonada, que vive no mundo da lua assim, mas que ela também une esses dois momentos que é essa coisa do lúdico, porque estar apaixonada é um pouco fora da realidade, né? Você fica um pouco além, mas ao mesmo tempo vem pra um lugar real de sentimentos, de verdade, “pô, estou sentindo muito, estar demais, exagerado”. Então, eu acho que esse ato que a gente está falando agora, que é o de “Fico pro café”, que a gente acabou de lançar, tem muito essa brincadeira dos dois mundos, apesar da sonoridade ser totalmente diferente, que é algo que eu amo brincar também, nenhuma música tem a ver uma com a outra mas a história é a mesma. Tá sendo muito divertido vestir tudo isso. Eu já trazia um pouquinho em “Beijo de Judas”, mas eu acho que agora eu estou me permitindo explorar talvez até mais, de colocar mais lançamentos com ritmos diferentes, de gêneros diferentes. E ainda isso tudo virar um grande pop.
TMDQA!: Você escolheu apresentar esses atos do fim para o início, de uma forma inversa. O que te levou a escolher essa estratégia e encerrar essa apresentação com o ato I que foi “FICA PRO CAFÉ”?
Carol: Eu sempre brinquei muito assim, na verdade, a galera brincava comigo e falava que eu era uma artista injustiçada em “Beijo de Judas”, quando eu lancei. Tanto que a música “Beijo de Judas” nasceu muito desses comentários e por um tempo me incomodou muito. Eu falei, “caramba, mas que droga, eu não queria que as pessoas me vissem assim, uma artista injustiçada”. E aí eu comecei a entender que na real eu gosto muito de ser do contra, sabe? Eu gosto de contrariar, eu gosto de estar indo contra a maré, é algo que é mais forte do que eu, eu acho que faz parte da minha essência. E óbvio que tem prós e contras pra mim mas eu acho que muito mais prós, porque eu acho que faz toda a minha personalidade, faz eu ser uma pessoa diferente do resto, mas é essa coisa de ser de traz pra frente vem dessa ideia de ser do contra.
Eu não queria contar só uma história simples, “ah, toma aqui, início, meio e fim”. Por que não ser final, meio e início? E isso porque a história ainda não está completa, né? Eu contei pedaços, fragmentos dessa história, como se fossem fragmentos de cada capítulo. Ainda tem muita coisa pra acontecer, principalmente ano que vem, vai ter mais single, né? A galera vai entender um pouco mais, a gente vai continuar nessa história toda de ato e das cores, mas esse ano foi um ano para eu apresentar essa ideia principal, “olha, eu estou contando uma coisa aqui, presta atenção”, saca? E aí algumas pessoas entenderam, eu vejo as pessoas pegando os easter eggs de clipe e tal. A gente tem largado várias deixas e as pessoas estão juntando essas coisinhas e está sendo muito divertido fazer tudo isso porque ao mesmo tempo que juntam um negócio do tipo “vou fazer um conceito, vou fazer um bagulho”, faz tanto sentido na minha cabeça, sabe? Ser ao contrário e as pessoas tentando decifrar aquilo, eu me sinto uma verdadeira Taylor Swift. Ela faz isso demais em todos os lançamentos dela e eu me inspiro muito nela como artista, como compositora, nos lançamentos, a maneira como ela faz. Eu acho que tem um pouco desse “q” também que eu amo fazer e tô amando fazer.
TMDQA!: Como você citou, cada ato que você lançou tem uma definição diferente. Com qual deles você se identifica mais?
Carol: Lara, é difícil porque é muito louco, porque eu acho que eu tenho fases. E é muito nítido pra mim quando eu estou em cada momento, sabe? Tem época que eu estou muito a própria “Garota Infernal”, e eu estou me sentindo muito bem, e tem época que eu estou extremamente frágil e eu acho que todo mundo tem esses momentos de altos e baixos, mas eu acho que agora eu estou numa fase leve, eu estou vivendo bastante essa coisa mais leve de “Fica pro Café”, eu estou tranquila, eu acho que eu não estou nem tão infernal e nem tão sofrida não. Então eu acho que “Fica pro Café” define bem esse momento de agora, mas eu sou extremamente rendida a “Garota Infernal”. Eu acho ela massa, eu queria vestir mais ela às vezes.
TMDQA!: Nos clipes de cada single você trouxe alguns easter eggs, principalmente no clipe de “FICA PRO CAFÉ”. O que te motiva a incluir isso no seu material e como tem sido a repercussão?
Carol: Na real, além da grande referência que eu realmente usei para esse lançamento que é a Taylor, eu tive essa vontade dos outros lançamentos de conectar e conectar com meu público muito fiel e fazer eles pensarem junto comigo, participarem da história. Tentar desvendar um enigma num filme “tipo, não, mas eu acho que pode ser isso, pode ser aquilo”. Eu acho que tem essa coisa de eu quero instigar neles e realmente eles estão engajados. Eu vi muita gente escrevendo teoria no Twitter principalmente, essas threads e cara são umas threads enormes, com dez tweets e aí você fica chocada porque tem muita gente que acerta, tem coisa que faz muito sentido. Tem coisas que eles inventam e que não foi pensado mas que faz muito sentido e tem coisas que é cem por cento real, só que eu não confirmo nem nego nada né porque a ideia é que quando eu realmente terminar de contar essa história toda as pessoas se reúnam e falem assim: “caramba, eu estava certa. Nossa, eu passei longe, a Carol viajou muito aqui”. Mas eu eu acho que tem essa essa brincadeira e eu acho que cada vez mais eu estou tentando acrescentar essas coisas de easter eggs no meu trabalho e é divertido você esconder um bagulho assim no meio do lançamento que vai vir outra coisa. Uma dica é que geralmente os easter eggs que aparecem são coisas que vão vir e coisas que que se ligam muito. Eu acho que todos os lançamentos, pelo menos desde “Brinca com A…” até “Fica pro Café” eles tem conexões entre eles, dentro dos clipes mesmo. Antes da gente gravar “Fica pro Café” a gente já tinha citado algo em “Brinca com A…”. Então tem muita coisa escondida e tá sendo muito massa as pessoas se matando para descobrir o bagulho. Muita gente já acertou, mas eu fico quieta, eu não posso falar nada. Eu já dei muito spoiler pra galera.
TMDQA!: Já estamos no final do ano e eu queria saber se os fãs ainda vão ser surpreendidos com mais algum lançamento?
Carol: Olha, lançamento de single sim. A gente vai dar uma respirada. A gente fez vários lançamentos seguidos um do outro, né? Desde “Brinco com A…”, “Início do Fim, “Fica pro Café”, foram lançamento bem colados, a gente queria terminar de contar essa pequena história dentro desse ano ainda mas ano que vem a gente tem várias músicas de repertório novo que a gente já está passos à frente, que a gente ficou esse ano inteiro trabalhando nisso pra entregar tudo ano que vem. Ano que vem tem o Lolla, então vai rolar repertório, vai rolar coisa nova no show. Esse ano ainda tem algo que vai sair, mas eu não posso falar, porque é segredo ainda. Não é um single, mas é uma surpresa boa.
TMDQA!: Que massa, já fica o spoiler aí. Sobre o ano que vem, você foi anunciada como atração do Lollapalooza. Vai ser sua estreia no festival. Como foi receber esse convite e queria saber o que você está preparando para esse show?
Carol: Primeiro eu fiquei brava que me esconderam por muito tempo e eu não sabia, mas eu entendi que eles estavam querendo ter certeza, mil por cento que ia dar certo antes de me dar qualquer tipo de esperança. E foi uma coisa que eu nesse ano, quando eu fui ver para o Lolla eu estava vendo o show da Doja Cat, que eu sou muita fã, e eu saí de lá pisando na lama, chovendo e eu lembro que eu olhava pro palco e falava “caralho, ano que vem eu vou estar aqui e eu vou estar no palco, não tem chance”. Eu lembro que eu falei isso com um amigo meu, o Gabriel, o Laddy Nada, e a gente tem uma foto desse momento, ele me mandou depois quando foi confirmado falando “você lembra que você falou que você ia estar no palco” e eu falei mesmo. E foi algo que eu fiquei muito na minha cabeça “eu vou estar, eu vou estar, eu vou estar”, foi meio que uma lei da atração que eu fiquei fazendo, só que óbvio eu não quando confirmou realmente com meu nome, com logo do festival que é um dos maiores festivais do Brasil, você primeiro leva um susto pensando “meu deus, eu vou cantar pra muita gente”, é a primeira coisa passa eu acho na cabeça “fodeu, agora vou ter que bancar isso aqui” e acho que segundo passa um filme mesmo da onde você veio mesmo.
É muito louco, tanto que quando eu fiquei sabendo eu fiquei muito tempo assimilando, eu não consegui chorar de cara eu fiquei “gente, não é possível, a gente veio lá de Campo Mourão, no Paraná, como é que isso está acontecendo agora”. Então é um misto de sensações. Até onde a gente sabe nosso show vai ser na parte da tarde, então é um show que as luzes de palco não vão ser tão favoráveis, então eu estou bolando coisas para que o visual do show fique bem foda pra todo mundo independente do horário que a gente esteja tocando, que fique bonito visualmente. E a minha ideia é contar a história também desses atos dentro do show. Então eu acho que vai ser um show bastante performático em sentido de quase que uma peça de teatro. É um pouco disso que eu estou prospectando, a gente está bolando ainda mapeamento de palco mas está ficando tudo muito lindo, eu tenho certeza que vai ser o melhor show da minha vida. Pelo menos eu vou dar tudo de mim.
TMDQA!: E recentemente você tocou no festival Hopi Pride e vai tocar na CCXP, como tem sido essa experiência pra você de participar de eventos maiores e que de certa forma são espaços para você apresentar seu trabalho para um novo público também.
Carol: É exatamente isso isso que eu penso. Dá esse frio na barriga de você tocar pra uma galera que não te conhece, né? Uma galera que talvez saiba uma música ou outra mas às vezes nem sabe realmente quem você é. Então é uma pressão diferente mas é uma pressão muito boa, eu acho que você acaba se saindo bem depois que você passa por isso, eu acho que você consegue lidar com qualquer outro tipo de circunstância. E o Hope Pride foi meu primeiro festival na real que eu realmente toquei o meu repertório completo, né? Eu toquei praticamente todas as músicas que são minhas, com exceção de uma. Então foi um show autoral, dentro de um festival com muita gente. Era um sonho que eu queria viver e eu acho foi legal ter visto isso até antes do Lolla, de ter sentido isso porque eu acho que o Lolla vai ser um bagulho até maior, muito maior.
Mas foi muito massa saber como a gente consegue entregar, quando eu falo a gente eu falo de mim e da minha banda, que somos em três mulheres. Eu e mais três, e a gente não tem balé no palco, é um show muito musical, é assim que eu gosto que as pessoas enxerguem, assim que eu quero que as pessoas me vejam e entendam que eu sou muito musical, além de cantora e coisa pop. Eu gosto de ter os instrumentos ali no palco e tal. E foi muito massa ver a recepção da galera com esse show, saca? A gente foi o único grupo que levou banda para esse dia do festival então eu acho que foi uma experiência diferente pra quem estava lá também. Eu espero que sim, né? Eu vi muita gente falando bem, então eu acredito que a gente cumpriu a missão nesse dia. Fiquei com o coração na boca do início ao fim. Era um palco enorme eu não estava acostumada e logo depois a gente tocou também na Áudio que foi uma casa que eu sempre quis tocar, a gente fez um um evento do Rolê Fest, que é um mini festival está rolando agora também, que foi com o Vitão e com a Day Limns. E foi um evento muito massa também, a galera cantando todas as músicas e eu acho que o que mais me chocou na real foi saber as pessoas que as pessoas do Hopi Pride que tecnicamente não era tanto meu público sabiam cantar vários músicas, então foi massa ver que eu cheguei pra essa galera, então é muito louco, eu achava que eu ia estar literalmente: “oi, prazer, vamos lá”. Então foi massa saber isso, cantaram muito os singles novos então eu sinto que estou no caminho certo.