Por Nathália Pandeló Corrêa
O mundo conheceu Joalin Loukamaa como parte do Now United ainda em 2017, quando o grupo pop global começou sua ascensão como um fenômeno jovem. O projeto misto, com formações em constante atualização, fez com que a experiência se tornasse apenas o primeiro ato de uma carreira que começava com muito potencial.
O que marcava a presença de Joalin no Now United era a sua dança, uma habilidade que ela cultivava desde a infância. Porém, ao considerar seus próximos passos artísticos, ela decidiu colocar em destaque sua própria voz pela primeira vez. Era um movimento não apenas criativo, mas também de auto-estima e identidade.
Tanto que suas primeiras canções traziam de cara a sua pluralidade: “Angelito”, “Así Así” e “Tóxico” mostravam uma sonoridade ao mesmo tempo pop e experimental; em espanhol e em inglês; e trazendo elementos tanto da música americana quanto da sua Finlândia natal. A origem europeia, uma passagem pela Espanha e por fim a residência no México fazem de Joalin uma artista sem fronteiras, o que fica explícito no seu primeiro EP, I’m The One.
Por isso, para 2023, seus planos são apenas expandir os horizontes com muitas viagens e novas canções, com a possibilidade de essas explorações sonoras a trazerem de volta ao Brasil para, quem sabe, colaborar com produtores, compositores e artistas daqui.
Joalin falou com o TMDQA! em um papo exclusivo pelo Zoom apenas algumas semanas após passar por Rio e São Paulo e ter realizado, em solo brasileiro, sua primeira apresentação ao vivo como artista solo. Confira abaixo nosso papo sobre fãs e próximos passos na carreira!
TMDQA!: Obrigada pelo seu tempo, Joalin! Amei o EP, parabéns pelo seu trabalho. Estava pensando que você começou como dançarina e depois se tornou cantora. Nós, mulheres, costumamos nos questionar muito. Queria te ouvir um pouco sobre a sua jornada de amor próprio – que é tema da música Tóxico, por exemplo -, de onde você começou até agora.
Joalin: Dançar sempre foi a coisa que eu mais amava no mundo. Dançava 7 horas por dia, dedicava a minha vida a isso. Então entrei para o Now United e foi estranho, porque a minha vida toda eu dancei estilos urbanos – pop, break dance – e são estilos em que se faz muito freestyle e são feitas batalhas entre as pessoas. Eu era uma dançarina na minha cabeça. Então entrei para o Now United, tínhamos de aprender coreografias em dois dias, e isso foi difícil porque eu era uma bailarina de freestyle, o que me levou a perder um pouco de confiança nas minhas habilidades como dançarina. Era estranho, porque minha posição no grupo era ser dançarina, mas eu não era boa o suficiente porque não aprendia a coreografia. Minha confiança começou a cair, mas depois comecei a perceber que talvez a dança será minha paixão por toda a vida, mas talvez não seja o que eu quero fazer como trabalho, talvez não seja a minha profissão. Quero que seja algo sagrado que eu amo.
Depois de estar no Now United por um tempo, pensei em testar as águas um pouco. Nunca gostei muito da minha voz, nunca me considerei uma boa cantora. Mas entendi que poderia cantar do meu jeito e focar em músicas que se encaixavam na minha voz. Comecei a trabalhar nas canções, e aí me apaixonei totalmente. Foi algo que me fez ganhar muita confiança, porque a vida toda eu pensava que não sabia cantar e de repente pessoas do mundo todo estão ouvindo. É algo tão divertido de fazer e eu posso conhecer pessoas tão legais na indústria da música. Isso foi legal, não tentar copiar ninguém, mas encontrar minha própria zona de conforto, como a minha voz deve soar e como devo usá-la para que fique boa de ouvir. Mas eu era bem desconfortável com a minha voz, e até hoje não me considero uma cantora. Me considero uma artista. Faço boas músicas, uso minha voz bem nelas, mas não me acho uma boa cantora ainda. Estou trabalhando nisso! (risos)
TMDQA!: Acho que você está se saindo bem até agora!
Joalin: Ah, obrigada! É bom ouvir isso (risos).
TMDQA!: Bom, você disse que pensa no EP como o primeiro capítulo de uma jornada musical. Como você vê os próximos capítulos se desenrolando?
Joalin: Espero ir a todo o mundo, onde a música me levar. Não tenho planos para o ano que vem, só quero fazer muitas músicas. Amo conhecer as pessoas. Tenho a oportunidade de encontrar pessoas inspiradoras, me reunir com elas e criar arte. Essa é a melhor coisa do mundo, e com sorte ano que vem poderei viajar e conhecer pessoas do mundo todo, aprender com elas, me inspirar por elas, e que possam também aprender comigo. E só fazer música!
TMDQA!: Ótimo! E você fala sobre construir legado, né? Provavelmente desde o primeiro dia no Now United.
Joalin: Isso! (risos)
TMDQA!: E agora você está lançando músicas com a sua assinatura, com o seu nome em destaque. Seria esse um legado mais pessoal pra você?
Joalin: Com certeza. E mesmo quando eu estava no Now United, eu era a Joalin. Tudo que fiz foi para construir esse legado pra mim mesma. Quando eu morrer, quero que meu nome fique vivo e que minha música continue aqui, que as pessoas falem com seus netos sobre mim e espero poder inspirar as pessoas mesmo depois que já tiver partido.
TMDQA!: Estava pensando também que quando ouvimos música em espanhol, a maioria das pessoas associa a gêneros mais populares como reggaeton, dembow, salsa. Sei que você ama tudo isso, mas a sua música não é só isso. Você diria que está desafiando as expectativas das pessoas no que diz respeito à forma como a música latina pode soar?
Joalin: Sim e não. Quando eu faço música, eu não penso que estou fazendo “música latina”, estou fazendo apenas música. Claro que eu cantando em espanhol faz com ela caia na categoria latina, mas como uma pessoa finlandesa cantando em inglês e espanhol, eu combino os sons latinos com os finlandeses e com os americanos. Estou tentando criar algo próprio, que as pessoas não consigam categorizar. E amo isso. As pessoas ficam tipo “isso soa como reggaeton, mas não é reggaeton, então o que é?”. É só Joalin, sou só eu. Não é um gênero, quero fazer o meu próprio gênero (risos).
TMDQA!: Isso, deixar todo mundo curioso!
Joalin: Exatamente!
TMDQA!: Você esteve recentemente no Brasil e cantou essas músicas ao vivo pela primeira vez como artista solo. Como foi essa experiência pra você? Porque imagino que você já soubesse que nós somos fãs bem intensos!
Joalin: Acho que já deu pra perceber! (risos) Foi maravilhoso. Eu sei que os fãs do Brasil são intensos e imaginei que teria alguns lá, mas tinha muito mais gente do que eu imaginava. Foi incrível. Achei que ia subir no palco e seria um show comum num shopping, com um público de pessoas aleatórias passando e parando. Mas parecia um show meu, foi tão amável. No final, quando eu saí, as pessoas vieram tentar me abraçar e eu tinha um segurança só. Ele teve muito trabalho (risos), para conseguir me levar de volta para o hotel. Todo mundo estava em volta, mas ele era um cara grande, ele conseguiu! Eu amei, me senti muito especial.
TMDQA!: Uau! Não deu pra ficar um pouco assustada?
Joalin: De certa forma pode ser, mas eles são fãs, sei que não me machucariam. Só estavam loucos (risos), mas eu amei. Foi lindo, porque eu não esperava que as pessoas cantassem as músicas comigo. Ter o meu primeiro show e ver as pessoas cantando as minhas músicas tão alto que eu não conseguia me escutar… foi algo que eu nem sei descrever, parecia mentira.
TMDQA!: Só posso imaginar! E ainda falando de Brasil, eu sei que você conheceu algumas pessoas e outros artistas daqui, então queria saber se tem alguém daqui com quem você gostaria de colaborar um dia.
Joalin: Sim, tem vários! As pessoas do Brasil são inspiradoras, adoro a música daí e o quanto as pessoas amam música. Quando eu voltar, acho que a primeira coisa que vou fazer é entrar num estúdio com o Pablo Bispo e o Ruxell, um produtor e um compositor. Tivemos uma sintonia muito legal e eles conhecem muitos artistas, então acho que podemos trazer alguém numa música comigo. Com certeza quero trabalhar com algum artista daí, mas antes quero trabalhar com esses dois.
TMDQA!: Com certeza é um bom começo. Bom, Joalin, sei que você precisa ir agora. Mas espero que você possa voltar ao Brasil em breve.
Joalin: Com certeza voltarei. Foi um prazer falar com você. Muito obrigada!