Você possivelmente está acompanhado a nova polêmica envolvendo Roger Waters e David Gilmour, que são ex-colegas da banda Pink Floyd.
Mais cedo te contamos que a escritora Polly Samson, esposa de Gilmour, detonou Waters na última segunda-feira (6) fazendo diversas ofensas ao músico e afirmando que ele seria antissemita e apoiador das ideias do presidente russo Vladimir Putin.
Pouco depois, te mostramos aqui, Roger se defendeu das acusações enquanto David reforçou as alegações da esposa.
Após todos os posicionamentos, muitos ficaram ainda mais curiosos para entender o que teria motivado o início da discussão.
Treta entre David Gilmour e Roger Water
É bem provável que os ataques de Polly a Roger Waters tenham surgido após uma recente entrevista do músico ao jornal alemão Berliner Zeitung.
Através de seu site oficial, Roger compartilhou o bate-papo em inglês, no qual ele rebate as frequentes acusações de antissemetismo e reforça sua posição de boicote a Israel.
Antes da entrevista, Waters faz uma introdução, declarando:
Com o pano de fundo da revoltante e desprezível campanha para manchar a minha imagem do lobby israelita que quer me denunciar como ANTISSEMITA, O QUE NÃO SOU, NUNCA FUI e NUNCA SEREI. Com o pano de fundo deles tentando me silenciar porque eu empresto minha voz para a luta de 75 anos por direitos humanos igualitários para todos os meus irmãos e irmãs na Palestina/Israel, sem me preocupar com a etnia, religião ou nacionalidade destes. Com o pano de fundo do lobby israelita tentando cancelar minha série de shows 85% ESGOTADA na Alemanha, o jornal nacional BERLINER ZEITUNG, hoje, corajosamente publicou uma entrevista profunda comigo em sua revista de sábado. Muito obrigado, cavalheiros.
Nova visão sobre Vladimir Putin
No início da extensa conversa, o ex-baixista do Pink Floyd falou sobre seu novo olhar para as atitudes do presidente da Rússia.
Vale lembrar que, em março de 2022, o músico escreveu uma carta aberta direcionada a Putin chamando a guerra na Ucrânia de “hedionda e repleta de agressão”. Na nova entrevista, entretanto, ele foi lembrado de que havia chamado Vladimir de “gângster” e comentou:
Exatamente, eu fiz isso. Mas eu posso ter mudado de ideia um pouco no último ano. Há um podcast no Chipre chamado ‘The Duran’. O apresentador fala russo e consegue ler os discursos de Putin no formato original. Os comentários deles sobre fazem sentido pra mim. A razão mais importante para fornecer armas à Ucrânia é sem dúvidas o lucro da indústria de armas. E eu me pergunto: seria Putin um gângster maior do que Joe Biden e todos aqueles encarregados da política americana desde a Segunda Guerra Mundial? Eu não tenho tanta certeza. O Putin não invadiu o Vietnã ou o Iraque. Invadiu?
Ele ainda explicou que está mais disposto a ouvir as opiniões do líder russo, acrescentando:
Talvez eu não devesse, mas agora estou mais aberto a ouvir o que Putin diz de verdade. De acordo com vozes independentes que eu ouço, ele governa com cautela, tomando decisões com base em um consenso do governo da Federação Russa. Há também intelectuais críticos na Rússia, que têm discutido contra o imperialismo americano desde os anos 1950. E uma frase central sempre foi: a Ucrânia é uma linha vermelha. Precisa permanecer como um estado neutro. Se não for assim, não sabemos o que acontecerá. Ainda não sabemos, mas poderia levar à Terceira Guerra Mundial.
Ao ser questionado sobre os ataques da Rússia à Ucrânia, Roger fugiu do assunto e voltou a criticar os Estados Unidos e Joe Biden. Ele apontou:
Como posso ter certeza de que os EUA não vão arriscar começar uma guerra nuclear com a China? Eles já estão provocando os chineses interferindo em Taiwan. Eles adorariam destruir a Rússia primeiro. Qualquer um com um QI um pouco acima da média entende isso quando lê as notícias, e os americanos admitem isso. […] Eu acho que se os EUA conseguem convencer seus próprios cidadãos e você e muitas outras pessoas de que a Rússia é o inimigo de verdade, e que Putin é o novo Hitler, vai ficar mais fácil para eles roubarem dos pobres para darem aos ricos, e também darem início e promoverem mais guerras, como essa guerra da Ucrânia.
Talvez isso pareça um posicionamento político extremo pra você, mas talvez a história que eu li e as notícias que eu recebo sejam apenas diferentes das suas. Você não pode acreditar em tudo que vê na TV ou lê nos jornais. Tudo que eu estou tentando conseguir com as minhas novas gravações, minhas afirmações e minhas performances é que nossos irmãos e irmãs que têm o poder parem com a guerra — e que as pessoas entendam que os nossos irmãos e irmãs na Rússia não vivem sob uma ditadura repressiva, não mais do que vocês na Alemanha ou eu nos EUA. Digo, escolheríamos continuar assassinando jovens ucranianos e russos se tivéssemos o poder de impedir isso?
“Lavagem cerebral” da mídia ocidental
Na conversa, Roger Waters também comentou que não realiza shows na Rússia por conta dos conflitos atuais e não por uma razão política.
Ele afirmou que não está “boicotando a Rússia” e diz que isso “seria ridículo”:
Eu faço 38 shows nos Estados Unidos. Se eu fosse boicotar qualquer país por motivos políticos, seria os Estados Unidos. Eles são os principais agressores.
O entrevistador Max Kühlem rebateu dizendo que, a partir das situações, Vladimir Putin seria o verdadeiro agressor. No entanto, Waters discordou, dizendo que existe uma “lavagem cerebral” feita pela mídia ocidental:
O que todos no Ocidente estão ouvindo é a narrativa de uma ‘invasão não justificada’. Qualquer pessoa com metade de cérebro pode ver que o conflito na Ucrânia teve justificativa.
Ao final da entrevista, Roger Waters declarou que se considera um “humanista, um cidadão do mundo” e reforçou seu posicionamento contra o governo de Israel. O músico não se apresenta no país, que ele aponta como não democrático, e pede para que outros artistas sigam seu exemplo.
Você pode ler a entrevista completa, em inglês, clicando aqui.