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A convite da Rússia, Roger Waters discursa na ONU e pede fim da guerra na Ucrânia: "ilegal, mas provocada"

Em meio à polêmica, Roger Waters é convidado pelo governo russo para falar às Nações Unidas sobre a guerra na Ucrânia. Saiba mais.

Roger Waters em Belo Horizonte
Foto por Nayara Sampaio

Em meio à polêmica recente, Roger Waters foi convidado pelo governo russo para ir até as Nações Unidas nesta quarta-feira (8) para compartilhar suas preocupações sobre as nações ocidentais que fornecem armas à Ucrânia.

De acordo com a agência de notícias Reuters (via Loudersound), Moscou solicitou a reunião no Conselho de Segurança da ONU para discutir a entrega de armas a Kiev.

O convite a Waters chegou após a escritora Polly Samson, esposa de David Gilmour, ter feito diversas críticas ao músico, apontando que ele seria antissemita e que estaria alinhado com as ideias do presidente russo Vladimir Putin.

Em suas falas, o músico classificou a invasão da Rússia como “ilegal” mas apontou que ela foi “provocada”, garantindo ainda que “também condena os provocadores com a maior força possível” e insinuando que a culpa seria, na verdade, de “terceiros que armaram o regime de Kiev”.

Além disso, alguns pontos do discurso foram destacados como um posicionamento pró-Rússia, apesar de terem sido rechaçados por Waters em uma entrevista com a Rolling Stone dos EUA após a fala. Por fim, Roger dedicou seu foco ao pedido do fim da guerra de forma geral:

Obrigado por nos ouvir hoje, nós somos muitos que não compartilhamos dos lucros da indústria da guerra. Nós não criamos nossos filhos e filhas com a intenção de prover balas para os seus canhões. Na nossa opinião, o único curso de ação sensível para hoje é pedir um cessar-fogo imediato na Ucrânia. Sem ‘se’, sem ‘mas’, sem ‘e’. Nenhuma vida ucraniana ou russa a mais deve ser gasta — todas elas são preciosas ao nosso olhar.

Ele ainda se definiu com uma voz para os “milhões sem voz”, reforçando a importância de sua presença no local, defendida pelo embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia.

Roger Waters na ONU gerou polêmica

Sobre o recente convite para Roger se dirigir à ONU, um diplomata anônimo do Conselho de Segurança do órgão disse à Reuters:

A diplomacia russa costumava ser séria. O que vem depois? Mr. Bean?

O próprio músico respondeu de forma sarcástica à ironia, citando em seu discurso que apostaria tudo no fato de que o anônimo em questão é algum britânico que provavelmente não enxerga o sentido de seu posicionamento por estar envolvido com a parte que ele culpa.

Como falamos anteriormente, Roger participou recentemente de uma entrevista ao jornal alemão Berliner Zeitung em que ele compartilhou o seu novo olhar para as atitudes do presidente Vladimir Putin.

Acredita-se que a declaração de Waters, que também envolveu outros assuntos, foi o que motivou os ataques de Polly Samson direcionados ao cantor. Saiba mais detalhes aqui.

Roger Waters e declarações sobre Rússia x Ucrânia

No ano passado, o ex-Pink Floyd publicou em seu site oficial uma carta aberta à primeira-dama ucraniana Olena Zelenska afirmando que “jogar combustível, na forma de armamentos, em um tiroteio nunca funcionou para encurtar uma guerra no passado, e não vai funcionar agora”. Ele ainda acrescentou:

A BBC.com cita você dizendo que ‘Se o apoio à Ucrânia for forte, a crise será mais curta.’ Hmmm? Acho que isso pode depender do que você quer dizer com ‘apoio à Ucrânia’? Se por ‘apoio à Ucrânia’ você quer dizer o Ocidente continuando a fornecer armas aos exércitos do governo de Kiev, temo que você esteja tragicamente enganada.

Jogar combustível, na forma de armamento, em um tiroteio, nunca funcionou para abreviar uma guerra no passado, e não funcionará agora, até porque, neste caso, a maior parte do combustível está (a) sendo lançado ao fogo de Washington DC, que está a uma distância relativamente segura do incêndio, e (b) porque os ‘lançadores de combustível’ já declararam interesse que a guerra dure o maior tempo possível.

Também no ano passado, Roger Waters disse que, para ele, a OTAN é responsável pela invasão da Ucrânia pela Rússia e também afirmou que estaria em “uma lista de mortes apoiada pelo governo ucraniano” por causa de suas opiniões sobre o conflito.