Música

Andreas Kisser (Sepultura) critica quem não muda de opinião: "não dá espaço pra crescer"

Músicos conhecidos pelo Sepultura e Angra, Andreas Kisser e Rafael Bittencourt trocaram ideia sobre música, infância, turnês pelo mundo e mais.

Andreas Kisser Amplifica
Crédito: reprodução

O podcast em vídeo Amplifica promoveu o encontro de dois grandes nomes do metal brasileiro. Andreas Kisser, do Sepultura, foi o convidado de Rafael Bittencourt, do Angra, em um papo sincero que passou por temas como luto, amadurecimento, preconceitos, religião e muitos outros.

Kisser aproveitou a conversa para refletir sobre pessoas que não aceitam mudar de opinião com o passar do tempo.

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Como apontou o Whiplash, uma declaração de Andreas destaca a importância de reconhecer que não temos todas as respostas e de aceitar diferentes visões de mundo:

As pessoas precisam tirar um pouco o ego. Ah, eu sou guitarrista e torço para o São Paulo etc. Você começa a acreditar tanto nisso que não dá espaço para crescer mais. Você tem uma ideia fixa aos 15 anos e aos 50 está falando a mesma coisa. Isso acontece com a religião, não tem espaço para argumento ou debate. É um dogma. Ou você acredita ou não. Se não acredita, está errado. O Sepultura já foi em 80 países e cada um vê o mundo de uma forma diferente. Por que eu estou certo? Só porque fui numa certa escola, de um certo país, e li um certo livro? É uma arrogância absurda de conhecimento.

Talvez por isso, Kisser tenha se permitido continuar evoluindo, como ser humano e profissional, ao longo da vida!

Andreas Kisser fala sobre o luto pela perda da esposa

Um dos assuntos mais marcantes do papo entre Andreas e Rafael foi o momento em que conversaram sobre o luto como assunto tabu para os brasileiros. Kisser estava, claro, falando da perspectiva de alguém que perdeu recentemente um ente querido: sua esposa, Patrícia, que faleceu em 2022 após uma batalha contra o câncer.

Andreas aborda o movimento Mãetricia, iniciado após a morte da esposa, e se lembra de como eram diferentes os rituais de morte quando morou nos EUA, durante 10 anos.

O lance dos cuidados paliativos e tudo aquilo que eu senti falta, falta de preparo como cidadão brasileiro no momento da morte. Várias coisas que eu precisava saber, durante a vida, como testamento vital. Por exemplo, se acontecer algum acidente e você ficar paraplégico ou ficar incomunicável, o que você quer: não quero que me entube, não quero hemodiálise se acontecer isso. Conversas que você tem durante a vida com o seu filho, com sua mãe, com seu pai. Porque quando acontece, as pessoas estão mais preparadas para lidar com esse tipo de situação. O movimento fala disso, da morte. Precisamos falar da morte, o que você quer, o que não quer. Não precisa ter medo da morte, a morte não é punição, é parte da vida. A gente sabe disso desde que nasce. O brasileiro tem disso, a morte não acontece comigo. Ignora esse tipo de coisa. Quando acontece… o processo de enterro aqui é muito rápido, né? A pessoa morre e em 24h já tem que enterrar.

De fato, um debate muito importante para a sociedade e que ganhou espaço no evento PatFest, que Andreas Kisser realizou em setembro de 2022. O festival levantou as questões dos cuidados paliativos e até o debate em torno da eutanásia.

Vale conferir a conversa completa – que dura mais de quatro horas! – entre esses dois grandes nomes do metal. Assista ao vídeo abaixo.

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