Entrevistas

Prestes a voltar ao Brasil, Cut Copy fala ao TMDQA! sobre encontro inusitado no Rio e 15 anos de "In Ghost Colours"

O guitarrista Tim Hoey comemora a nova vinda ao Brasil e comenta sobre futuro da banda australiana Cut Copy, que faz show em breve no país.

Cut Copy
Crédito: Jimmy Fontaine

Só quem viveu sabe. A máxima da internet se aplica ao cenário do indie no início dos anos 2000, do qual resta um número reduzido de sobreviventes. Não por acaso, um dos remanescentes daquela geração utilizou tão bem as ferramentas digitais, tão recentes àquela época, que traz isso no próprio nome. Os australianos do Cut Copy usaram da sua mescla dançante de eletrônica com new wave, alternativo, o synth pop e experimentalismo e se mantém na ativa até hoje – inclusive com show marcado no Brasil. 

No dia 19 de março, eles retornam a São Paulo para a festa Luna Dance Club, no Cine Joia. Difícil saber se somará à sua impressionante estatística de mais de mil shows esgotados em cinco continentes, mas não será por falta de empolgação. O grupo viveu no Brasil algumas das suas memórias mais marcantes, como o guitarrista Tim Hoey disse ao Tenho Mais Discos Que Amigos! em uma entrevista exclusiva.

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Segundo ele, a banda está pronta para embarcar em uma nova fase da carreira. Embora seu lançamento mais recente seja o disco Freeze Melt, de 2020, o grupo tem trabalhado em novas músicas para somar à discografia.

Formada em 2001, a banda conquistou a crítica em 2008 com o lançamento do álbum In Ghost Colours. Fez turnê com nomes como Bloc Party, Junior Senior e Franz Ferdinand, abriu shows para o Daft Punk e produziu remixes para grupos como Cansei de Ser Sexy, Kaiser Chiefs e The Presets

A banda composta por Dan Whitford, Mitchell Dean Scott e Ben Browning – além de Tim Hoey -, lançou Zonoscope em 2011, que ganhou dois ARIA Awards e foi indicado para um Grammy. Seus álbuns mais recentes, Haiku From Zero, de 2017, e Freeze Melt, mostram a evolução sonora do grupo, que continua a se reinventar ao longo de sua carreira.

Comemorando o relançamento da discografia em um luxuoso box de vinil e os 15 anos de seu disco seminal, o Cut Copy quer olhar para o futuro. Mas isso não impediu que o guitarrista compartilhasse com a gente algumas de suas memórias favoritas do tempo que já passou no Brasil, como você pode ver abaixo.

Confira o serviço do show ao final da entrevista!

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TMDQA! Entrevista Cut Copy

TMDQA!: Bem, Tim, antes de tudo, como você está? Onde você está no mundo hoje?

Tim Hoey: Estou bem. Obrigado por perguntar. Estou em casa em Nova York, onde moro. Então, sim, apenas em casa. Como vai você?

TMDQA!: Estou muito bem, obrigada! Obrigada pelo seu tempo. Claro que eu quero falar sobre o que vocês têm feito. Mas primeiro, quero voltar um pouco. Vocês surgiram numa cena indie muito movimentada, havia tanta coisa acontecendo. No início dos anos 2000, havia muitas bandas que não duravam, por motivos tipo a sobrevivência do mais apto, o negócio da música mudando constantemente e tudo mais. O que você acha que fez o Cut Copy durar tanto?

Tim: É uma boa pergunta. Eu acho que nosso relacionamento dentro da banda, sabe. Quando começamos, éramos todos bons amigos antes do Cut Copy. Antes de tocarmos música juntos, estávamos sempre saindo um com o outro. Então, acho que ser capaz de manter essa amizade ao longo dos anos e ficar muito feliz pelo sucesso um do outro e querer colocar o ego de lado e ser capaz de, tipo, servir a música antes dos nossos egos, eu acho que realmente ajudou. E ficar juntos e sair ainda é o que amamos fazer. Então, o fato de você ser capaz de fazer música além disso tudo, acho que ajudou muito a continuarmos.

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TMDQA!: Sim, nada mal. E eu fiquei realmente impressionada com o vídeo que vocês postaram da caixa de vinis que está saindo. É realmente impressionante. E parece uma celebração de todos esses anos que vocês passaram juntos. Mas o que fez você decidir fazer isso agora, olhar para uma discografia e montar esse boxset?

Tim: Sim, acho que é engraçado, porque lutamos constantemente com essa ideia de olhar para trás ou se apoiar em seu legado ou querer seguir em frente. Para nós, sempre estivemos firmemente no campo de querer olhar para frente e não querer olhar para trás. Mas então eu acho que, quando a pandemia chegou, a ideia de fazer novas músicas realmente não… existia. E não podíamos realmente nos reunir para trabalhar ou algo assim.

Então pensamos que seria um bom momento para olhar para trás, como ver fotos antigas e começar a montar o livro. As coisas meio que viraram uma bola de neve a partir daí. E muitos desses discos ficaram esgotados por tanto tempo que pensamos ser apenas uma coisa honesta para os fãs, acho que tiramos muito proveito de reunir esse material.

Mas, no final das contas, pensamos que isso seria algo para retribuir às pessoas que estiveram ao nosso lado durante todos esses anos e, especialmente, que estiveram ao nosso lado durante a pandemia porque não foi fácil para ninguém. Então, sim, foi realmente algo para retribuir às pessoas que nos deram tanto.

TMDQA!: Sim, e é muito bonito. Falando em olhar para trás, eu estava tentando fazer as contas e descobri que In Ghost Colours está completando 15 anos este ano – corrija-me se eu estiver errada. Vocês têm planos especiais para comemorar, talvez um baile de debutante, como uma festa de quinze anos? Ou apenas um show especial seria bom!

Tim: (risos) Sim, se você quiser fazer uma festa para nós, então sim, não há problema algum. Com certeza vamos aparecer! Sim, acho que conversamos sobre isso. Se faríamos shows especiais em torno disso ou não. Mas acho que provavelmente o box set foi realmente o que celebrou, relançar os discos em vinil para as pessoas conseguirem pela primeira vez. Mas sim, é engraçado quando esses marcos acontecem, tipo, geralmente, eles me fazem sentir muito velho. Então tento não pensar muito nisso. Porque é tipo, quando alguém diz que tal coisa tem 15 anos, eu fico tipo, “Oh, meu Deus, o que eu fiz da vida?” 15 anos? É louco. 

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TMDQA!: Ah, pare, vocês fizeram bastante! Eu sei que vocês falaram sobre fazer coisas diferentes nos últimos álbuns especialmente, tentando quebrar as expectativas. Você sente que a experiência lhe ensinou algo novo sobre a banda? Coisas que vocês não sabiam sobre si mesmos? E onde você vê vocês indo depois disso?

Tim: Sim, com certeza, acho que o último álbum foi quase o mais desafiador de certa forma, porque não estávamos tentando criar um novo tema ou uma nova forma de trabalhar. E este, provavelmente, como o álbum Free Your Mind provavelmente criou os maiores desafios para nós, porque estávamos todos vivendo em países diferentes pela primeira vez. Portanto, havia esse tipo de isolamento um do outro, mesmo que isso fosse pré-pandêmico, já estava lá, em torno do álbum, e apenas estávamos tentando diluir as coisas e trabalhar com apenas um punhado de sons e tentar e destilar a música até seus elementos mais puros.

Foi um exercício que não acho que poderíamos ter feito 10, 15 anos atrás, era tudo voltado para trabalhar o máximo de ideias possível. Então foi muito foi engraçado, criativamente, eu meio que me senti mais realizado do que nunca, porque senti que não achava que poderíamos fazer um álbum como aquele. E eu estava tão orgulhoso disso. Então, acho que passamos por muita coisa na maneira como trabalhamos fazendo esse álbum. E então, obviamente, não poder fazer uma turnê inicialmente realmente mudou o tipo de perspectiva sobre a música, a banda, a vida em geral. Acho que todo mundo passou por isso.

Então foi um aprendizado sobre o que realmente amamos, acho que todos nós realmente nos afastamos da música, provavelmente por dois anos, para ser honesto. Eu não ouvia discos, não fazia discos. Nós não estávamos realmente fazendo nada juntos. Eu era como se a música simplesmente não parecesse tão importante. Mas, de repente, isso mudou desde que pudemos voltar à estrada no ano passado, fazer shows e ver os fãs novamente. Isso é tão essencial para o que fazemos.

TMDQA!: É bom se afastar também, né? Quero dizer, é bom ter um desafio a essa altura!

Tim: Exatamente, sim.

TMDQA!: E isso me leva à minha próxima pergunta, porque vocês não lançam música nova há algum tempo. Mas farão alguns shows este mês, virão à América do Sul… Isso significa que estão se preparando para começar, talvez, um novo capítulo?

Tim: Sim, isso definitivamente começou, eu acho, com a primeira turnê que fizemos no ano passado. Voltar ao palco e estar perto um do outro, de novo, realmente ajudou a abrir as portas para escrever música novamente. E isso tem sido uma prioridade real, no segundo semestre do ano passado e certamente no início deste ano. Tem havido muitas mudanças na vida da banda, pessoas se casando, pessoas tendo filhos e outras coisas.

Portanto, equilibrar isso é algo realmente novo e diferente para nós também. Certamente queremos aproveitar ao máximo o tempo que passamos juntos. Mas pelo menos agora parece que estamos muito animados para passar para o próximo capítulo e fazer o próximo álbum. E talvez não seja um próximo álbum tradicional, ou talvez seja um monte de coisas diferentes. Nós meio que fizemos January Tape muito rapidamente, talvez façamos outra dessas. Talvez façamos uma faixa dance de 12 polegadas ou talvez haja outro disco Cut Copy ou… queremos nos manter abertos às ideias em vez de apenas…

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TMDQA!: Existem muitas possibilidades.

Tim: Sim! Exatamente.

TMDQA!: Eu sei que tenho que encerrar. Tenho apenas uma última pergunta e quero falar sobre sua próxima vinda ao Brasil. Temos muita sorte de vocês virem aqui com relativa frequência. Você tem alguma lembrança especial que vem à mente do seu tempo aqui?

Tim: Ah, com certeza. Acho que a primeira vez que fui ao Brasil foi incrível, acho que aconteceram tantas coisas, tipo… a gente conheceu o Alexander Skarsgård no Rio.

TMDQA!: O quê?!

Tim: Sim, ele foi ao nosso show no Rio e ouvimos dizer que ele era um grande fã nosso. E quando ele estava fazendo aquela série do David Simon sobre a guerra do Iraque [Generation Kill], ele estava ouvindo In Ghost Colors. Então ele veio para aquele show, e nós o conhecemos e nos tornamos amigos. E ele estava obviamente no vídeo de Free Your Mind. Mantivemos contato com ele. Mas nós o conhecemos no Brasil, conhecemos o pai dele lá [Stellan Skarsgård], ele estava lá gravando um filme. Então isso foi realmente incrível. Houve um momento forte e memorável ali.

Mas os shows foram… uma loucura! Porque estávamos tipo, “sei lá, quantas pessoas vão vir a esses shows? 50 pessoas? Não sei, temos um público no Brasil?” Eu não tinha ideia disso. E foram grandes shows! O público era bem louco. Então, sim, esses primeiros shows foram incríveis. Acho que na segunda vez que viemos, passamos algum tempo no litoral, onde simplesmente fomos para uma cidade estranha e isolada onde não havia ninguém por perto além de uma praia e ficamos lá por três ou quatro dias. Isso foi realmente incrível.

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TMDQA!: Uau, isso é muito legal.

Tim: Sim, cara, mal posso esperar para voltar. Um ou dois anos atrás, eu não sabia se faríamos shows de novo, eu certamente não achava que iríamos ao Brasil ou a qualquer outro lugar novamente. Então, o fato de que isso está acontecendo é meio surreal para nós.

TMDQA!: Ah, sim, para nós também. Estamos muito felizes por finalmente poder trazê-los de volta. E esperamos que se divirtam tanto quanto antes aqui no Brasil. Muito obrigado pelo seu tempo, Tim. Estaremos atentos a novas músicas.

Tim: Sim, com certeza. Eu realmente aprecio você ter tirado esse tempo e obrigado pelas palavras gentis.

Cut Copy no Brasil

SERVIÇO
Data: 19/03/2022
Local: Cine Joia
Endereço: Praça Carlos Gomes, 82 – Liberdade, São Paulo – SP
Horário da Apresentação: 19h00
Abertura da Casa: 18h00 / Early Bird: Acesso das 16h às 18h
Classificação etária : 18 anos. 16 e 17 anos permitida a entrada desde que acompanhado de um responsável.

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BILHETERIA OFICIAL – SEM TAXA DE SERVIÇO – MEDIANTE DISPONIBILIDADE
Espaço Unimed
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Setor e Preços:
Pista lote 1: R$ 260,00 (inteira) | R$ 130,00 (meia-entrada/idoso/pcd)
Mezanino: R$ 350,00 (inteira) | R$ 175,00 (meia-entrada/idoso/pcd)

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