Música

Estudo mostra que algoritmos de música favorecem artistas homens e brancos

Estudo mostrou o impacto que os algoritmos de recomendação dos streamings geram no consumo de música e indicou que homens brancos são melhor posicionados.

Algoritmos de recomendação streaming
Foto Stock via Shutterstock

Um relatório publicado pelo Centro de Ética e Inovação de Dados do Reino Unido sobre o impacto que os algoritmos de recomendação dos serviços de streaming geram no consumo de música indicou que artistas homens e brancos são mais recomendados para os usuários.

O estudo disponível aqui diz que o uso dessas tecnologias pode beneficiar injustamente certos grupos em detrimento de outros:

Independentemente do gênero do usuário, as plataformas de streaming de música parecem recomendar predominantemente artistas brancos do sexo masculino aos usuários a uma taxa significativa.

A introdução da pesquisa ainda acrescenta que “são inconclusivas as evidências de que essas tecnologias melhoram a experiência de música do usuário”.

Problemas com os algoritmos de recomendação do streaming

O estudo aponta também que, para além da recomendação enviesada, é importante também levar em consideração que diversos usuários se comportam de maneira a manipular o algoritmo, entendendo através do “conhecimento popular” as formas de fazê-lo.

Um exemplo desse cenário poderia ser uma pessoa que não gosta do Hip Hop e se depara com uma recomendação que possui uma estética claramente relacionada ao gênero. Então, aquela pessoa pode conscientemente escolher não ouvir nem um trecho sequer da canção, para não passar a ter sugestões ligadas a ele — ainda que a música nem seja necessariamente de Hip Hop.

Além disso, o estudo ressalta que há uma “tendência de muitos usuários ocidentais de agrupar músicas não-ocidentais dentro das categorias ‘world music’ e ‘pop'”, o que gera interpretações erradas por parte dos algoritmos. Isso é intensificado ainda mais por conta de uma ligação com as redes sociais, que também são usadas por esses sistemas de recomendação e estão sujeitas à viralização dessas interpretações equivocadas.

Novamente, para tentar traduzir em um exemplo, vale pensar em algo como o hit sul-coreano “Gangnam Style”. Defini-lo apenas como “pop coreano” (K-Pop) pode levar o usuário a diversas músicas que não fazem nenhum sentido dentro de seu gosto musical, já que o próprio gênero pop da Coreia do Sul tem inúmeras subdivisões e estilos.

Relatório aponta problemas com algoritmos de recomendação

Preocupados com o diagnóstico realizado, os autores do estudo alertaram o governo britânico já que artistas locais podem ser prejudicados diante da atuação dos algoritmos nas plataformas de streaming.

Com base em “contagens globais de reprodução”, o relatório afirma que “territórios com populações relativamente maiores podem se inclinar para seus próprios artistas domésticos”. O Brasil, apesar de não ter sido analisado no estudo, pode até ser um bom exemplo disso por conta de seus gêneros próprios, como o Sertanejo e o Funk, que costumam dominar as paradas locais.

A conclusão da pesquisa reforça que é necessário realizar mais investigações para confirmar estes processos tendenciosos, além de estimular um amplo debate na sociedade sobre os serviços de streaming e as mudanças que eles causam na forma como as pessoas consumem música.

Em meio a tudo isso, vale ressaltar que o Spotify está desenvolvendo uma nova tecnologia chamada DJ que pode adicionar mais uma camada de debate nesse sentido. Você pode saber mais por aqui e conferir um vídeo que explica a iniciativa logo abaixo.

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