Já faz 14 anos que o Oasis se separou, deixando muita gente na saudade e na constante esperança de uma reunião entre os irmãos Liam e Noel Gallagher. Mas três amigos cansaram de apenas torcer, e fizeram eles mesmos um novo álbum da banda usando Inteligência Artificial.
Os músicos britânicos Bobby Geraghty, Chris Woodgates e Jon Claire, todos na casa dos 30 anos, compuseram músicas inspiradas no que eles consideram o período auge do Oasis, entre os discos Be Here Now (1997) e Standing on the Shoulder of Giants (2000).
Para o posto de vocalista, eles decidiram recrutar o próprio Liam Gallagher, só que em sua versão “robô”. Eles alimentaram uma ferramenta de IA com vários trechos de gravações a cappella do cantor.
O resultado é The Lost Tapes – Volume One, creditado ao grupo AIsis – trocadilho maroto com Oasis e “Artificial Inteligence”, em inglês. São 33 minutos e oito músicas incluindo títulos como “Out of My Mind”, “Coming of Age” e “Forever” (ouça mais abaixo).
“Tédio” de esperar reunião do Oasis
O cantor e compositor Bobby Geraghty disse que sentiu “tédio de ficar apenas esperando a reunião do Oasis e assistindo aos irmãos tentarem se superar”.
Então, durante a pandemia, ele acionou o amigo e guitarrista Chris Woodgates, que decidiu tirar do baú algumas músicas que eles tinham feito uma década antes para uma banda autoral chamada Breezer (via The Guardian):
A banda esteve junta por mais de 10 anos, e escrevemos algumas canções em 2013, mas ‘estacionamos’ aquelas ideias e seguimos em frente. Durante o lockdown, decidimos tentar fazer alguma coisa com elas, então lançamos duas músicas – ‘Alive’ e ‘Forever’ – que tiveram alguma repercussão, mas logo sumiram. Até que Bobby teve a ideia maluca de colocarmos Liam como cantor.
O baterista Jon Claire até confessou que a ideia inicial era lançar The Lost Tapes como um material perdido do Oasis, mas no final decidiram por se revelar.
Considerando que as “novas músicas” não são ruins e a voz em IA de Liam ficou praticamente indistinguível da original, já imaginou a confusão que isso poderia causar? Bem, o jornalista brasileiro Bruno Natal explicou os perigos dessa prática no Twitter.
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Perigos da AI na música
Bruno, que apresenta o podcast RESUMIDO, refletiu sobre o que o caso “AIsis” pode significar para o futuro da música.
O exemplo prático que ele usou foi o uso da inteligência artifical para evitar pagar royalties:
Imagine o seguinte comando para um IA: ‘Gerar uma música quase idêntica a ‘Wonderwall’, fazendo as mínimas alterações necessárias em termos de melodia, arranjo, compasso, etc, para evitar um plágio’. E resolver lançar essa música ou usar em algum produto, trilha, etc, sem pagar licenciamento?
Cabe dizer que muita trilha de publicidade faz uso deste expediente. Mas hoje isso é caro, envolve contratar músicos, produtores, gravação, etc. Isso pode se tornar muito barato. Se você pode regrar a música e utilizar uma voz IA, você consegue burlar todas as questões de editora do fonograma. Fica mais barato usar a música.
Confira abaixo a thread completa de Bruno Natal e conte sua opinião pra gente.
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Cansados de esperar a volta do Oasis, dois fãs utilizaram IA para modelar a voz do Liam Gallagher e lançar novas músicas.
Conheça o AIsis.
O que isso pode significar para o futuro da música?
+ Segue o fio: pic.twitter.com/sjM4aCveMC
— Bruno Natal (RESUMIDO) (@URBe) April 18, 2023