A gente te contou aqui sobre as polêmicas envolvendo as inteligências artificiais e o vocalista Perry Farrell, do Jane’s Addiction, já falava a respeito dos avanços tecnológicos dois anos atrás.
Em 2021, o músico participou do podcast Side Jams With Bryan Reesman e discutiu o uso da IA na produção musical.
Na época, havia sido lançado o clipe do Duran Duran para a faixa “Invisible”, gerado por uma entidade de IA chamada Huxley, e Farrell estava ouvindo algumas músicas criadas neste formato. Ao comentar o processo, ele fez o alerta (via Blabbermouth):
A Inteligência Artificial será a maior conversa. Está chegando, cara, porque está tirando muitos empregos. O conceito de Ray Kurzweil é chamado de singularidade. Ele acredita que eventualmente as máquinas assumirão o controle e farão tudo pelo homem. Você ouve isso e pensa: ‘Ah, espero que não’. Mas eles já estão dirigindo nossos carros. Como esses caminhões que levam, digamos, laranjas por todo o país, eles estão sendo substituídos por carros robóticos, inteligência artificial. E eles estão começando a escrever músicas. Eles estão usando supercomputadores do Google e eles estão colocando Frank Sinatra neles, Elvis neles, os Beatles neles, há toda uma longa lista de artistas. E pedem ao supercomputador, ‘Escreva uma música agora usando todas as informações que você ouviu.’ Ele dispara. Está tentando recriar o que acabou de ouvir. É hilário, mas surpreendente e um pouco assustador. Meu amigo engenheiro estava me mostrando tudo isso e também me dizendo que o que é incrível sobre a inteligência artificial é que você essencialmente alimenta o computador [com informações], e aí você pede para o computador pesquisar, aprender, e aí começa a te dar um jeito mais rápido, um jeito mais fácil de fazer. Um jeito mais perfeito de fazer. Está acontecendo cada vez mais rápido que eles aperfeiçoam qualquer coisa que um ser humano pode fazer.
Muito premonitório, né?
Perry Farrell afirmou que a imperfeição do ser humano o torna único
Na entrevista, Perry foi além e justificou os motivos pelos quais ele considerava que uma inteligência artificial jamais poderia substituir os seres humanos. Para o cantor, a nossa imperfeição nos torna únicos e esta seria uma característica que não deveria ser ignorada, algo que ele reforçou através de exemplos da música como Iggy Pop e Joy Division:
Minha observação foi, eles nunca vão substituir um ser humano porque a palavra imperfeito, ou perfeito… Os seres humanos não são perfeitos. E é legal. É incrível. Porque gostamos de ouvir essas pequenas imperfeições como em Joy Division, Bob Dylan, Lou Reed, Iggy Pop. Eles não eram cantores perfeitos. Por que somos atraídos por eles? Porque as imperfeições tornam as pessoas únicas. E se tivéssemos nascido perfeitos, o sistema de vida não funcionaria. Por exemplo, se você nascesse perfeito, não teria nada pelo que se esforçar.
Portanto, quando você se tornasse melhor em alguma coisa, não encontraria alegria em melhorar nisso. Então, realmente, o que estamos falando é que o espírito humano é selvagem, inteligente, desperto e consciente. Mas é refinado. É como o que estão fazendo com os computadores. E eu pessoalmente prefiro ouvir um homem ou uma mulher cantar do que um computador. Não gosto de rappers [que] distorcem tudo [com Auto Tune]. Eu quero ouvir a tristeza de um ser humano ou a história, ou como afetou aquela pessoa fazer aquela música e cantar sobre ela. […] O cara está drogado ou bêbado e cantando sobre alguma coisa. Eu também ouço isso e fico, tipo, ‘Ah, isso é interessante. Parece que realmente o machucou. Ou ele é realmente afetado por isso’.
Será que a gente ainda consegue frear o alcance das IA’s?
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