Formado em 1984, o Blind Guardian é até hoje referência mundial quando o assunto é Power Metal. Com diversos álbuns históricos em seu catálogo, a banda segue firme e forte e, em 2022, lançou o disco de inéditas The God Machine para mostrar que ainda tem muito a oferecer e direções diferentes para explorar.
No meio disso, a banda ainda tem um dos shows mais empolgantes do Metal mundial já que inclui em seu repertório grandes sucessos como “The Bard’s Song”, parte do aclamado álbum Somewhere Far Beyond (1992), e ainda “Mirror Mirror” e “Nightfall”, ambas parte de Nightfall in Middle-Earth (1998).
Tudo isso desembarcará no Brasil muito em breve, já que a banda liderada por Hansi Kürsch será uma das principais atrações do Summer Breeze Brasil, que acontece em São Paulo, no Memorial da América Latina, entre os dias 29 e 30 de Abril. Os ingressos ainda estão disponíveis por este link.
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Blind Guardian e uma relação de amor com o Brasil
Às vésperas da chegada do Blind Guardian, o TMDQA! teve a oportunidade de conversar com Hansi em um papo super descontraído que mostrou por que o vocalista alemão é bastante querido — cheio de histórias pra contar, Kürsch se empolgava a cada resposta e mostrava que a paixão pela música e pelo seu trabalho é algo que ainda o acompanha até hoje.
Prova disso foi a sua resposta a um simples “oi, tudo bem?”:
Não tenho nada do que reclamar. Estou na sala de ensaios do Blind Guardian, tive um dia cheio de reuniões e estou terminando o dia com entrevistas. E é bastante divertido, são ótimas entrevistas, já que estou só falando com brasileiros.
O carinho pelo país vem da forte relação que o Blind Guardian construiu com seus fãs por aqui, mas se engana quem pensa que essa relação só teve coisas boas! Apesar de todo o carinho do público brasileiro, Hansi relembrou, aos risos, uma história completamente maluca de sua primeira experiência no Brasil lá em 1998, quando os caras vieram tocar no saudoso Olympia e em outras casas pelo país.
O relato, aliás, pode ajudar a entender por que Kürsch tem tanto carinho pelo nosso país:
Em 98, nós tínhamos dois grupos. Um dos grupos estava viajando com a Varig, e o outro grupo estava viajando com a VASP. E naquela época a VASP não era tão boa quanto veio a ser depois, porque eu viajei com eles depois e sempre foi ótimo. Mas o meu voo, o grupo que eu estava, teve um atraso de 12 horas. Então, vamos lá: nós começamos na Bélgica, e claro que planejamos bastante tempo de folga para que pudéssemos chegar ao Brasil e descansar um pouco; acredito que considerávamos que chegaríamos no Brasil dois dias antes. Então já estávamos 12 horas atrasados na Bélgica, antes de qualquer coisa acontecer.
Aí, chegamos em São Paulo tarde pra caramba, e eu fui buscado no aeroporto. Mas a minha bagagem não chegou! Então eu estava no Brasil pela primeiríssima vez e eu tinha comigo apenas uma camisa de baseball e um shorts. Foi assim que eu cheguei, atrasado pra caramba e cheio de jet lag em São Paulo. E ninguém no aeroporto estava nem aí! Sabe, eles só falavam, ‘Volte amanhã e tente de novo e se você tiver sorte sua bagagem vai estar aí’. Então, a partir daquele dia, nós ficamos sete ou oito dias em São Paulo e eu fui pro aeroporto todo santo dia. [risos] E a bagagem obviamente não chegou.
Então, o que eu tinha era a roupa que eu cheguei depois daquela viagem terrível, e nós tínhamos uma sessão de autógrafos em uma loja de discos. E o pessoal da equipe, ciente da minha situação, foi lá e comprou roupas pra mim — roupas de baixo e meias em especial. Então, eu estava ali fazendo minha sessão de autógrafos e eles meio que em uma sacada jogando cuecas e meias na minha direção. [risos] E eu fiquei feliz de pelo menos poder trocar de roupa de baixo! Durante os próximos dois dias foi quando eu conheci a hospitalidade e generosidade brasileira, porque as pessoas vinham e me davam camisetas e roupas — as quais não serviam porque as pessoas eram sempre grandes demais ou pequenas demais, sabe. Mas eu pelo menos tinha algo pra vestir! [risos]
E aí, não bastasse isso, eu machuquei meu cotovelo. Foi uma dor horrível logo antes do primeiro show em São Paulo, que era bem grande. O tempo todo que estivemos lá, acho que por duas semanas e meia, eu estava com o cotovelo infectado. Eu nunca descobri o que foi isso, mas estava queimando pra cacete e eu não conseguia fazer melhorar. Então, enfim, essa foi minha primeira experiência no Brasil. E isso foi bem na época em que eu decidi que deveria parar de beber, então eu estava sem beber nada, nada de álcool. E isso não foi divertido. Mas os shows foram incríveis e as pessoas foram tão, tão pacientes! [risos]
Tanto tempo depois, a banda volta em uma circunstância bem diferente. Afinal de contas, dessa vez o Blind Guardian chega como headliner de um festival que faz sua estreia no Brasil mas já é bastante consolidade justamente na Alemanha, país de origem do grupo. Por isso, perguntamos para Hansi o que podemos esperar do Summer Breeze Brasil:
Eu acho que a escalação de bandas funciona muito bem. Tudo que posso dizer é que é uma oportunidade única na vida ver todas essas bandas juntas em um festival, sabe? O Summer Breeze é um dos festivais mais poderosos e impressionantes e bem-organizados da Europa, na minha opinião. Eu espero o mesmo do Summer Breeze no Brasil, e nós podemos prometer que estamos muito bem preparados para isso. Eu sei que os fãs brasileiros são os mais dedicados quando se fala de uma banda como o Blind Guardian, e é ótimo poder ver tantos shows em um lugar só que terá ótimos equipamentos técnicos e tudo em perfeito estado.
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Legado do Blind Guardian e plano de turnês especiais no futuro
Além de falar sobre a relação com o Brasil e o show no Summer Breeze que está quase aí, Hansi também conversou conosco sobre a jornada de quase 40 anos de banda em que o Blind Guardian se encontra. De forma bem sincera, o vocalista resumiu o que faz com que o grupo continue suas composições:
A gente ainda tem a esperança de que, algum dia, vamos compor um álbum que todo mundo vai amar e isso vai nos tornar a maior banda de Heavy Metal de todos os tempos.
Em tom mais lúdico, ele elabora a resposta:
Além disso, esperamos ser capazes de apresentar um álbum desde o primeiro dia, já que temos tantas ideias ótimas e tantas ambições quando se fala de composição que esquecemos de prestar atenção se é algo que dá pra fazer no palco ou não. [risos] E isso já nos colocou em situações bem complicadas!
Hansi segue definindo a música como uma espécie de “meditação”, já que muitas vezes a banda nem sabe de onde vem a inspiração para suas canções, que tem cada vez mais explorado “dimensões diferentes”. Apesar de agradecer a capacidade do público de sua banda de manter a mente aberta para os novos trabalhos, Kürsch também deixa claro que sabe da preferência pelos grandes clássicos do BG.
Por isso mesmo, a banda saiu em turnê recente para celebrar os 30 anos de Somewhere Far Beyond e executou o álbum na íntegra. Questionado sobre os planos para fazer o mesmo com outras datas comemorativas, o vocalista não descartou nem um pouco a possibilidade:
Chegamos a conversar sobre isso, já que o ‘Nightfall’ está completando 25 anos esse ano. Por sorte, estamos fazendo a turnê do ‘The God Machine’ e isso nos traz a oportunidade de fazermos o que bem entendermos. O ‘Nightfall’ é mais complexo, mais difícil do que um álbum como o ‘Imaginations [from the Other Side’ ou ‘Somewhere Far Beyond’. Mas [a turnê do] ‘Somewhere Far Beyond’ foi incrível, foi exatamente o que esperávamos. […] Acho que o ‘Nightfall’ ainda é a próxima oportunidade, mas vamos atrasar isso uns cinco anos porque agora seria uma demanda grande demais. Na verdade, consigo imaginar cada um dos discos, mas precisa ser no tempo certo.
Ficaremos no aguardo por aqui e já deixaremos a data de 2028 anotada na agenda por via das dúvidas! Por enquanto, você poderá curtir um baita show do Blind Guardian no Summer Breeze Brasil no próximo sábado, 29 de Abril. Garanta seu ingresso clicando aqui!