Ao primeiro olhar, o Grunge parece ter sido um movimento relâmpago: com a mesma velocidade que surgiu aparentemente do nada, foi embora com exceção de pouquíssimas bandas, contáveis no dedo, que permanecem na ativa até hoje.
Analisando mais profundamente, a influência desse gênero vai muito além de seu formato mais puro. Dando origem a todo um movimento no final dos anos 90 e início dos anos 2000, o Post-Grunge, foi responsável pela criação de uma das cenas mais polêmicas de todo o Rock.
Isso porque, quando se fala de bandas como Creed e Nickelback, por exemplo, imediatamente a memória nos remete àquelas listas de “piores bandas do mundo”.
Por mais que essas duas não sejam de todo ruins e tenham até seus momentos positivos, a realidade é que realmente o Post-Grunge foi um movimento bastante questionável e nos trouxe alguns discos realmente desastrosos, em grande parte por “culpa” do Grunge de anos atrás.
10 discos desastrosos que o Grunge produziu
Além disso, o movimento liderado por nomes como Nirvana, Soundgarden e Pearl Jam também fez com que bandas tradicionais tentassem copiar sua direção, obtendo um resultado bem aquém do desejado nessa missão de estar na moda.
Abaixo, o TMDQA! separou 10 discos que foram fortemente influenciados pelo Grunge ou que de alguma forma fizeram parte desse movimento e que são absolutamente desastrosos. Confira!
Creed – Weathered (2001)
A lista não poderia começar diferente. Como falamos acima, nem tudo que o Creed produziu é ruim e a gente precisa defender músicas como “One Last Breath”, um hit incontestável que você pode até não gostar mas vai cantar junto.
Dito isso, Weathered é um poço de desastres, a começar pela capa horrorosa que combina muito bem com o conteúdo do álbum.
Def Leppard – Slang (1996)
Aqui temos o primeiro caso de uma banda que não tinha nada a ver com o Grunge tentando surfar na onda do gênero musical. O Def Leppard, conhecido pelo Classic Rock de hits como “Pour Some Sugar On Me” e afins, entregou uma versão fajuta e pouco convincente da sonoridade em Slang, disco que viu até a banda tentar mudar sua icônica logo para se dar bem com os jovens.
Não deu certo…
Hinder – Extreme Behavior (2005)
Um dos principais problemas do Post-Grunge é a quantidade de bandas “machão” que surgiram como consequência destes. Para representar toda essa vasta gama de nomes, escolhemos o Hinder e seu terrível álbum Extreme Behavior, que já entrega muito de sua proposta na capa.
Músicas como a dramática “Lips of an Angel” e a enérgica “Get Stoned” são irresistíveis para quem viveu os anos 2000, mas dificilmente passariam no crivo de alguém que não tenha sido adolescente naquela época.
Hoobastank – The Reason (2003)
A verdade é que o Hoobastank está longe de ser uma banda ruim. Outra verdade é que “The Reason”, a música, é uma das piores músicas do grupo americano, que tinha acertado em cheio no seu disco de estreia autointitulado de 2001 (ouça “Crawling in the Dark” e “Running Away”!) e resolveu mudar de direção para surfar na onda popular da época com o sucessor, também chamado The Reason.
Deu certo, mas a que custo?
Kid Cudi – Speedin’ Bullet 2 Heaven (2015)
Não importa o quanto você seja a favor de artistas saírem de suas zonas de conforto, algo que definitivamente apoiamos por aqui: Speedin’ Bullet 2 Heaven é um álbum que simplesmente não funcionou.
Conhecido como um dos melhores nomes do Rap moderno, Kid Cudi deixou fluir sua paixão pelo Grunge e Rock Alternativo no disco de 2015 e, ainda que seja legal aplaudir a iniciativa, a realidade é que não deu certo. Nessa linha, mais vale ouvir algo como Lil Uzi Vert, que tem forte influência da estética da época e faz um trabalho super interessante.
KISS – Carnival of Souls: The Final Sessions (1997)
Possivelmente o pior disco dessa lista, Carnival of Souls: The Final Sessions é um desastre do começo ao fim. É o resultado de um KISS desesperado para se manter relevante de alguma forma: de cara limpa, com visual de banda “séria”, tentando fazer o som da moda.
A boa notícia é que o álbum foi tão ruim que os caras desistiram da fase sem maquiagem, retomando um mínimo de acerto no sucessor Psycho Circus (1998). A melhor notícia é que o KISS nunca ousou tocar nada desse desastre ao vivo — e com certeza é mais prudente continuar assim.
Lifehouse – No Name Face (2000)
O gênero Rock Cristão é sempre difícil de definir, justamente porque ele é tão mutável e geralmente adapta o que está na moda para um viés religioso. Infelizmente, salvo raras exceções (alô, P.O.D., Oficina G3…), isso geralmente acaba gerando materiais pouco interessantes e foi o que rolou aqui com o Lifehouse.
Pelo menos deve ter levado o Grunge para os cultos por aí!
Matchbox Twenty – Mad Season (2000)
O Matchbox Twenty é um caso curioso. Depois de estrear com um bom e complexo disco, Yourself or Someone Like You (1996), a banda teve um sucesso comercial interessante e resolveu abandonar tudo isso para seguir em uma pegada mais próxima do Post-Grunge.
O resultado foi o disco Mad Season que é, no melhor dos cenários, totalmente comum. Em seus piores momentos, soa como se a banda ainda estivesse tentando encontrar sua sonoridade, o que já parecia ter acontecido em seu antecessor e abriu precedente para uma carreira super confusa que parece não se encaixar bem em lugar nenhum.
Nickelback – Curb (1996)
Veja bem: como falamos no início da matéria, o Nickelback está longe de ser essa ruindade toda que se fala por aí. Além de ser responsável por enormes hits dos anos 2000, a banda tem sua qualidade e finalmente vem sendo apreciada por conta de seus ótimos riffs e refrães grudentos.
Acontece que, em Curb, os canadenses tinham toda a pinta de banda estreante. Com uma sonoridade confusa, de quem ainda não se encontrou plenamente e só surfava na onda da época, o álbum deixa bastante a desejar e, não à toa, nunca produziu nenhum grande sucesso e dificilmente aparece nos repertórios do grupo.
Staind – Break the Cycle (2001)
Sem nem entrar no mérito “palco pra maluco”, já que o Staind tem um posicionamento abertamente pró-Trump, a banda foi uma mancha (rá!) na história do Grunge e Post-Grunge.
Estreando em 1996 com Tormented, o grupo parecia seguir por uma direção mais tradicional do Metal. Depois, em 1999 com Dysfunction, foi para o Nu Metal que começava a bombar. Mas estourou de vez com Break the Cycle, em 2001, que absorveu influências do Grunge e Post-Grunge da pior maneira possível — receita perfeita para fazer sucesso naquela época.
Agora, tantos anos depois, é melhor deixá-los esquecidos…