Quando surgiu no final dos Anos 90, o Slipknot logo se destacou em uma cena recheada de bandas do Nu Metal. Sem dúvidas o mais pesado a alcançar o sucesso radiofônico, o grupo chamou atenção não apenas pela sonoridade, mas também por sua estética e por sua formação inusitada, com nove membros.
Quase 10 anos depois de lançar seu disco de estreia autointitulado em 1999, o Slipknot vinha em crescimento constante com sucessos como “Before I Forget” convocando cada vez mais maggots — como se denominam os fãs da banda — à legião de fãs que conquistou com hits como “Wait and Bleed” e o pesadíssimo álbum Iowa, de 2001.
Tudo parecia caminhar bem para uma carreira certeira, mas tudo mudaria alguns anos depois. Não que a longevidade não esteja presente até hoje, mas a verdade é que All Hope Is Gone foi, sem sabermos, o começo do fim de uma era.
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All Hope Is Gone e o auge do Slipknot
Lançado há 15 anos, em 26 de Agosto de 2008, All Hope Is Gone chegou já com uma missão difícil: ser o sucessor de Vol. 3: (The Subliminal Verses) (2004), disco que alçou o Slipknot a um novo nível de fama ao mostrar outros lados de sua sonoridade, explorados em canções como “Duality” e “Vermilion Pt. 2”.
Com tanta expectativa, o grupo seguiu por um caminho no mínimo inusitado. Como primeiro single de seu aguardado álbum, os caras apostaram na faixa-título, uma verdadeira pedrada que resgatava o lado mais pesado presente em Iowa e adicionava influências ainda mais extremas, passando até mesmo por gêneros como o Black Metal, mas sem perder o groove que se tornou marca registrada.
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Os olhos dos fãs das antigas brilharam com “All Hope Is Gone”, mas o grande segredo do álbum foi ser capaz de atender também àqueles que tinham acabado de conhecê-los. Mais do que isso, o segundo single, “Psychosocial”, foi responsável por ampliar ainda mais os horizontes da banda que viria a se tornar a maior expoente do Metal no mainstream.
Tudo isso é, sem dúvidas, resultado de um processo de composição que pode ser descrito como “a calmaria antes da tempestade”. Em diversas entrevistas, membros do Slipknot disseram que a banda estava “no auge” no período em que escreveu All Hope Is Gone, com todos os nove integrantes contribuindo e escrevendo um total de trinta (!) músicas, das quais 12 entraram na primeira versão.
Entre estas estavam, por exemplo, “Sulfur”. Queridinha dos fãs até hoje, a canção foi a primeira feita em uma parceria entre Joey Jordison e Jim Root, que supostamente a escreveram em apenas uma noite. Da mesma forma, Corey Taylor, Sid Wilson e Shawn Crahan se juntaram com Jim para composições mais experimentais, como “‘Til We Die”, incluída na versão deluxe do trabalho.
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O começo do fim de uma era
Como falamos acima, alguns membros da banda disseram que All Hope Is Gone representou o auge do Slipknot. Acontece que essa opinião não era unanimidade, e o vocalista Corey Taylor, por exemplo, já falou anteriormente que acredita que o processo de composição do álbum foi “problemático”. O mesmo vale para Root, que disse que tudo foi “muito corrido”.
Estes eram os primeiros sinais de uma banda que, infelizmente, estava começando a se despedaçar. Olhando para trás, é perceptível que havia uma tensão interna crescendo continuamente e tudo isso explodiu quando, de forma surpreendente, tivemos o falecimento do baixista Paul Gray em 2010.
Um dos membros originais ainda presente na formação à época, Paul tinha um papel importante na dinâmica do grupo e isso ficou bastante claro após seu falecimento. Não é à toa que, pouco depois, Joey Jordison deixou o Slipknot; da mesma forma, a saída conturbada do percussionista Chris Fehn em 2019 também foi sintomática.
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A demora para lançar o sucessor de All Hope Is Gone e a própria sonoridade do disco em questão, .5: The Gray Chapter, são consequência do fim desta era que durou mais de uma década. Depois de explorar uma sonoridade mais radiofônica em faixas como “Dead Memories” e a excelente “Snuff”, o Slipknot parecia precisar de algo mais pesado.
Assim, com Jay Weinberg e Alessandro Venturella substituindo respectivamente Joey Jordison e Paul Gray, o Slipknot lançou músicas como “The Devil in I” e “The Negative One” e deu início à sua nova era.
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15 anos de All Hope Is Gone
Hoje também sem o sampler e tecladista Craig Jones, o Slipknot vai se posicionando mais como uma entidade do que como uma banda por si só. O próprio Corey Taylor já disse que não quer ficar o resto da vida por ali, e inclusive se ofereceu para eventualmente encontrar o próprio substituto.
A escolha estética das máscaras lá atrás é algo que ajuda o Slipknot a se manter constante, mas é impossível não olhar para trás e identificar que All Hope Is Gone foi o fim de uma era. Mesmo que tenha perdido apenas dois integrantes naquela época, a banda sofreu mutações internas consideráveis que foram traduzidas em uma sonoridade distinta, ainda que com a mesma identidade fundamental.
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15 anos depois, revisitar All Hope Is Gone é como embarcar em um túnel de nostalgia. Goste ou não do disco, ele retrata os últimos momentos de uma formação que foi responsável por uma ascensão meteórica do Metal no mainstream, coisa que poucas outras bandas conseguiram fazer.
Para celebrar isso, aliás, o Slipknot irá lançar no próximo dia 18 de Agosto uma versão em vinil do disco ao vivo Live at MSG, disponibilizado originalmente como um material bônus da edição do 10º aniversário de All Hope Is Gone e que traz registros da última turnê da banda a ter Paul Gray e Joey Jordison no palco.
Você pode relembrar o disco completo abaixo e conferir mais informações sobre o lançamento especial clicando aqui.