O novo álbum do Thirty Seconds To Mars, It’s the End of the World But It’s a Beautiful Day, surge após um período de quatro anos desde o lançamento do trabalho anterior, America, e cinco anos desde o lançamento de seu último single, “Walk on Water”, em 2017.
Durante esse intervalo, ocorreram mudanças significativas no cenário político dos Estados Unidos, passando de um governo presidido por Donald Trump para a presidência de Joe Biden. Além disso, o mundo enfrentou uma pandemia global que moldou o contexto em que este novo álbum foi criado.
O processo de escrita e produção do álbum ocorreu durante os primeiros dias do isolamento social da pandemia de COVID-19.
Para os irmãos Jared Leto e Shannon Leto, membros fundadores do Thirty Seconds To Mars, o lockdown trouxe a oportunidade de estabilidade e criatividade, permitindo-lhes compor e trocar músicas, apesar de estarem fisicamente separados. O resultado desse período intenso de criação foi a produção de centenas de músicas, das quais onze foram escolhidas para compor o álbum.
It’s the End of the World But It’s a Beautiful Day é um disco diversificado, explorando uma ampla gama de temas e emoções. Embora tenha sido influenciado pelo isolamento, o álbum não se limita a esse tópico, abrangendo também a celebração de conquistas que poderiam ser impossíveis diante de obstáculos aparentemente insuperáveis que o mundo enfrentou.
É um álbum pessoal e emocional, tocando em sonhos, esperanças, aspirações e desilusões. E inaugura uma nova fase na jornada do Thirty Seconds To Mars, que se sente como uma banda completamente renovada após seis álbuns.
Novo disco do Thirty Seconds To Mars
O título, It’s the End of the World But It’s a Beautiful Day, é provocativo e otimista. Ele reflete a ideia de que, embora o mundo possa enfrentar desafios aparentemente catastróficos, ainda há beleza a ser encontrada na vida cotidiana. As músicas oscilam entre essas noções contraditórias e capturam essa dualidade de emoções e perspectivas.
Embora mantenha elementos característicos que definem a banda, como letras profundas e ritmo marcante, o álbum explora novos territórios sonoros. Os irmãos têm influências variadas, desde clássicos do rock até artistas como The Police, Depeche Mode e The Cure.
O vídeo da primeira faixa, “Stuck”, é uma homenagem à moda, ao design e à arte. Dirigido por Jared Leto, o clipe destaca personagens únicos e a diversidade que enriquece o mundo da moda. Ele também serve como uma resposta à pergunta sobre a identidade do Thirty Seconds To Mars como banda. A moda, para Jared, é uma forma de arte e expressão que pode inspirar e alegrar as pessoas.
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O novo álbum representa um retorno ao básico para o Thirty Seconds To Mars, agora formado apenas pelos dois irmãos que são os únicos membros constantes da banda desde seu início, há 25 anos. O 30STM volta com um som moderno e uma perspectiva otimista em meio aos desafios globais.
De onde vem esse otimismo? A gente também queria saber, por isso conversamos com Jared Leto sobre o novo momento, chances de voltarem ao Brasil e até um feat com uma banda brasileira que pode virar realidade. Confira logo abaixo!
TMDQA! Entrevista Jared Leto (30 Seconds To Mars)
TMDQA!: Como você está, Jared?
Jared Leto: Eu estou ótimo. Muito obrigado por estar aqui, fico muito grato.
TMDQA!: Imagina, te agradeço pelo seu tempo. É muito empolgante que vocês têm um novo disco saindo, então quero começar logo por aí.
Jared: Ah, ótimo!
TMDQA!: Então, eu li na NME que vocês escreveram mais de 200 canções para esse álbum. Queria saber como vocês foram de 200 para 11 músicas, e se planejam lançar mais de um disco ou pelo menos uma versão de luxo!
Jared: Sim, com certeza queremos colocar mais músicas nesse disco em algum momento, isso seria bem divertido. Mas em algum momento você precisa parar de trabalhar nas coisas, então algumas dessas canções você acaba não terminando, algumas estão próximas de serem finalizadas, outras não. Às vezes aparecem duas músicas que exploram o mesmo território liricamente e melodicamente, então você escolhe aquela que te deixa mais empolgado. Essas foram aquelas que acabamos escolhendo.
TMDQA!: Nada mal, estava ouvindo aqui agora antes da entrevista. Estava pensando que entre America e este novo disco, as coisas parecem um pouco diferentes. O título e a capa do novo álbum parecem dizer tudo. Você diria que está mais otimista? E se sim, como? Por favor, me ensine (risos).
Jared: Eu acho que sim. Se você olhar para o curso da história, se você olhar os dados, iriam embasar isso. Estamos definitivamente avançando e não retrocedendo com muitas coisas – apesar de às vezes parecer que damos dois passos à frente e depois três para trás. Mas, pensando no longo caminho da história, se você for olhar para o passado, eu acredito que a qualidade de vida, a mortalidade infantil caiu, o mundo está mais educado do que nunca. Isso te faz questionar algumas coisas, como por que é tão difícil para a gente se dar bem? Por que há tanto conflito no mundo? Mas estou otimista, mas talvez seja da minha natureza ser assim.
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TMQDA!: Tem que ver o lado positivo das coisas, né?
Jared: Exatamente.
TMDQA!: Agora, nesse espírito – ou, na verdade, no espírito de Get Up Kid -, o que te faz levantar da cama ultimamente?
Jared: Sabe, eu amo escrever músicas, amo fazer turnês, amo ser criativo, gosto de trabalhar bastante, gosto de escalar montanhas, gosto de nadar no mar. Há muitas coisas que me tiram da cama. A maior delas, que todos precisamos aceitar, é que há muito sofrimento na vida e ninguém se livra disso. Ninguém. Você precisa negociar isso à medida que vai passando pela vida. Precisa olhar de verdade para as coisas e… Um dia desses, meu amigo me disse e eu achei muito interessante: “você fez um ótimo trabalho em deixar a sua vida muito difícil”. Eu entendi o que ele quis dizer. Estava reagindo ao tamanho do trabalho que precisava ser feito e à pressão que vem junto com algumas escolhas que todos fazemos na vida. Mas às vezes a gente deixa as coisas difíceis, e às vezes deixamos mais fáceis. É… essa é a minha resposta.
TMDQA!: Faz sentido. Falando em escolhas, eu queria saber sua perspectiva sobre uma coisa. Parece que há uma geração nova se apaixonando pelo emo. Apesar de o Thirty Sesconds To Mars não ser necessariamente uma banda emo, vocês poderiam ter facilmente ido nessa direção do revival do emo e ganhado um dinheiro com isso. Parece que vocês escolheram fazer uma coisa própria, trilhar seu caminho. Daí queria saber se em algum momento passou pela cabeça de vocês fazer algo voltado para essa onda, ou se foi mais uma coisa do tipo “ah, já fizemos algo assim antes”.
Jared: Não, acho que é divertido se deliciar com o passado. Quando eu era criança, eu ouvia classic rock. Eu ouvia punk rock, muita música assim. Acho ótimo e muito excitante ter uma geração redescobrindo emo ou nu metal ou grunge ou até o indie, que já é velho para algumas pessoas. Mas eu acho que é ótimo. Nostalgia é uma coisa muito poderosa. Costuma funcionar para quem já ouvia essas músicas e voltam a ouvi-las de novo, mas também para fãs mais jovens, pessoas novas que a descobrem. Estou só feliz que o rock está vivo, porque pareceu muito morto por um período bem longo. O resto do mundo parece estar indo em uma direção diferente, sabe? Pop, hip hop. Então é legal ter alguma excitação e energia por aí.
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TMDQA!: É, eu não estou reclamando! Agora, não faz muito tempo que vocês fizeram história aqui no Rock in Rio – Jared, aquela cena de você descendo na tirolesa no meio do show ainda é reprisada de vez em quando! Eu estava vendo que vocês têm a turnê americana, a britânica, a europeia… e você já pode imaginar onde quero chegar! Sei que o Thirty Seconds To Mars já esteve aqui várias vezes, mas preciso saber se há planos de voltarem e se você pode compartilhar algumas das memórias que tem de seu tempo aqui no Brasil.
Jared: Claro, nós nos divertimos muito no Brasil. É claro que há o Rock in Rio, aqueles momentos foram inesquecíveis. Os shows cheios de paixão da pessoas, muita energia, é algo incrível. A resposta é ‘sim’, nós vamos retornar assim que for possível. Amamos ir aí e qualquer desculpa que tivermos para ir ao Brasil é muito bem vinda para nós. Somos grandes fãs do Brasil e dos brasileiros. Há muita energia, paixão e amor nesse país e queremos muito voltar.
TMDQA!: Tomara que não demore. Eu estava olhando a discografia de vocês e aí lembrei daquela versão de Rescue Me que vocês têm com o Projota. Existe algum outro artista brasileiro com quem gostariam de colaborar?
Jared: Sim, seria ótimo colaborar com alguém. Quem você acha que poderia ficar legal? Se você sugerir alguém, a gente pode procurá-los e convidá-los. Posso mandar uma DM no Instagram e chamar pra cantar. Quem você acha que seria legal?
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TMDQA!: Ah, legal! Olha, tem uma banda chamada Far From Alaska que eu acho que poderia render uma ótima colaboração. Eles têm uma vocalista feminina, ia ser bem legal.
Jared: É uma banda brasileira, Far From Alaska? É um nome engraçado.
TMDQA!: É sim!
Jared: É, mas vocês estão longe do Alaska mesmo.
TMDQA!: Exato! (risos) Acho que seria bem legal. Mas talvez mantenha no seu radar. Quem sabe?
Jared: Pode deixar, vou conferir!
TMQDA!: Ótimo. Jared, sei que tenho que te liberar, mas desejamos tudo de bom com o novo disco.
Jared: Nós nos vemos em breve, nos falaremos de novo. Guarde um pouco de açaí pra mim!
TMDQA!: Pode deixar!