Recentemente, contamos por aqui de uma entrevista em que Pitty falou sobre temas diversos ligados ao momento atual da carreira, inclusive com relação ao seu posicionamento como cantora de Rock em meio a um cenário que prioriza gêneros musicais como o Funk e o Rap
Apesar dos ritmos citados conversarem com temáticas que também estão presentes em sua música, é bem óbvio que eles fogem musicalmente ao estilo da artista. No entanto, Pitty falou na conversa com o Estadão que admira a cena que está sendo construída e apoia a democratização das etapas de produção musical permitida pelos avanços tecnológicos:
O Rap e o Rock têm muito a ver. Falo isso desde os anos 1990. É uma música de rua, de transgressão, de recolocação no mundo. Eles dialogam. Essa geração mais nova, por questão estética, se identifica muito mais com o rap, o trap e o funk. E há a questão da acessibilidade. Basta ter um software para fazer sua música. Para ter banda de rock, é preciso ensaiar, ter os instrumentos, alugar estúdio. Quando a tecnologia permitiu fazer música de dentro de um quarto, a possibilidade de se expressar se popularizou.
No papo, Pitty ainda foi questionada sobre o machismo nas composições e destacou o processo de readequação das letras na sociedade atual, apontando que é possível transpor tal barreira para encontrar aspectos bastante positivos nos movimentos em ascensão, como o Funk, o Rap e o Trap:
[O machismo nas letras] não é normal. E não é de agora. Sempre existiram letras sexistas e machistas. Não posso esquecer que fui adolescente na época da Tiazinha, da Banheira do Gugu e do É o Tchan. Até por isso, eu quis trazer outra visão de mulher. Quis oferecer para outras adolescentes como eu outras possibilidades de mulheridade. Não corroborarei e não corroboro com letras machistas. Elas não cabiam antes e cabem menos agora. Fora isso, dentro do Funk, do Rap e do Trap, tem coisas muito interessantes.
Como exemplo de uma perspectiva positiva, a cantora citou justamente MC Carol, com quem colaborou recentemente na regravação da música “Só de Passagem” como parte da coletânea ADMIRÁVEL CHIP NOVO (RE)ATIVADO (ouça ao final da matéria).
Pitty cita MC Carol como exemplo dentro do Funk
Ao ser lembrada sobre o famoso verso Meu namorado é mó otário / Ele lava minhas calcinhas, Pitty destacou a mensagem pode ser importante e ressaltou novamente a importância do conteúdo para além da forma:
Mesmo dentro de estilos diferentes, a gente identifica a mensagem. Cada um se expressa de uma maneira. Essa é a dela. Nem todo mundo cresceu com acesso a mesma linguagem. Novamente, o que importa é o conteúdo, não a forma. A MC Carol tem putaria na obra dela. Mas também, fora de uma mulher padrão, ela fala sobre empoderamento. E, se afirmar fora de um corpo de uma mulher padrão, é muito mais complicado. E isso me interessa muito.
Assim como MC Carol, outras participações de (RE)ATIVADO expandem de diversas formas a sonoridade de Pitty, incluindo experimentações de nomes como Pabllo Vittar e Emicida com os clássicos “Equalize” e “Teto de Vidro”, respectivamente. Ouça o disco de versões completo clicando aqui!
Pitty explicou a derrocada do Rock nas últimas décadas
Atualmente, o Rap e seus subgêneros, como o Trap, crescem exponencialmente no país e os estilos são muitas vezes citados como uma espécie de substitutos do Rock no que diz respeito às letras de protesto.
Para Pitty, existe uma explicação para o declínio do gênero e você pode saber mais neste link.
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