A espera foi longa, mas acabou. Nesta sexta-feira, 20 de Outubro, chega às plataformas digitais o novo disco do blink-182 com o retorno de Tom DeLonge, e a verdade é que ONE MORE TIME… não poderia ser um presente maior para os fãs da era mais celebrada da banda.
Para além da volta de Tom, ONE MORE TIME… parece resgatar tudo que faz o blink ser o blink. Logo de cara, o álbum nos apresenta “ANTHEM PART 3”, música que tem toda a assinatura da melhor fase do grupo e remete bastante ao Hardcore Melódico dos Anos 90, além de referenciar as partes anteriores, tão aclamadas pelos fãs.
A sequência inicial continua com “DANCE WITH ME”, e não é exagero dizer que a faixa com o melhor refrão do álbum é também a melhor do disco. Simples e grudenta, reúne tudo que a banda sabe fazer de melhor e tem tudo para se tornar um clássico com o tempo.
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Da mesma forma, a essência do blink-182 também marca presença forte em outras faixas como “YOU DON’T KNOW WHAT YOU’VE GOT”, com um riff de introdução que remete inevitavelmente a “Adam’s Song” e um DNA extremamente próprio do blink. Ainda assim, há espaço para inovações no álbum — algumas certeiras, outras nem tanto.
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blink-182 resgata sonoridade consagrada, mas traz inovações
Não há dúvidas de que o blink-182 sempre teve uma veia Pop — afinal, estamos falando dos reis do Pop Punk. Dito isso, ONE MORE TIME… traz um flerte ainda maior com elementos que se aproximam mais do Pop do que do Punk, algo bem incomum até o último disco NINE.
Falando no tão criticado álbum mais recente, a verdade é que algumas faixas do novo disco remetem bastante à sonoridade que, provavelmente, vem muito de Mark Hoppus. “OTHER SIDE” e especialmente “FALL IN LOVE” poderiam estar no trabalho de 2019, o que passa longe de ser um elogio mas atesta a consistência de Hoppus em manter sua identidade sonora atual mesmo com o retorno de DeLonge.
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Onde ONE MORE TIME… brilha mesmo, no entanto, é nas faixas em que é praticamente impossível distinguir quem é o compositor. “MORE THAN YOU KNOW” talvez seja o melhor exemplo, e disputa o posto de melhor música do álbum com “DANCE WITH ME”; tão intensa quanto grudenta, é um perfeito exemplo da inovação certeira.
Também nesse sentido, a faixa-título é talvez o grande destaque por todo o significado que carrega. Ainda que talvez não seja a mais propensa a ser colocada para tocar o tempo todo, é definitivamente uma mensagem importante para os fãs que foi entregue da melhor maneira possível.
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Projetos paralelos marcam presença em ONE MORE TIME…
Outro ponto bem interessante de ONE MORE TIME… é que o álbum deixa muito claro que as possíveis diferenças por causa dos projetos solo dos integrantes não foram apenas deixadas de lado, mas incorporadas à sonoridade do blink-182, como já parecia ter ficado claro em um vídeo feito por Mark Hoppus (veja abaixo).
Logo na primeira parte do álbum, “TERRIFIED” aparece para presentear os fãs que esperam há tanto tempo por novo material do Box Car Racer. Os fãs de Angels & Airwaves também vão se sentir representados, com “WHEN WE WERE YOUNG” e “BLINK WAVE” soando como se tivessem sido tiradas diretamente de um disco do projeto de Tom DeLonge.
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Mark Hoppus arrastou Tom DeLonge para seu camarim antes de show do blink-182 para mostrar que estava ouvindo Angels & Airwaves ❤️🥺 pic.twitter.com/cHyM0tWbg5
— Tenho Mais Discos Que Amigos! 🎶 (@tmdqa) October 8, 2023
Além dos exemplos mais óbvios, há claras influências de elementos do +44 no novo álbum, mas precisamos falar também sobre Travis Barker. O baterista incorporou as tais influências de suas empreitadas solo ao atuar como produtor do álbum, o que teve suas vantagens e desvantagens ao olhar o produto final.
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ONE MORE TIME… vai do Pop ao Hardcore
É notável que Travis soube extrair o melhor dos companheiros de banda no que diz respeito às composições. Como já citado acima, músicas como “ANTHEM PART 3”, “DANCE WITH ME” e “MORE THAN YOU KNOW” têm tudo para estar entre as favoritas dos fãs por um bom tempo, mas as decisões de como o álbum soa são no mínimo questionáveis.
Isso não é necessariamente culpa de Travis, que contou com um time estrelado de produção na parte técnica — mas um exemplo claro do motivo para o disco soar do jeito que soa é a escolha de Serban Ghenea para a mixagem, profissional muito reconhecido por seu trabalho dentro do Pop que já lhe rendeu 19 Grammys.
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O resultado dessa combinação parece privilegiar aspectos técnicos do Pop enquanto a sonoridade não necessariamente segue pelo mesmo caminho. Em diversos momentos, a bateria de Travis Barker parece disputar espaço com os vocais de Hoppus e DeLonge e a combinação não soa agradável aos ouvidos.
Além disso, a escolha por uma sonoridade “tecnicamente perfeita”, por assim dizer, reduz a força dos elementos Punk justamente em algumas das melhores músicas do álbum, como “ANTHEM PART 3”. Em situações onde a música parece pedir mais crueza, o blink-182 entrega algo extremamente polido — no fim das contas, algo que se reduz a questão de gosto, é claro, mas que soa estranho e tira a potência de várias das composições.
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blink-182 empolga fãs e faz valer a espera por novo álbum
Mesmo com os aspectos negativos, ONE MORE TIME… é um excelente álbum e sem dúvidas o melhor com Tom DeLonge desde o autointitulado de 2003 — ou seja, chega para matar a saudade que alguns fãs têm há 20 anos e que pouco foi saciada por Neighborhoods (2011), um favorito pessoal que pouco incorporou os elementos mais essenciais da banda.
Apostando na nostalgia sem usá-la como muleta, ONE MORE TIME… é um ótimo produto de uma reunião que, acima de tudo, soa sincera. Como fica bem claro pela faixa-título, o blink-182 não teve medo de se expor em um disco que, ao mesmo tempo em que demonstra maturidade, tem músicas como “EDGING” para se reconectar à essência mais humorística da banda.
ONE MORE TIME… pode não ser o disco perfeito, mas certamente vai agradar a maioria dos fãs e mostra de uma vez por todas que a sintonia entre o trio mais querido do Pop Punk ainda está presente e que, se o contexto permitir, ainda ouviremos muitos hinos do gênero nos próximos anos.