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Roger Waters faz ativismo político sob a chancela do público carioca em show grandioso no RJ; setlist e fotos

Roger Waters se apresentou neste sábado (28) no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, com a turnê "This Is Not a Drill" e impressionou o público.

Roger Waters no Rio de Janeiro
Crédito: Marcos Hermes

Um dia depois de visitar a Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro e receber a medalha de honra Pedro Ernesto, que reconhece destaques da sociedade brasileira ou internacional, Roger Waters apresentou seu novo show na cidade neste sábado (28), no estádio Nilton Santos.

Cinco anos após sua passagem pelo Maracanã, o ex-baixista do Pink Floyd voltou ao mesmo local de sua performance em 2012, na época sob o nome de Engenhão.

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Dessa vez, com a turnê This Is Not a Drill, Roger manteve o equilíbrio entre músicas de sua antiga banda e canções de sua carreira solo, como a inédita “The Bar”, que já vem sendo tocada nos shows da turnê.

O show, como sempre, começou com um importante recado de Roger:

Se você é um daqueles fãs de Pink Floyd que não suportam a política do Roger, vaza para o bar!

Nesse momento, como era de se esperar, o público explodiu em gritos e aplausos, muito em função das confusões que aconteceram durante a turnê do músico por aqui em 2018, às vésperas da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Diferentemente daquela vez, a maioria da plateia parecia em concordância com o alinhamento político de Waters, sempre mais associado ao movimento de esquerda e inclinado à defesa dos direitos humanos.

Com 20 minutos de atraso, já que muita gente ainda estava do lado de fora do estádio no horário previsto para começar a apresentação, Roger surgiu no palco acendendo um cigarro quando o relógio já se aproximava de 21h30.

O músico de 80 anos apareceu em cena ao lado de um senhor cabisbaixo sentado em uma cadeira de rodas, como se fosse o enfermeiro do homem muito doente. A intenção, claro, era remeter a “Comfortably Numb”, faixa do clássico álbum The Wall (1979) que abre o setlist da turnê atual — na tour de 2018, a mesma música fechava o repertório.

Roger Waters no Rio de Janeiro

A versão apresentada nesta excursão é a de 2022, regravada sob uma nova perspectiva. Trazendo mais uma vez uma mega estrutura que impressiona qualquer fã, o cantor inglês, na sequência, empolgou o público com a junção de “The Happiest Days of Our Lives” e as partes 2 e 3 de “Another Brick in the Wall”.

A comoção diminuiu um bocado com “The Powers That Be”, música que integra o disco solo Radio K.A.O.S., lançado por Roger em 1987. O show seguiu com foco na carreira de Waters fora do Pink Floyd e o baixista executou “The Bravery of Being Out of Range”, faixa que aparece no Amused to Death, de 1992.

Antes da já citada “The Bar”, o veterano artista perguntou como se dizia “bem-vindo” em português e pediu que todo mundo respondesse junto. A plateia, claro, respondeu em uníssono enquanto Roger abria os braços para aprovar a vibração da plateia. “Bravo! Obrigado”, concluiu ele.

Em seguida, o músico fez um discurso descontraído sobre o que representa a nova canção:

Nós vamos tocar uma nova canção agora, e ela se chama ‘The Bar’. É uma música sobre ir até um bar, talvez pedir um drink, ou não, encontrar amigos ou estranhos, conversar uns com os outros, expor seus sentimentos sobre as coisas, sua opinião… Ter uma conversa adequada com as outras pessoas é muito importante porque nós precisamos encorajar nosso líderes a conversar entre si.

Entre sucessos do Pink Floyd como “Wish You Were Here”, que lembrou do também fundador do Pink Floyd Syd Barrett, e “Shine On You Crazy Diamond”, além de faixas solo como “Déjà Vu” e “Is This the Life We Really Want”, quatro telões gigantes ajudavam a contar a narrativa do show.

Continua após o vídeo

Marielle Franco e mensagens políticas em show do Roger Waters

Imagens e textos exibidos através do aparato tecnológico de altíssima qualidade fizeram pesadas críticas políticas, apontando gestões historicamente genocidas dos presidentes dos Estados Unidos, denunciando crimes de guerra em diferentes partes do mundo, defendendo direitos de minorias e celebrando o legado de figuras corajosas como a vereadora assassinada Marielle Franco, cuja defesa valeu a Roger a medalha Pedro Ernesto.

Na apresentação, também foi nítido o auxílio da excelente banda de Waters, que jogou o serviço para o guitarrista Jonathan Wilson nas canções com melodias mais agudas — ou aquelas cantadas por David Gilmour, ex-companheiro de Roger no Pink Floyd que se tornou um grande desafeto.

A composição dos músicos no palco ainda contava com as cantoras de apoio Shanay Johnson e Amanda Belair, os guitarristas Dave Kilminster e Gus Seyffret, o tecladista/guitarrista Jon Carin, o organista Robert Walter, o baterista Joey Waronker e o saxofonista Seamus Blake, que chamou bastante a atenção do público pelo seu destaque.

Em “Sheep”, que encerrou o primeiro ato da apresentação, uma enorme ovelha sobrevoou o Niltão e obrigou centenas de fãs a sacarem seus celulares do bolso para registrarem o momento.

Sequência de hits do Pink Floyd na etapa final do show

Depois de um intervalo de 20 minutos, foi a vez do porco inflável passear por cima do público e a apresentação foi retomada com “In the Flesh”, que trouxe Waters sob uma camisa de força na cadeira de rodas e acompanhado por dois enfermeiros, como se estivesse no lugar do idoso moribundo visto no início do show.

Na segunda execução de “The Bar”, após hits do Pink Floyd como “Money”, “Us and Them”, “Brain Damage”, “Eclipse” e “Two Suns in the Sunset”, Waters confessou ao público que a música foi inspirada pela obra de Bob Dylan:

Peguei emprestadas algumas palavras de ‘Sad-Eyed Lady of the Lowlands’, do disco ‘Blonde on Blonde’, de Bob Dylan, para esta próxima canção.

Roger, então, dedicou a faixa a Dylan, assim como a Camilla, sua mulher, e a seu irmão mais velho, John, morto no ano passado.

Apesar de ainda estar muito disposto, Roger, em uma das tantas interações com a plateia, reforçou o fato desta ser uma turnê de despedida ao falar sobre estar “se divertindo muito” e ressaltar que não sabe se terá forças para continuar nos palcos no futuro.

A considerar que Waters, provavelmente, não mais retornará a uma excursão mundial, quem estava no Nilton Santos e acompanhou um grandioso espetáculo de quase três horas de duração pode se considerar uma pessoa extremamente sortuda.

Agora, Roger Waters, que já havia passado por Brasília, como te contamos aqui, segue para Porto Alegre (1/11), Curitiba (4/11), Belo Horizonte (8/11) e São Paulo (11 e 12/11). Confira o setlist e fotos do show no Rio de Janeiro logo abaixo!

LEIA TAMBÉM: Os 8 artistas que mudaram a vida de David Gilmour, do Pink Floyd

Setlist Roger Waters no Rio de Janeiro:

Set 1:
1. “Comfortably Numb” (Pink Floyd)
2. “The Happiest Days of Our Lives” (Pink Floyd)
3. “Another Brick in the Wall, Part 2” (Pink Floyd)
4. “Another Brick in the Wall, Part 3” (Pink Floyd)
5. “The Powers That Be”
6. “The Bravery of Being Out of Range”
7. “The Bar”
8. “Have a Cigar” (Pink Floyd)
9. “Wish You Were Here” (Pink Floyd)
10. “Shine On You Crazy Diamond” (Pink Floyd)
11. “Sheep” (Pink Floyd)
Set 2:
12. “In the Flesh” (Pink Floyd)
13. “Run Like Hell” (Pink Floyd)
14. “Déjà Vu”
15. “Déjà Vu (Reprise)”
16. “Is This the Life We Really Want?”
17. “Money” (Pink Floyd)
18. “Us and Them” (Pink Floyd)
19. “Any Colour You Like” (Pink Floyd)
20. “Brain Damage” (Pink Floyd)
21. “Eclipse” (Pink Floyd)
22. “Two Suns in the Sunset” (Pink Floyd)
23. “The Bar (Reprise)”
24. “Outside the Wall” (Pink Floyd)

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