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Resenha: Com estreia do American Football no Brasil, Balaclava Fest 2023 mostrou o poder de uma boa curadoria

Balaclava Fest 2023 em São Paulo teve grandes momentos para o Rock Alternativo com American Football, Unknown Mortal Orchestra e mais; veja fotos.

Balaclava Fest 2023
Foto: André Figueirêdo para o TMDQA!

Em sua 13ª edição, o Balaclava Fest já se notabilizou por trazer ao Brasil o melhor da cena Indie e Alternativa internacional, mas quem foi ao Tokio Marine Hall no último domingo (19) teve a impressão de estar num dos maiores eventos musicais do ano.

O festival levou sete atrações à zona sul de São Paulo, e o público estava atento desde as 15h40 da tarde, quando os brasileiros do terraplana e do Shower Curtain fizeram um show conjunto incrível.

Num mar de gente usando camisetas do American Football, que faria mais tarde sua primeira performance no Brasil em toda carreira, grande parte do público – formado majoritariamente por casais e grupos de amigos na casa dos 30 anos – também usava estampas do terraplana e dos gringos PVA e Hatchie.

Mas o destaque do Palco Hall, o espaço “secundário” do Balaclava, foi sem dúvidas o Thus Love, grupo britânico de Queer Punk que fez a casa tremer com batidas pesadas, solos incríveis e muita energia. Pra quem ainda não conhece, recomendamos fortemente o álbum Memorial (2022).

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A estrutura do Balaclava Fest 2023

Antes de falarmos das atrações principais no Palco Balaclava, vale registrar o conforto das quase 4 mil pessoas que compareceram ao festival, com extrema facilidade de chegada pela Linha Esmeralda da CPTM, pouca fila na porta e entrada na casa sem burocracia.

Pra quem passou o dia inteiro curtindo boa música, não faltaram opções de comida num cardápio excelente, além de muitas opções de bebida, incluindo cerveja gelada e drinks da marca de whisky parceira.

Um ponto que pode ser melhorado é a aglomeração entre um show e outro, causada principalmente em espaços como a “área de descanso” e a área para fumantes.

Whitney no Balaclava Fest 2023

A primeira atração do palco principal foi a banda do baterista-vocalista Julien Ehrlich, que mostrou muito carisma desde o início enquanto trocava da bateria para o violão, sempre com sua voz doce e impecavelmente afinada.

Além do frontman, chamou a atenção a “parede sonora” criada pelos seis músicos no palco, incluindo percussão, teclados e instrumentos de sopro. O show teve 12 músicas, incluindo sucessos dos quatro álbuns do grupo de Chicago como “Giving Up”, “Dave’s Song”, “Used to Be Lonely” e “Valleys (My Love)”.

Lá pro meio da apresentação, Julien destacou o carinho da plateia – que gritou, deu risada e aplaudiu muito – e disse que estava muito feliz de estar ali. Essa foi apenas a segunda passagem do Whitney pelo Brasil, e a julgar pelo show no Balaclava Fest, eles voltarão muitas vezes.

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American Football no Balaclava Fest 2023

Curiosamente, o momento de maior expectativa para quem estava no festival aconteceu às 19h15, antes mesmo do headliner do Palco Balaclava. Afinal, tratava-se de uma das maiores bandas do Emo americano que, mais de 26 anos após sua formação, nunca havia se apresentado para fãs brasileiros.

Mike Kinsella e companhia quebraram esse tabu gloriosamente no último domingo, mantendo a plateia vidrada do primeiro ao último acorde das guitarras nada convencionais do frontman e do companheiro Steve Holmes.

Claramente retraído, Mike falou pouco com o público, mas não deixou nenhum tipo de nervosismo transparecer em sua voz. Já o irmão, o baixista Nate Kinsella, manteve um sorriso no rosto durante as 16 músicas e cativou os fãs com seus backing vocals.

O show começou com “Stay Home” e acabou com o clássico “Never Meant”, e no meio deu tempo pra hits como “Uncomfortably Numb”, “Honestly?” e “I’ll See You When We’re Both Not So Emotional”. Simplesmente inesquecível!

Unknown Mortal Orchestra no Balaclava Fest 2023

Engana-se quem pensa que alguém arredou o pé do Tokio Marine Hall depois do American Football. Ainda faltava a principal atração da noite, que em vez de fazer um aceno ao Rock de décadas passadas, representa o que há de mais quente no Indie atual.

Com cinco discos lançados desde 2011, a banda neozelandesa liderada por Ruban Nielson conquistou uma legião de fãs por sua mistura de R&B e Psicodélico, sonoridade que permite ao quarteto muita improvisação em cima do palco.

Por isso o público brasileiro viu versões exclusivas, extendidas ou reduzidas de sucessos como “Swim and Sleep”, “Necessary Evil”, “So Good at Being in Trouble” e “Hunnybee”.

A noite acabou com “Can’t Keep Checking My Phone”, e quem esteve no Balaclava Fest voltou pra casa com a certeza de ter presenciado uma noite histórica para o Rock Alternativo no Brasil.

Que venha o próximo!