Os Anos 90 são lendários por diversos motivos, mas a evolução musical desta década é um símbolo do avanço constante que foi promovido em todas as áreas. Do Rap ao Rock, praticamente todo gênero musical sofreu mutações irreversíveis nessa época, com consequências grandes até hoje.
A maioria delas, claro, foi positiva. Não é à toa que alguns dos artistas mais populares do planeta até hoje tiveram seus auges ou surgiram justamente neste período, que também marcou uma maior integração entre estilos que, até então, não conversavam tanto — casos, por exemplo, do Rap e do Rock.
Para ilustrar toda essa evolução e a trajetória incrível da música nos Anos 90, o TMDQA! separou uma lista com os melhores discos de cada ano da década, começando em 1990 e indo até 1999. Confira logo a seguir!
1990: Public Enemy – Fear of a Black Planet
Um dos discos mais revolucionários de sua época, Fear of a Black Planet furou a bolha do Hip Hop e se tornou influente até mesmo para figuras do Rock e Metal, colocando o Public Enemy em uma prateleira única.
Verdadeiro hinário dos Anos 90, o álbum também deu o tom do Rap de protesto que viria a tomar conta das caixas de som dos EUA nos anos seguintes, e que também teria sua influência exportada para toda uma cena brasileira com importância gigante.
Menções honrosas: Depeche Mode – Violator; Sonic Youth – Goo; Fugazi – Repeater; Pixies – Bossanova; Jane’s Addiction – Ritual de lo Habitual
1991: Pearl Jam – Ten / Nirvana – Nevermind
Escolher um único disco para o ano de 1991 é uma tarefa literalmente impossível. Isso porque este ano nos deu os dois maiores álbuns de Grunge já lançados, os igualmente influentes Ten, do Pearl Jam, e Nevermind, do Nirvana.
O segundo pode até ser mais popular, mas é fato que Ten também teve uma importância inquestionável para a cena da época e, enquanto disco, soa até mais consistente do que a grande obra do Nirvana. Por isso, vamos de empate técnico!
Menções honrosas: My Bloody Valentine – Loveless; Soundgarden – Badmotorfinger; U2 – Achtung Baby; A Tribe Called Quest – Low End Theory
1992: Alice in Chains – Dirt
Ainda na pegada do Grunge, o ano seguinte trouxe o Alice in Chains elevando o estilo a uma nova sonoridade. Mais pesada do que nunca e ao mesmo tempo mais emotiva e melancólica, a banda encontrou em Dirt a fórmula para um disco sem defeitos.
Não à toa, o disco de 1992 é um dos que melhor envelheceu com o tempo e segue até hoje em um patamar virtualmente inalcançável, com sua influência se estendendo para além do Grunge e do Rock e chegando até a algumas grandes bandas de Metal.
Menções honrosas: R.E.M. – Automatic for the People; Dr. Dre – The Chronic; Pavement – Slanted and Enchanted; Faith No More – Angel Dust
1993: The Smashing Pumpkins – Siamese Dream
Apesar do lançamento de In Utero ser talvez o mais barulhento do ano de 1993, é fato que a cena Grunge começava a se despedir — ou, melhor dizendo, ser incorporada na sonoridade de bandas que começavam a surgir com outras influências se somando ao estilo popular da época.
Era o caso do Smashing Pumpkins, que conseguiu criar uma obra extremamente única em Siamese Dream, reunindo influências que passavam pelo Shoegaze e pelo Indie para criar uma obra-prima do Rock Alternativo, que também conversou com o público do Grunge e passou a abrir suas cabeças para ainda mais sonoridades.
Menções honrosas: Nirvana – In Utero; PJ Harvey – Rid of Me; Wu-Tang Clan – Enter the Wu-Tang (36 Chambers); A Tribe Called Quest – Midnight Marauders; Pearl Jam – Vs.; Slowdive – Souvlaki
1994: Green Day – Dookie
Mudando totalmente a direção da lista, o Green Day chegou chegando em 1994 para dar o tom do que seria a música radiofônica da segunda metade da década. Com Dookie, a banda bateu de frente com grandes nomes do Britpop, que também começava a estourar na época, e desbancou o Grunge.
Como a maioria já deve saber, o álbum abriu caminho para que grupos como o blink-182 dominassem o final dos Anos 90 e colocassem o Pop Punk em uma alta sem igual, que faz com que ele permaneça conversando até hoje com diferentes gerações.
Menções honrosas: Oasis – Definitely Maybe; Blur – Parklife; Beastie Boys – Ill Communication; Nine Inch Nails – The Downward Spiral; Jeff Buckley – Grace; Soundgarden – Superunknown; Portishead – Dummy; Nas – Illmatic
1995: Alanis Morissette – Jagged Little Pill
Falando em Pop e música radiofônica, o ano de 1995 foi fundamental para unir o mainstream e a cena mais alternativa. Uma das grandes responsáveis por isso foi Alanis Morissette e seu icônico Jagged Little Pill, que trouxe ao público hits como “Ironic” e “You Ougtha Know”.
O segundo, inclusive, é bastante simbólico ao trazer Flea e Dave Navarro (Red Hot Chili Peppers) em sua gravação, além de Taylor Hawkins (que eventualmente seria do Foo Fighters) marcando presença no clipe. A própria fusão de todos os gêneros da época em um belo suco de Pop!
Menções honrosas: The Smashing Pumpkins – Mellon Collie and the Infinite Sadness; Radiohead – The Bends; PJ Harvey – To Bring You My Love; Oasis – (What’s the Story) Morning Glory?
1996: Jay-Z – Reasonable Doubt
O Rap vinha perdendo um pouco de força ao longo dos Anos 90 até que surgiu ele: Jay-Z. Logo em sua estreia, o disco Reasonable Doubt, o rapper deu nova vida a uma cena que estava precisando de renovação.
Mais do que isso, suas explorações mais melódicas e seu instrumental que flertava mais com o R&B passou a dar o tom do que viria a seguir no Hip Hop, abrindo espaço para uma popularização ainda maior do gênero nos Anos 2000.
Menções honrosas: Weezer – Pinkerton; OutKast – ATLiens; Fugees – The Score; Beck – Odelay; DJ Shadow – Endtroducing…..
1997: Radiohead – OK Computer
O ano de 1997 foi bastante prolífico para a música, mas o topo tem dono. Com OK Computer, o Radiohead conseguiu elevar sua sonoridade a um lugar inédito para a própria banda, que transformou completamente o Rock Alternativo e seu lugar no mainstream.
A tristeza e melancolia palpável da banda foram ingredientes fundamentais para se somarem à experimentação que OK Computer trouxe, transformando o disco em um grande registro de época que ajuda a entender a transição do novo milênio. Histórico!
Menções honrosas: Elliott Smith – Either/Or; Björk – Homogenic; Erykah Badu – Baduizm; Modest Mouse – The Lonesome Crowded West
1998: Madonna – Ray of Light
Muita gente chama Madonna de Rainha do Pop e não é à toa. Depois que surgiu e teve seu (primeiro) auge, a cantora conseguiu se reinventar várias vezes e talvez a mais emblemática delas tenha sido com Ray of Light, disco de 1998 que ajudou a levar sua influência para toda uma nova geração.
Atualizando a própria sonoridade para conversar com as tendências da época e mantendo uma identidade que era sua principal assinatura, Ray of Light foi a prova de que Madonna jamais perderia relevância — algo que segue como verdade até hoje.
Menções honrosas: Massive Attack – Mezzanine; Elliott Smith – XO; Hole – Celebrity Skin
1999: Red Hot Chili Peppers – Californication
Pra fechar a lista com chave de ouro, temos um dos discos mais ouvidos de Rock de todos os tempos. Californication tem uma estética perfeita para simbolizar o fim dos Anos 90, trazendo a medida certa de nostalgia e inovação que a época pedia.
Com inúmeros hits em sua tracklist, o álbum se tornou um clássico incontestável e, por mais que nem todo fã dos Peppers considere-o o melhor da carreira da banda, é difícil dizer que não é o mais importante.
Menções honrosas: Blur – 13; Eminem – The Slim Shady LP; Moby – Play; Rage Against the Machine – The Battle of Los Angeles