Tem sido frequente dizer que a música brasileira nos surpreende a cada ano com a produção de materiais diversos de Norte a Sul do país.
Em 2023 não foi diferente, e essa lista reflete um pouco disso tudo: tem banda de rock alternativo desenhando ótimos caminhos para o futuro, tem artista no mainstream experimentando com novas sonoridades e tem gente que acabou de começar mas já mostrou todo seu talento.
Em tempos onde (ainda) questiona-se a ideia de gravar um álbum, os músicos percebem cada vez mais que o modelo de singles serve para as plataformas, mas que não há como conquistar fãs e construir uma carreira de maneira consistente se você não despejar sua alma em trabalhos verdadeiros.
Hoje, trazemos 50 nomes que abrilhantaram o ano de 2023 com alma, coração e muita, mas muita verdade em suas composições.
Os 50 Melhores Discos Nacionais de 2023 – Playlist
Você pode ver a lista detalhada logo abaixo, com uma música de cada álbum em vídeo, mas também pode ouvir todos eles na playlist TMDQA! Brasil, que foi invadida com os 50 nomes dessa lista.
Ouça logo abaixo e siga a playlist agora mesmo no Spotify clicando aqui.
50 – Playmoboys & Oh! I Kill – Nada é de Uma Vez
Playmoboys e Oh! I Kill uniram forças para apresentar um álbum que sintetiza o encontro da MPB com o Indie britânico.
Com canções em português e guitarras que bebem nas fontes de bandas como Oasis, o disco é uma viagem nostálgica pela sonoridade do rock alternativo dos Anos 90 encontrando ares ensolarados do Brasil.
49 – Gabriel O Pensador – Antídoto Pra Todo Tipo de Veneno
Gabriel O Pensador é uma verdadeira lenda do Rap Nacional e parece que ele fez questão de deixar isso bem claro em seu novo disco, o primeiro em mais de uma década.
Em tempos onde o trap dita as regras, há muitos fãs de Rap que podem até estranhar a forma como Gabriel constrói suas rimas, pintando paisagens urbanas através de frases diretas e sem rodeios para retratar questões sociais sobre as quais gostaria de falar.
Costurando pontes entre Rap, Rock e MPB, o Pensador dá o “carteiraço” em “Profecia”, faixa de abertura, antes de retomar a parceria com Lulu Santos que gerou um dos maiores hits da história do seu país para uma nova versão do sucesso, apropriadamente batizada como “Cachimbo da Paz 2”.
O disco ainda conta com nomes como Xamã, Sant, Armandinho, Black Alien e Helio Bentes.
48 – Jaloo – MAU
Após um período longe dos holofotes, Jaloo voltou com nova identidade, sonoridade e estética.
Acertou ao direcionar todos os seus esforços para uma música mais Pop do que fazia ao mesmo tempo em que mantém traços de suas raízes e dá uma assinatura muito própria para um gênero musical que pode acabar sendo tão plastificado.
MAU é um ótimo exemplo de como é possível ter criatividade mesmo quando se explora vertentes usadas à exaustão pela indústria da música.
47 – Mahmundi – Amor Fati
Celebrada por composições com as quais é fácil se relacionar e o clima good vibes de álbuns e shows, Mahmundi voltou com mais um ótimo disco em 2023.
Amor Fati, ou “amor ao destino” (expressão latina que procura traduzir a ideia de “não só suportar o que é necessário, mas amá-lo”) mostra uma série de composições confessionais sobre relacionamentos, amores, parcerias e a vida nos tempos atuais, misturando elementos da MPB e da música alternativa.
“Sem Necessidade”, com Tagua Tagua, é um dos destaques.
46 – DJ K – PANICO NO SUBMUNDO
“DJ K NÃO TÁ MAIS PRODUZINDO. TÁ FAZENDO BRUXARIA.”
Essa frase, repetida diversas vezes ao longo de PANICO NO SUBMUNDO, reflete a ideia tão bem construída por DJ K de que ele está explorando novas fronteiras do Funk e sendo pioneiro de vários territórios em que o estilo ainda não pisa.
O disco, feito em três dias, é uma viagem bizarra por referências à Cultura Pop repleta de distorções, repetições, bases fora do padrão e um ar experimental muito forte que promete influenciar nomes do gênero que surgirão daqui pra frente.
45 – Ianaê Régia – Afroglow
Com 7 músicas e 26 minutos, o disco de estreia da artista gaúcha Ianaê Régia é daqueles que merecem ser deixados em loop.
Batidas envolventes, ótimas guitarras e vocais deliciosos evocam elementos que vão do Trip Hop ao Rap, passando pelo R&B e Jazz, costurando pontes entre orgânico e eletrônico de formas como muita gente tem procurado fazer por aí há tempos sem a originalidade e o talento de Ianaê.
44 – Troá! – Deboche
Troá! é uma dupla formada pela baterista Manuella Terra e pela vocalista/baixista/tecladista/produtora Carol Mathias.
A sonoridade característica do projeto mistura elementos da MPB, do Jazz, da Psicodelia e do Synthpop, e em Deboche tudo isso é explorado de uma forma concisa e direta, com 9 faixas em 30 minutos e 30 segundos, do jeito que a gente mais adora.
No álbum, ainda aparecem participações especiais de Letrux, Boogarins e Tuyo.
43 – Carol Biazin – Reversa
Carol Biazin tem um vozeirão que a coloca facilmente entre as principais cantoras do mainstream brasileiro na atualidade.
Durante a carreira, ela já passeou por diferentes gêneros e agora parece ter fincado os dois pés no Pop, mais especificamente apostando em letras que falam explicitamente sobre relacionamentos, amor e sexo.
Reversa tem ares de megaprodução e talvez o único pecado aqui seja colocar o talento nato de Carol em segundo plano para deixar o tratamento de estúdio em destaque.
42 – Clarice Falcão – Truque
Em seu quarto disco de estúdio, Clarice Falcão parece ter encontrado um balanço quase perfeito entre tudo que fez até agora na carreira.
As letras diretas, ácidas e muitas vezes falando sobre as decisões erradas que a artista toma estão lá, bem como os elementos eletrônicos que passaram a aparecer desde que ela deixou o folk do início de carreira pra trás.
Dessa vez, tudo é bem dosado e serve como pano de fundo para Clarice abrir seu coração e expor as alegrias e dificuldades de relacionamentos como só ela sabe fazer.
41 – slipmami – Malvatrem
O sucesso de “Oompa Loompa” e seus quase 10 milhões de plays mostra que o público amou a verdadeira “boca suja” de slipmami.
Em Malvatrem, ela explora diferentes aspectos do Rap, do Trap e da música urbana, sempre com uma dose cavalar de palavrões para passar ao público mensagens de autoconfiança e empoderamento.
No disco, lançado pelo efervescente Heavy Baile, aparecem nomes fortes da cena atual como Leo Justi, Puterrier e Yung Nobre.
40 – Lagum – Depois do Fim
Depois do Fim é um álbum pra lá de simbólico na discografia da banda de Pop Rock mineira.
Primeiro disco criado e gravado pela banda desde a morte do baterista Tio Wilson, mostra que o Lagum está procurando novos caminhos e admirando novas paisagens para acrescentar tons e cores às suas canções.
Aqui, ainda temos a predominância de canções radiofônicas que podem acabar afastando o ouvinte que procura por experimentações, mas o ouvido mais atento e disposto a quebrar essa barreira do “ranço” pelo que é popular vai encontrar influências de clássicos da MPB, do Ska e até da Música Eletrônica em Depois do Fim.
39 – Martins – Interessante e Obsceno
Martins é um dos cantores, compositores e instrumentistas mais talentosos da nova geração.
O artista pernambucano já foi regravado por Ney Matogrosso e teve canções interpretadas por Simone, Margareth Menezes e Daniela Mercury, mostrando que as suas palavras furam bolhas e tocam até mesmo os artistas mais consagrados da música brasileira.
Em Interessante e Obsceno, ele mostra por que é celebrado por esses nomes e apresenta todo seu carisma presente nas letras e nos vocais, que contam com um sotaque delicioso.
38 – DAY LIMNS – VÊNUS≠netuno
A cada lançamento que faz, DAY LIMNS parece estar mais próxima da sonoridade que realmente a cativa.
Após um mergulho na música Pop, onde lançou suas próprias músicas e escreveu para intérpretes de peso, a artista lançou um disco onde coloca as guitarras do Rock e as rimas do Rap em evidência, como se estivesse celebrando as bandas dos Anos 90 e 2000 que fizeram parte da sua formação.
De um lado, ainda há elementos do Pop que podem afastar aqueles que têm frequentado os festivais de Rock onde DAY se apresenta, mas de outro há vários sinais de muita atitude como em “MINHA RELIGIÃO”, onde ela não se importa em falar que sua crença é “te ver pelada na minha frente”, mesmo tendo um histórico ligado à Igreja.
37 – MEE – MEE
Homônimo, direto e reto: o disco de estreia da banda MEE traz guitarras pesadas aliadas a riffs experimentais, transições fora do óbvio e vocais berrados carregados de emoção.
Fãs de Post-Hardcore, Screamo, Metal, Pós-Punk e até Emo irão se deleitar após o primeiro play.
36 – Filipe Catto – Belezas São Coisas Acesas Por Dentro
Com uma capa marcante e identidade forte, o projeto de Filipe Catto procurou celebrar a vida e a obra da incrível Gal Costa, que nos deixou recentemente.
No álbum, não apenas se faz jus a uma das maiores artistas de todos os tempos com canções de seu repertório, como se constrói uma série de passagens incríveis para evidenciar o talento de quem está dando nova cara a canções escritas por Jorge Mautner, Nelson Jacobina, Gilberto Gil, Caetano Veloso e mais.
35 – Besouro Mulher – Volto Amanhã
Há um senso de urgência nas faixas de Volto Amanhã, disco do quarteto de Rock Alternativo formado por Arthur Melino, Bento Pestana, Sophia Chablau e Vitor Park.
Aqui, é como se as letras dessem vazão a sentimentos que estão presentes e talvez ainda nem tenham sido completamente entendidos, mas precisam ser expressados.
Para isso, a banda usa guitarras, baixo, bateria e a forma única que Sophia Chablau tem de contar histórias ao mesmo tempo em que canta.
Um dos destaques é a ótima “Torresmo”, lançada por Juliana Perdigão em parceria com Arnaldo Antunes no disco Folhuda, um dos melhores álbuns nacionais de 2016.
34 – Rubel – AS PALAVRAS, VOL. 1 & 2
Queridinho da Nova MPB e do Folk brasileiro, Rubel resolveu abrir todas as janelas e deixar entrar todos os tipos de influências externas em seu novo trabalho, um disco duplo com quase uma hora de duração.
Engana-se, porém, quem achar que isso significou dispersão ou confusão; aqui o artista criou uma linha de raciocínio, uma ideia central e até personagens recorrentes que costuram uma história interessante, mesmo que ela vá das belas melodias cantadas de “Grão de Areia” até o Funk de “PUT@RIA!”.
No meio do caminho, temos participações de Xande de Pilares, BK, DJ Gabriel do Borel, MC Carol, Luedji Luna e Milton Nascimento.
33 – Meu Funeral – Rio
O quarteto carioca segue firme e forte na missão de divertir, colocar o dedo na ferida e celebrar o Punk Rock.
Em Rio, o Meu Funeral conta com participações de nomes como Xande de Pilares, Jimmy London, Priscila Tossan e Rodrigo Lima para ir do Hardcore ao Funk com verdadeiros ícones de diferentes cenas da música brasileira.
32 – Gustavo Bertoni – I Got My Eyes Fixed
Quarto disco solo de Gustavo Bertoni, I Got My Eyes Fixed é ambientado principalmente ao piano, o que acaba conferindo uma aura soturna ao álbum que também traz algumas belas experimentações com elementos mais eletrônicos.
Canções como “Hyaline”, “Marionettes” e “Daydream” soam como trilhas sonoras perfeitas para dias chuvosos, enquanto outras como “Under the Circumstance (Phoropter)” mostram que o artista vem encontrando formas de fugir do lugar comum.
31 – Bike – Arte Bruta
A banda paulistana Bike sempre foi relacionada à psicodelia, mas Arte Bruta mostra que não há limites para a sonoridade do grupo.
A caixinha é extrapolada logo de cara, quando “Além-Ambiente” e “O Torto Santo” trazem elementos que podem agradar tanto fãs de Black Sabbath quanto de Erasmo Carlos.
É como se a Bike fizesse mais uma viagem pelos Anos 70, mas carregasse sua bagagem com lembranças de cada parada para chegar ao destino mais plural e, claro, mais interessante.
30 – Ava Rocha – NEKTAR
Ava Rocha é uma artista que sempre aparece nas listas de melhores do ano com seus discos, e não é à toa.
Com álbuns complexos que podem causar estranheza na primeira audição, ela constrói camadas, foge das obviedades, pinta paisagens e é responsável por alguns dos arranjos e letras mais ousados da música contemporânea.
Em NEKTAR, ela repete um pouco disso mas consegue dar um ar mais popular ao trabalho em faixas como “LONGE LONGE DE MIM”, um samba delicioso.
29 – Lucas Santtana – O Paraíso
Há diversos paralelos traçados em O Paraíso, disco do sempre ótimo Lucas Santtana.
A capa traz folhas, flores e galhos, representando a natureza em belas pinceladas, tudo ao mesmo tempo em que o álbum fala sobre alguns dos aspectos mais urbanos da atualidade.
A vida em sociedade, o capitalismo e a dura realidade da influência das redes sociais em nossas vidas aparecem nas 10 faixas enquanto Lucas passeia pelo Samba, pela MPB e pelas influências da música eletrônica, como em “What’s Life”.
Em algumas passagens do álbum, não é difícil relacionar O Paraíso com o clássico Transa, de Caetano Veloso.
28 – Holger – Más Línguas
Nome conhecido do Indie brasileiro há mais de uma década, o Holger volta com um álbum onde mostra novas nuances da sua sonoridade.
Em Más Línguas, o grupo aposta em uma relação bem próxima da experimentação com momentos grandiosos, e do alternativo com o popular.
Em um clima nostálgico, faixas como “Domingo de Sol” aparecem cheias de groove e de um refrão pra todo mundo cantar junto, ainda que tragam traços da música alternativa que o Holger carrega desde 2006.
27 – Rico Dalasam – Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato Tia Guga
É uma pena que o novo disco de Rico Dalasam tenha saído tão ao final do ano, pois ele tem um potencial enorme para crescer no coração dos fãs de boa música.
Escuro Brilhante, Último Dia no Orfanato Tia Guga começa com “Doce”, um poema que dá o cartão de visita para o conceito do álbum, e dali pra frente somos convidados a entender pontos fundamentais da vida do artista desde sua infância até a fase adulta.
O disco é uma lição importante sobre os efeitos que experiências na infância, boas ou ruins, acabam tendo durante todo o resto da vida das pessoas.
26 – Sara Não Tem Nome – A Situação
Lançado no comecinho de 2023, o novo disco de Sara Não Tem Nome mostra uma artista cuja inventividade está fervendo.
Logo de cara, “Pare” traz uma espécie de marchinha de Carnaval alternativa que prende o ouvinte para entender o que irá acontecer até o final do álbum.
E o que acontece é impactante, já que Sara Não Tem Nome vai do sombrio de “Ponto Final” até o rock alternativo à la Radiohead e Los Hermanos de “Incomoda” com uma qualidade difícil de ser replicada.
25 – Letrux – Letrux Como Mulher Girafa
Desde que explodiu com Letrux Em Noite de Climão (2017), Letrux tem apostado em mostrar facetas diferentes de sua carreira a cada disco que lança.
Se em 2020 ela abriu o coração em Letrux Aos Prantos, agora chegou a vez de retomar as frases ácidas e a abordagem direta que a consagrou em “Climão”, com passagens como “Embora não apareça, foi com amor que eu te destrinchei”, na poderosa “As feras, essas queridas”.
Letrux Como Mulher Girafa é um resumo poderoso da artista que é Letrux, trazendo músicas que transformam seus shows em verdadeiras explosões de energia e letras que a colocam entre as compositoras mais vorazes do país.
Como cereja do bolo, o álbum ainda traz “Zebra”, uma viagem dançante pelos Anos 80 e 90 ao lado de Lulu Santos.
24 – Daniel Brita – Britadeira
Daniel Brita tem um vasto currículo que lhe proporcionou experiências tão incríveis quanto diversas.
Punk Rock, Hardcore, Hip Hop, Indie e Música Pop já passaram de alguma forma pela carreira do artista que trabalhou com nomes como KL Jay, Mallu Magalhães, Rincon Sapiência, Vanguart, Gaby Amarantos e mais.
Em Britadeira, ele recebe um time estrelado para fazer música contemporânea das boas, misturando instrumentais refinados com batidas que botam qualquer um pra dançar.
Na faixa “Laser Beans”, Daniel recebe Thiago França para apresentar um show de guitarras e sax que deixa qualquer um sem ar, e se o artista começa o álbum com ares do Pop em “Crocante” e “Eu Vi”, o finaliza com o peso do Hardcore em “Vossa Excelência”.
Genial.
23 – Lupe de Lupe – Um Tijolo Com Seu Nome
O disco da sempre inventiva Lupe de Lupe finca suas bases no Punk Rock para elencar 24 nomes de pessoas em cada uma de suas canções, realmente enfileiradas como tijolos, um atrás do outro, formando um paredão de som que não te deixa respirar.
Nenhuma das canções ultrapassa a marca de 2 minutos e 30 segundos, e ainda que algumas faixas pisem no freio e se aproximem mais do Indie, nunca perdemos o senso de urgência, principalmente nos vocais, e chegar ao final do álbum é como passar por um ritual de libertação.
22 – Grandphone Vancouver – A Soul Waits Forever
“Que este disco possa tocar não só em sua vitrola mas também no coração!”
É com essa frase que Fernando Ventura, artista por trás do projeto Grandphone Vancouver, entrega a versão em vinil do álbum A Soul Waits Forever para as pessoas, e o objetivo é cumprido com maestria.
O álbum toca sim no coração, e a cada ouvida ganha novas dimensões à medida que o ouvinte mergulha nos seus pequenos detalhes e presta atenção nas suas letras.
Inspirado em nomes como Coldplay, Fernando carrega passagens de sua vida, ponderações e cria verdadeiros diálogos sonoros com os ouvintes.
21 – Jéf – Amor
Jéf é um compositor de mão cheia, tanto que tem trabalhado com isso há alguns anos em parceria com outros artistas.
Nos seus trabalhos próprios, o músico gaúcho exprime toda sua simpatia através de vocais cativantes e de letras que falam sobre a vida e o amor.
Em seu novo álbum, contou com a participação de gigantes como Duca Leindecker e Lucas Silveira, além de apresentar uma cover de “Eu Sou A Maré Viva”, da Fresno.
20 – Indigo Mood – Fim do Autoengano
“Triste e gostosinha ou Tropical Sadness”: é assim que você irá encontrar o início da descrição do projeto Indigo Mood no Spotify.
Por lá, o cearense Leonardo Mendes explica que é cantor, multi-instrumentista e compositor de suas canções, inspiradas em nomes como Erykah Badu, Marina Lima, BADBADNOTGOOD, Kali Uchis e Connan Mockasin.
Pois bem, o disco de estreia Fim do Autoengano mostra todos esses elementos acompanhados de uma aura Indie que aparece logo na capa do trabalho e colocaria o álbum facilmente no catálogo de algum selo como a Balaclava.
19 – Fleezus – OFF MODE
Com muitas influências dos Anos 90, Fleezus é um rapper para todo mundo prestar atenção já há algum tempo.
Nos últimos anos, lançou singles, EPs e parcerias com nomes que vão do Hip Hop até o Pop, como Marina Sena, e seu disco inclui toda essa pluralidade enquanto não perde a essência.
OFF MODE conta com rimas poderosas e uma sequência de faixas que coloca a lírica de Fleezus em destaque. Tudo isso ainda vem acompanhado de participações de Coruja BC1, Jean Tassy, Iago Oproprio, Rodrigo Ogi, Luccas Carlos, Marina Sena e mais.
18 – Rodrigo Ogi – Aleatoriamente
Rodrigo Ogi é um dos maiores rappers do país e mantém esse título porque aponta seu radar para as mais diferentes direções.
Assim como fez em outros momentos da carreira, o artista buscou nomes de outras cenas para misturar rimas com instrumentos orgânicos e muita experimentação.
Em Aleatoriamente, ele voltou a colaborar com Juçara Marçal e Thiago França, do aclamado grupo Metá Metá, conhecido pela música de vanguarda.
Além deles, ainda aparecem nomes como Russo Passapusso (Baianasystem) e Don L, e as letras das canções de Aleatoriamente têm uma forma muito específica e direta de falar sobre o cotidiano.
Talvez não aleatoriamente, mas traduzindo a cabeça incansável de todos nós, Rodrigo Ogi abre o disco com a pedrada “Rotina”, que fala sobre o peso diário dos trabalhadores brasileiros, muda o assunto para sites de conteúdo adulto em “Aleatoriamente” e ainda encontra espaço para refletir sobre a solidão em “Saudade”.
17 – Canto Cego – Canto Cego
Nascida na Favela da Maré, a banda Canto Cego tem mostrado uma evolução interessante no objetivo de misturar Rock And Roll com elementos tipicamente brasileiros.
Logo de cara, guitarras afiadas e um ótimo refrão aparecem na poderosa “Farsa (Alvorada)”, que abre o álbum antes de incursões pelas baladas pop (“Fica Comigo”) e por andamentos regidos pelo violão e pelos metais (“Urgentes”).
Rock dos bons!
16 – Jards Macalé – Coração Bifurcado
Verdadeira lenda da música brasileira, Jards Macalé nunca decepciona e é figura constante em nossas listas de melhores do ano.
Aqui, em parceria com Romulo Fróes, o artista fala de amor das formas menos óbvias possíveis e sem pudor.
Jards Macalé não tem medo de falar sobre as coisas boas do amor do mesmo jeito que fala sobre as “águas turvas” do sentimento que move a raça humana.
Ao todo, são 12 canções que colocam o amor no centro das atenções de diferentes formas, incluindo uma colaboração com Maria Bethânia em “Mistérios do Nosso Amor”.
15 – Jambu – tudo é mt distante
A gente fala sobre a banda manauara Jambu já há algum tempo aqui no TMDQA!, e agora o grupo parece estar estabelecendo suas bases para um futuro bastante promissor.
tudo é mt distante é o primeiro disco cheio do grupo que navega entre elementos do Rock Alternativo e do Indie Pop, tudo com uma produção afiada.
Canções como “astronauta” e “sei lá” se destacam em um álbum que tem todas as qualidades para agradar mesmo quem nunca ouviu a banda antes.
14 – Quem é Você, Alice? – rolê trevas pt. II
Outro disco de estreia que aparece por aqui é o da banda gaúcha Quem é Você, Alice?.
Não é preciso muito tempo após o primeiro play para perceber que a banda bebe nas fontes do que é chamado de “Real Emo” e, principalmente, nas bandas de Midwest Emo e aquelas que transitaram entre o gênero e o Indie, criando canções que conversaram com o underground e eventualmente explodiram no mainstream através de alguns dos seus representantes mais famosos.
Com personalidade e referências a Porto Alegre, a QEVA? celebra tudo isso para criar uma sonoridade própria, como você pode ouvir nas ótimas “anjo azul” e “Diamantina”.
13 – Gabriel Aragão – Rua Mundo Novo
Conhecido pelo seu trabalho na banda cearense Selvagens à Procura de Lei, o músico Gabriel Aragão lançou seu incrível trabalho solo de estreia em 2023.
Para a criação de Rua Mundo Novo, se juntou a ninguém menos que Marcelo Camelo (Los Hermanos) e o resultado veio através de canções que dialogam muito com as carreiras de ambos.
Alguns dos destaques ficam com a faixa de abertura “Ainda Está No Ar”, composta por Gabriel Aragão e Daniel Medina, e “Sampa Sampa”, parceria de Gabriel com Tagore que fala sobre a solidão da maior cidade do país.
12 – Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo – Música do Esquecimento
Sophia Chablau aparece mais uma vez aqui na lista, dessa vez com o projeto que se apresentou no Primavera Sound e fez um show incrível.
Música do Esquecimento é o sucessor do muitíssimo bem recebido disco homônimo de estreia, lançado em 2021, e parte do seu antecessor para alçar novos voos.
Aqui, a ideia é manter o bom humor e a leveza na forma de falar sobre questões pessoais ao mesmo tempo em que os músicos buscam direções sonoras diversificadas e mais complexas, quase que servindo como um contraponto para os vocais de Sophia, muitas vezes beirando a palavra falada.
Diversificado, o álbum tem faixas que vão de “Segredo” e seus ares de hit Indie até “Último Sexo”, que fala de forma sombria (e pra lá de direta) sobre o fim de uma relação.
11 – Ian Ramil – Tetein
Celebrado por nomes como Lenine e Jorge Drexler, o novo disco de Ian Ramil é uma incursão por sonoridades que o artista ainda não havia apresentado ao mundo.
Vencedor do Grammy Latino na categoria de Melhor Disco de Rock, ele resolveu trocar guitarras, baterias e baixos por beats, texturas, arranjos grandiosos e uma relação intensa entre vocais e silêncios.
Como resultado, o álbum nos lembra verdadeiros clássicos da MPB ao mesmo tempo em que evoca traços da música contemporânea em gravações que parecem ter sido feitas para trilhas sonoras dos mais belos filmes.
10 – Somaa – <Antena>
O trio catarinense Somaa não brinca em serviço quando aparece com um novo disco de estúdio.
Misturando influências de Grunge, Punk e Stoner Rock, a banda construiu seu DNA fazendo músicas em português, algo não tão comum de se ver e ouvir por aqui com qualidade tratando-se dos subgêneros do Rock citados acima.
Em <Antena>, o vocalista e guitarrista Rafael Zimath parece ter conseguido traduzir perfeitamente os sentimentos da pandemia e do mundo depois dela, compondo letras que se adequam ao peso de guitarras, baixo e bateria inspirados.
Ao final, o álbum ainda entrega uma boa surpresa na forma de “Língua-Destino”, uma verdadeira viagem psicodélica após 30 minutos de pedradas.
09 – The Mönic – Cuidado Você
Por falar em Rock And Roll, as meninas do The Mönic acertaram a mão quando decidiram passar a cantar em português e entregaram um disco pra lá de potente em 2023.
Cuidado Você fala tanto de noitadas quanto do combate ao preconceito, e é uma demonstração poderosa e deliciosa de Hard Rock, Grunge, Punk, Indie e mais em meia hora.
Passa voando e quando você vê, já quer voltar para o início mais uma vez.
08 – terraplana – olhar pra trás
Após singles e EPs promissores, a banda terraplana, de Curitiba, veio e entregou um álbum sensacional.
Em olhar pra trás, mostrou por que foi escalada para o festival Primavera Sound São Paulo e nos hipnotizou com canções incríveis como “conversas”, “memórias” e “um sonho, um fim”.
O disco inteiro bebe diretamente das fontes mais importantes do shoegaze, do Post Rock e do Indie, mas há toques próprios que abrilhantam as influências e deixam claro que o terraplana deve ser um dos nomes mais comentados do Rock independente brasileiro nos próximos anos.
07 – Frederico Heliodoro – The Weight Of The News
Apesar do nome em inglês, o mais recente disco de Frederico Heliodoro tem canções belíssimas cantadas no bom e velho português.
Nascido no Rio de Janeiro, criado em Belo Horizonte e tendo vivido em São Paulo, o artista parece ter passado os últimos anos assimilando características de cada uma dessas grandes cidades brasileiras e dos músicos com quem trabalha em suas canções.
Moderno, o álbum traz construções influenciadas pelo Pop ao mesmo tempo em que celebra gigantes como Lô Borges e Milton Nascimento.
06 – Tagua Tagua – Tanto
Felipe Puperi tem se destacado como um dos produtores mais talentosos e prolíficos do Brasil, e criou uma espécie de assinatura nas suas criações.
Esses timbres e tons podem ser ouvidos no mais recente disco do seu projeto Tagua Tagua, o ótimo Tanto, que carrega fortes traços de Indie Pop, Soul e Psicodelia em 10 faixas.
05 – Crypta – Shades Of Sorrow
Desde que surgiu, a Crypta tem sido uma das bandas mais elogiadas do Metal no Brasil e no mundo e isso atingiu um novo patamar com Shades of Sorrow.
O segundo disco de estúdio acerta em expandir a sonoridade do primeiro com riffs ainda mais impressionantes, como o de “Lord of Ruins”, e o grande segredo da banda é conseguir conciliar o peso tanto de seu instrumental quanto da voz de Fernanda Lira com uma sonoridade groovada e melódica.
Não há dúvidas de que a Crypta vive sua melhor fase e, no momento, parece uma questão de tempo até a banda ocupar um posto invejável no panteão mundial da música pesada.
04 – Ana Frango Elétrico – Me Chama de Gato Que Eu Sou Sua
Com três discos de estúdio na bagagem, Ana Frango Elétrico emplacou todos eles nas principais listas de melhores do ano aqui no Brasil.
Em seu terceiro trabalho, temos uma artista no auge, segura de si tanto em estúdio quanto nos palcos e criando composições que já entraram para a história do que é chamado de “Nova MPB”.
Todos os melhores traços dos trabalhos anteriores da artista estão aqui, mas agora ela parece ter acertado o equilíbrio entre as homenagens aos tempos de ouro da música brasileira e suas experimentações pessoais.
Ah, e “Insista Em Mim” é uma das melhores músicas brasileiras do ano.
03 – FBC – O AMOR, O PERDÃO E A TECNOLOGIA IRÃO NOS LEVAR PARA OUTRO PLANETA
FBC é um artista inquieto e seus últimos trabalhos mostram que a carreira do rapper mineiro é guiada pelo amor à música.
Em 2021, ele ocupou o topo da nossa lista de Melhores Discos do Ano com o sensacional BAILE, parceria com VHOOR onde criou uma história incrível baseada no Funk e no Miami Bass.
Dois anos depois, FBC não se rendeu às armadilhas da indústria musical e às tentações de embarcar por caminhos que plastificassem sua música e o levassem aos holofotes de palcos mais voltados para os negócios do que para a arte.
Ao invés disso, mergulhou de cabeça em uma nova direção e saiu dessa incursão com um álbum que celebra a música dos Anos 70, 80 e 90, exaltando principalmente as pistas de dança, as origens do Funk, a Soul e fazendo um aceno à House Music.
Os instrumentais chegam acompanhados de letras fortes e, sem papas na língua, FBC fala sobre noitadas, drogas, redes sociais e relações de amor. São roupagens novas para assuntos recorrentes que parecem não deixar a rotina e o imaginário de um artista que sente cada vez mais necessidade de comunicar seus pensamentos ao mundo.
02 – Mateus Fazeno Rock – Jesus Ñ Voltará
Há algo de místico em torno do disco lançado pelo projeto Mateus Fazeno Rock.
É claro que um time estrelado com participações de nomes como Jup Do Bairro e Brisa Flow já dá uma aura toda diferente à obra, mas quantas vezes vimos participações especiais não funcionarem tão bem assim?
Em Jesus Ñ Voltará, Mateus quebra paradigmas e surpreende o ouvinte a cada audição, elencando elementos do Rap, Rock, R&B, Soul e entregando letras que falam sobre questões pra lá de pessoais com o peso de uma guitarra e a leveza de uma melodia sussurrada ao ouvido.
Talvez a maior beleza do disco seja quebrar expectativas e mudar opiniões pré-definidas. Por exemplo, com sua capa e seu nome, teve gente jurando que o álbum era de Heavy Metal, enquanto a pose de Mateus na foto convenceu outros tantos de que estávamos falando de um álbum de Trap.
Nem um, nem outro: Jesus Ñ Voltará é tudo isso e nada disso. É plural, brasileiríssimo, belo e obsceno, tudo ao mesmo tempo.
01 – Luiza Lian – 7 Estrelas | quem arrancou o céu?
Luiza Lian tem um cuidado incomparável com a arte que produz.
Em 2018, nos encantou com Azul Moderno, disco que veio acompanhado de um show impactante, repleto de elementos que transformavam a ida a uma das apresentações em uma verdadeira experiência.
Cinco anos depois, seu novo álbum produzido em parceria com Charlies Tixier é uma verdadeira declaração de que a música importa demais e que é possível criar belos trabalhos enquanto se questiona tempos sombrios, políticos negligentes e até mesmo a própria existência.
7 Estrelas | quem arrancou o céu? surgiu em um período pandêmico e fala sobre as dores que todos atravessamos com a incerteza do amanhã, a morte dando as caras de forma brutal e o que poderíamos esperar do futuro.
Misturando elementos orgânicos e eletrônicos, Luiza Lian ainda abre espaço para falar sobre sexo, desejo e tesão em “Homenagem” e encerrar o álbum com “Deságua”, uma ensolarada despedida sobre sermos humanos.
Belo, pesado, indecente e questionador ao mesmo tempo. O novo disco de Luiza Lian é a obra de arte musical brasileira que melhor retrata o ano de 2023.
Os 50 Melhores Discos Nacionais de 2023 – Playlist
Você pode ouvir essa lista todinha, com uma música de cada artista, na playlist TMDQA! Brasil, que foi invadida com as 50 faixas retratadas aqui.
Ouça logo abaixo e siga a playlist agora mesmo no Spotify clicando aqui.