Tom Morello, conhecido por seu ativismo e pelos comentários políticos tanto dentro como fora de sua música, se manifestou após o Green Day receber críticas por mudar a letra do hit “American Idiot” em um show recente.
Como falamos anteriormente, a banda liderada por Billie Joe Armstrong participou do show da virada transmitido pela emissora ABC, nos Estados Unidos, e durante a apresentação aproveitou para alfinetar os apoiadores de Donald Trump.
O vocalista trocou o trecho da letra que diz “I’m not a part of a redneck agenda” (“Não faço parte de uma agenda caipira”, em tradução livre para o português) para “Não faço parte da agenda MAGA”.
A sigla se refere ao movimento de extrema-direita “Make America Great Again”, que se popularizou durante os anos em que Trump foi presidente dos EUA.
A mudança incomodou muitos fãs mais conservadores, mas também recebeu o apoio de outros admiradores, que destacaram que o sucesso do Green Day sempre foi uma canção de protesto contra os republicanos.
Tom Morello apoia Green Day após mudança de letra
Nesta semana, um programa da emissora Fox News, nos EUA, repercutiu a mudança da letra feita por Billie Joe questionando o que realmente é a “agenda MAGA”, mencionada pelo vocalista.
Conhecidos por apoiar muitas vezes o ex-presidente, os comentaristas da emissora sugeriram que “a agenda” representaria os supostos interesses do Partido Republicano em reduzir a criminalidade, criar “fronteiras realmente seguras” e uma economia melhor. Uma das apresentadoras ainda argumentou:
Talvez ele [Billie Joe] esteja se ‘revoltando contra o sistema’ [fazendo uma brincadeira com o nome da banda de Tom Morello – Rage Against the Machine], se é isso que ele está realmente pedindo?
Os âncoras do programa da Fox ainda acrescentaram que “as pessoas estão cansadas de ouvir sermões de bandas de rock sobre política” e mandaram uma recomendação aos músicos:
Concentre-se naquilo em que você é bom. Você não é um analista político. Você provavelmente não conhece muito bem as questões que realmente preocupam os americanos.
Incomodado com a situação, Tom Morello compartilhou em sua conta do Twitter o trecho do programa (veja ao final da matéria) e respondeu apenas ironizando o comentário:
É mesmo?
Vale lembrar que Morello é, além de um grande astro da música, graduado com honras em ciência política pela Universidade de Harvard. Tem local de fala, né?
Tom Morello, política e música
Reforçando todo o poder político que o guitarrista acredita que a música tenha, no final de 2022, Morello fez um discurso inflamado ao celebrar a entrada do Rage Against The Machine no Hall da Fama do Rock and Roll.
Por lá, ele incentivou a nova geração a continuar o trabalho iniciado por sua banda, dizendo:
[…] A razão pela qual estamos aqui e a melhor maneira de celebrar esta música é vocês levarem adiante essa missão e essa mensagem. A lição que aprendi com os fãs do Rage é que a música pode mudar o mundo diariamente.
O trabalho que nos propusemos a fazer não acabou. Agora são vocês que devem testemunhar. Se você tem um chefe, filie-se a um sindicato. Se você é estudante, comece um jornal clandestino. Se você é um anarquista, jogue um tijolo. Se você é um soldado ou um policial, siga sua consciência, não suas ordens. Se você está chateado por não ter visto o Rage Against The Machine, então forme sua própria banda e vamos ouvir o que você tem a dizer. Quando a música de protesto é bem feita, você pode ouvir um novo mundo emergindo nas canções.
Além disso, apesar de não ter incluído um comentário direto sobre o atual conflito entre Israel e Gaza, o guitarrista aproveitou o espaço para posar para os fotógrafos nos bastidores da cerimônia segurando um pedaço de papel com a frase “CESSAR-FOGO!”; saiba mais aqui.
Is that so? https://t.co/S41zMFqpGn
— Tom Morello (@tmorello) January 2, 2024