"Fácil e divertido": ao TMDQA!, Slash fala sobre tocar com Myles Kennedy & The Conspirators, turnê pelo Brasil e projetos futuros

Prestes a fazer mais uma turnê pelo Brasil, Slash falou com o TMDQA! sobre as expectativas para os shows, seus projetos futuros e memórias do Guns N' Roses.

Slash Myles Kennedy Conspirators EDA-18
Foto: Stephanie Hahne

Slash é uma figura mítica da guitarra. É claro que seu trabalho com o Guns N’ Roses é o foco principal daqueles que o admiram, mas é inegável que o músico, hoje, tem uma carreira que vai muito além disso – a começar pelo projeto com Myles Kennedy & The Conspirators, que volta ao Brasil ainda neste mês de Janeiro.

Com shows marcados em quatro capitais (veja detalhes mais abaixo), o guitarrista vem ao país para divulgar o disco 4, marcado não apenas por boas composições mas também por um ciclo de lançamentos que fugiu bastante do convencional.

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Entre pandemia, turnês ao lado de Axl Rose e companhia e outros projetos, como ao lado de Demi Lovato, Slash só conseguiu retomar a turnê do álbum e trazê-la para a América do Sul cerca de dois anos após o lançamento do trabalho. O fato de fazê-lo, no entanto, já diz muito sobre a importância desse projeto para o guitarrista.

Continua após o vídeo

A chegada de Slash ao país em 2024 tem outro marco importante: com o próximo show em São Paulo, o artista irá empatar o local da apresentação em São Paulo com uma casa de shows em Boston como os lugares que mais receberam suas performances solo, o que evidencia sua conexão profunda (e recíproca) com o Brasil.

No final de 2023, o guitarrista bateu um papo bem-humorado e revelador com o TMDQA! para falar sobre tudo que cerca essa turnê, além de destrinchar sua relação com nosso país e até abordar assuntos mais gerais, como seus projetos futuros e os discos que mais influenciaram sua vida.

Confira a íntegra da entrevista logo abaixo!

Slash no Brasil

Os shows de Slash com Myles Kennedy & The Conspirators no Brasil estão marcados para os dias 29/01 em Belo Horizonte, 31/01 em São Paulo, 01/02 no Rio de Janeiro e 04/02 em Porto Alegre.

Ainda há ingressos disponíveis para todos os shows por este link.

TMDQA! Entrevista Slash

TMDQA!: Oi, Slash! Como você está?

Slash: Olá! Estou bem, cara. E você?

TMDQA!: Estou bem, estou bem. É ótimo poder falar com você. Estou empolgado para falar sobre essa turnê e tudo que vem por aí nos próximos meses pra você. E, bom, já se foram quase dois anos desde que você fez a turnê norte-americana do disco 4, a “The River Is Rising” Tour. Então, primeiro de tudo, eu queria saber como você faz para voltar ao espaço mental daquele período do álbum para fazer esses shows?

Slash: Ah, boa pergunta. Olha, eu acho que eu só sou bem bom em pular de uma coisa pra outra, mudar de marcha e recalibrar. Mas assim que eu voltei para Los Angeles depois da turnê com o Guns, levei provavelmente uma semana ou um pouco mais para limpar a mente e aí já comecei a ouvir todos os discos dos Conspirators. E meio que só isso já te coloca de volta ali.

Aí, na semana passada, eu ensaiei com o Brent [Fitz, baterista], nós tocamos umas 20 e tantas músicas. E obviamente, amanhã vai ser com o Todd [Kerns, baixista]. E aí no comecinho de Janeiro nós já começaremos a ensaiar de verdade para a turnê. Então, sabe, com isso você já volta para esse espaço mental desse material. É bem fácil.

TMDQA!: De toda forma, esse ciclo do disco 4 tem sido um pouco esquisito de forma geral, né? Começou ali com a pandemia, uma transmissão ao vivo e tudo mais. Então, queria te perguntar se foi desafiador navegar por tudo isso para ter certeza de que o disco está recebendo a atenção merecida.

Slash: Bom, acho que considerando tudo, desafio é o mínimo que podemos dizer. [risos] Toda a questão da COVID realmente fodeu tudo, mas eu acho que fizemos certo em lançar o disco quando lançamos. Acho que foi um bom momento para o lançamento. Mas aí, sabe, fizemos a turnê pelos Estados Unidos, e aí tive todas as coisas do Guns N’ Roses que tivemos que repor por conta de 2020… essas programações acabaram atropelando a programação dos Conspirators, eu tenho estado em turnê com o Guns o tempo todo.

Agora, finalmente encontrei uma janela para podermos fazer a turnê internacional do disco 4, para que pelo menos possamos ter uma chance de tocá-lo para plateias ao redor do mundo. É o que é, sabe? Acho que só agora que estamos voltando à programação normal, com a COVID sendo meio que uma entidade menos intrusiva.

TMDQA!: Sem dúvidas. Isso me leva à minha próxima pergunta, porque realmente, têm sido anos bem intensos pra você, com as turnês do Guns, o projeto solo e tudo mais. Mas, sabe, eu me lembro de ir ao primeiro show que você fez com esse projeto no Brasil, em 2012, e assistindo à live em 2021, ainda de certa forma durante o período pandêmico, eu sinto que esse projeto, por mais que naturalmente seja um trabalho também, parece ser um momento em que você consegue se divertir muito, tirar um tempo pra si, de certa forma, e se reconectar com o que importa pra você na música. Estou certo nessa percepção?

Slash: Olha, sim. Sabe, com os Conspirators, é algo que eu estou fazendo por um tempo já e eu gosto muito; não tenho nenhuma intenção de parar. A gente ama se juntar e tocar. É uma banda muito fácil e divertida, e sempre foi uma ótima válvula de escape pra mim e acho que para os outros caras também, para nos divertirmos bastante nos juntando para escrever e gravar e fazer turnês e tudo mais. A gente fica empolgado pensando nisso. Então, sim, é trabalho, mas é diversão também.

TMDQA!: Eu estava dando uma olhada em estatísticas e o seu próximo show em São Paulo vai ser o quarto no mesmo lugar. Só tem uma casa de shows em Boston com o mesmo número! Acho que isso diz muito sobre sua conexão com o Brasil. Que tal uma residência por aqui? [risos]

Slash: [risos] Olha, eu nunca parei pra pensar nisso. Mas acho que, se há cidades suficientes no Brasil, quem sabe uma turnê só dentro do Brasil? Mas se for fazer algo com relação a uma residência, é de se pensar. [risos]

TMDQA!: [risos] Brincadeiras à parte, é legal demais que você continua sempre voltando. Acho que você tem uma conexão especial com o Brasil, e é recíproco com relação ao público daqui, incluindo eu mesmo.

Slash: É um dos meus lugares preferidos no mundo pra tocar. Foi o primeiro país na América do Sul no qual nós tocamos, e eu me lembro que estávamos fazendo o Rock in Rio lá em 1991 e não sabíamos nada sobre o público brasileiro. Então, nós subimos ao palco sem saber o que esperar, mas eu vinha pensando muito sobre isso. Era algo importante pra mim porque eu sou um grande fã do Brasil, no quesito país mesmo; a fauna, as pessoas, todas essas coisas que não necessariamente têm a ver com a música, sabe, simplesmente de forma geral.

E aí a gente vai e toca nesse festival, e a resposta foi incrível pra caralho. E tem sido assim sempre! Eu sempre tive um amor pelo público brasileiro, sim, mas também simplesmente pelo país por si só, sabe?

TMDQA!: Definitivamente é algo mútuo. Espero que você continue voltando! [risos] Bom, como já falamos, o disco vai ter praticamente dois anos quando você vier para os shows por aqui, e você já tem falado sobre lançar um novo disco em 2024. Podemos esperar algo novo nos shows ou você deve seguir o repertório da turnê “The River Is Rising”?

Slash: É, não acho que vamos tocar nenhum material novo do próximo disco, porque nós nem começamos de verdade a montá-lo pra valer; estamos ainda nos estágios bem iniciais disso. Mas, ao mesmo tempo, tem a questão de já termos um monte de material para encaixar em apenas duas horas de show, mais ou menos.

Então, claro, vamos tocar muita coisa do 4, mas também queremos tocar várias das coisas mais antigas, temos covers e tudo mais. Então, olha, já temos o suficiente para lidar com as coisas como estão. [risos]

TMDQA!: Entendo demais! Falando nesse material novo, eu vi em uma entrevista que você tem uma colaboração com a Demi Lovato vindo aí. Aliás, você já participou da regravação dela de “Sorry Not Sorry”, que ficou legal demais, e eu acho o máximo esse encontro de gerações que, na minha visão, ajuda muito a desconstruir preconceitos tanto de um lado quanto do outro. Queria que você falasse um pouco mais sobre essa parceria e qual a importância de estar “quebrando uma barreira”, de certa forma.

Slash: Beleza. Olha, então, na verdade, não é sobre eu estar tentando me conectar com um público diferente ou cruzar barreiras ou qualquer coisa do tipo; não é sobre essa questão pré-concebida. Eu conheço a Demi e a música que ela e eu fizemos juntos nem foi com os Conspirators, foi pra uma outra coisa totalmente diferente, que vai ser lançada [em 2024].

Então, assim, quando eu estava fazendo essa música em particular, eu só pensei nela. Achei que ela seria ótima para essa música e foi só isso. É realmente uma questão criativa, não tem nada a ver com aumentar o alcance ou, sabe, tentar conectar gerações ou qualquer coisa do tipo. Tipo, é ótimo se isso acontecer, mas não é o motivo pelo qual fizemos isso.

E quando nós fizemos isso, ela então me perguntou se eu poderia tocar em algo dela, já que ela tinha esse disco REVAMPED saindo. Eu disse sim e foi basicamente isso que aconteceu.

TMDQA!: [risos] Às vezes a gente enxerga coisas demais em coisas simples, né?

Slash: [risos] Não, sabe, é ótimo quando você coloca as coisas dessa forma! Mas só não foi o que motivou mesmo.

TMDQA!: Sim, e de todo jeito é uma história legal pra caramba. Slash, nosso tempo está quase acabando, então tenho mais duas perguntas. A primeira é que, antes dos Conspirators, o seu primeiro disco solo, de 2010, trouxe um monte de colaborações que resultaram em um trabalho super legal. Você pensa em fazer algo do tipo no futuro novamente?

Slash: Olha, não posso entrar em detalhes sobre isso agora, mas eu tenho algo que vai ser lançado [em 2024] que é bem similar a isso. E não é com os Conspirators.

TMDQA!: Opa, aí sim! Dá pra dizer se é isso que envolve a Demi? [risos]

Slash: É.

TMDQA!: Que legal! Bom, pra fechar, como a gente sempre gosta de fazer por aqui – afinal, o nome do site é Tenho Mais Discos Que Amigos! -, eu queria saber se você pode me contar cinco discos que mudaram sua vida para sempre.

Slash: Uh, essa é uma boa. Vamos lá. Led Zeppelin IIRocks, do Aerosmith. Dos Rolling Stones, o Sticky Fingers… não, não, desculpa. Vou de Beggars Banquet. O B.B. King com Live at the Regal. São tantos! É difícil… Acho que Who’s Next? – ou melhor, Tommy, do The Who.

TMDQA!: Que lista! Se saiu bem demais na resposta improvisada. [risos] É assim que surgem as melhores respostas. Slash, foi um prazer falar com você! Muito obrigado pelo papo e nos vemos em breve por aqui.

Slash: Até mais! Obrigado você.

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