5 surpresas incríveis e 5 obviedades do Oscar 2024

O TMDQA! fez um balanço do Oscar 2024, premiação que ficou marcada por novidades de um lado e conservadorismo do outro. Confira a lista!

5 surpresas incríveis e 5 obviedades do Oscar 2024

O 96º Oscar, realizado no último domingo, foi palco de muitos momentos memoráveis – e alguns nem tanto.

A cerimônia de entrega dos prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas coroou Oppenheimer como o grande vencedor, levando um total de 7 estatuetas, incluindo Melhor Filme, Diretor e Ator. Outro favorito, Pobres Criaturas levou Figurino, Design de Produção, Maquiagem e Penteado e Melhor Atriz. 

A noite foi marcada por momentos surpreendentes e inesperados, mas nada que se compare a um vencedor anunciado por engano ou a um soco, então a Academia pode respirar aliviada nessa segunda-feira. No departamento dos prêmios, sequer houve muitas novidades.

Caso você não tenha ficado acordado até depois das 23h para descobrir todos os ganhadores, o TMDQA! te entrega um resumão do que foi relevante na noite mais badalada das premiações cinematográficas!

5 surpresas incríveis do Oscar 2024

O cachorro Messi

Não satisfeito em roubar a cena em Anatomia de uma Queda, o cachorro Messi também virou assunto na noite do Oscar. Tudo porque o ator canino foi visto “aplaudindo” de seu assento à medida que as câmeras pegavam as reações do público à vitória de Robert Downey Jr. na categoria de Melhor Ator Coadjuvante.

Fã do Homem de Ferro ou não, Messi capturou a atenção de muita gente. Ryan Gosling fez o “react do react”, se mostrando tão surpreendido quanto a gente. 

Depois, fotos e vídeos feitos na plateia do Dolby Theater mostram que se tratava de pernas falsas. Mas, assim como em Anatomia de uma Queda, a performance de Messi está no seu olhar completamente comprometido com a cena. E, como diria Martin Scorsese, this is cinema!

É ou não é um bom garoto?

Hayao Miyazaki

Lendário diretor japonês e eterna referência do Studio Ghibli, Hayao Miyazaki ganhou seu segundo Oscar de Melhor Animação, 21 anos depois da vitória de A Viagem de Chihiro. Os mesmos elementos fantásticos, de certa forma, guiam seu mais recente e possivelmente último filme, O Menino e a Garça.

Nele, Mahito é um garoto confrontado pela perda da mãe em um Japão em plena Segunda Guerra Mundial. Sua jornada fantástica o leva por uma brecha entre o mundo dos vivos e dos mortos, buscando entender suas raízes.

A vitória surpreendeu porque o favorito na categoria era o unânime Homem-Aranha: Através do Aranhaverso. Não à toa, o produtor Christopher Miller se mostrou chateado pela derrota, mas deixou bem claro: “se for perder, é melhor que seja para o melhor de todos os tempos”. Infelizmente, o ator que vive Miles Morales, Shameik Moore, não levou tão na boa e classificou a decisão como “roubo”.

Vale lembrar que Miyazaki também recebeu o Oscar honorário pelo conjunto da sua magnífica obra. Quem é rei nunca perde a majestade!

John Cena peladão

Há quem critique os vestidos com seios à mostra, que têm virado tendência nos tapetes vermelhos. Mas o que dizer do ex-lutador de WWE e atual ator John Cena, que tirou tudo para apresentar a categoria de Melhor Figurino? 

O momento, entre o tenso e o cômico, conseguiu tirar boas risadas da plateia. E realizou o seu objetivo: de salientar a importância das roupas. Disso, ninguém discorda.

Sinta a Kenergia!

Barbie pode ter ficado quase sem nenhum Oscar – vencendo apenas na categoria prevista de Melhor Canção Original, com “What Was I Made For?”, de Billie Eilish e Finneas O’Connell -, mas ninguém pode negar que o filme brilhou no palco do Dolby.

Além da performance emotiva de Eilish e Finneas, o ponto alto da noite foi a apresentação divertida de “I’m Just Ken”. O momento teve não apenas Ryan Gosling, que sempre foi reticente quanto à própria carreira musical, mas também os atores Kingsley Ben-Adir e Simu Liu, outros dois “Kens” no filme. No departamento musical, tirou onda: teve o produtor e compositor Mark Ronson, além de Slash e Wolfgang Van Halen – este último, “herdeiro” do pai Eddie.

Entre todos os momentos musicais do Oscar 2024 – e a noite teve alguns, do In Memoriam de Andrea Bocelli a todos os demais indicados a Canção Original – , este foi o que mais se destacou na noite. E quem discorda não é bem-vindo na nossa Mojo Dojo Casa House!

Donald Trump de penetra?

Bem, não exatamente, mas quase. O ex-presidente americano postou na rede social Truth Social sua própria resenha da premiação e o apresentador Jimmy Kimmel não deixou barato. Trump escreveu:

Já teve um APRESENTADOR PIOR que Jimmy Kimmel no Oscar? Sua abertura foi a de uma pessoa abaixo da média tentando demais ser algo que não é, e nunca poderá ser. Se livrem de Kimmel e talvez o substituam por outro “talento” da ABC, o também defasado porém barato ‘George Slopanopoulos’. Ele faria todo mundo no palco parecer maior, mais forte e glamuroso. Também foi um show muito politicamente correto hoje, e tem sido por anos – bagunçado, chato e muito injusto. Por que eles não dão o Oscar para quem merece? Talvez assim sua audiência irá voltar do fundo do poço. Façam a América grande de novo.

Mostrando que não entende nada de produção de grandes eventos, Trump ainda fez um trocadilho com o nome de George Stephanopoulos. Depois de perguntar à plateia se poderiam adivinhar qual ex-presidente tinha feito o post, Jimmy Kimmel arrematou:

Obrigado por assistir. Estou só surpreso por você ainda estar… não passou da sua hora de ir pra cadeia?

O apresentador, é claro, fez referência aos quatro processos dos quais Trump tenta se defender. As reações da plateia foram à altura da surpresa.

5 obviedades do Oscar 2024

Prêmios previsíveis

Tirando uma ou outra surpresa, como a de Melhor Animação que citamos acima, o Oscar 2024 cumpriu o roteiro das demais premiações. A grande dúvida seria se a Academia iria premiar pela primeira vez uma atriz nativa-americana, porém não foi o caso: Emma Stone acabou vencendo Lilly Gladstone na categoria. 

Retorno do apresentador

Jimmy Kimmel continua voltando ao cargo de apresentador do Oscar, já sendo seu quarto ano nesse papel – ele fez a dobradinha 2017/2018 e agora 2023/2024. Entre 2019 e 2021, a Academia ficou sem apresentador, e em 2022 ficou com as comediantes Regina Hall, Amy Schumer e Wanda Sykes.

Como boa parte das premiações, o Oscar tem dificuldade em acertar o tom na escolha do apresentador e da imagem que querem passar. Assim, optam por não se arriscar muito nesse departamento – ainda que, como mostra o vídeo abaixo, nem todo mundo esteja satisfeito com a presença de Kimmel.

Martin Scorsese perde – de novo

Acham que a idade de Hayao Miyazaki pesou em sua vitória? Que nada. Martin Scorsese, apenas dois anos mais jovem que o japonês, não recebeu a mesma graça da Academia.

Ele perdeu para o já favorito Christopher Nolan, de Oppenheimer. O que não o impediu de ir à cerimônia, como faz todos os anos. O que chama atenção é que seus filmes são amplamente indicados, mas são sumariamente esnobados – note os casos de Gangues de Nova York e O Irlandês, ambos somando 10 indicações e 10 derrotas, exatamente como Assassinos da Lua das Flores.

Pelo menos deu pra se divertir na performance dos Kens.

In Memoriam protocolar

A Academia não quis gastar muito tempo com o segmento de homenagem aos profissionais do cinema falecidos no último ano. Foram com a escolha óbvia – a solenidade de Andrea Bocelli e o filho, Matteo, cantando “Con te partirò”. Mais previsível que isso, impossível.

O momento, que citou Michael Gambon, Matthew Perry, Tina Turner e Andre Braugher, foi mostrado apenas de longe, sem que o público de casa pudesse reconhecer facilmente os rostos ou ler os nomes.

No fim, uma tela preta cheia de “esnobados”, enquanto na TV aparecia o QR code para a versão estendida. Protocolo feito, agora bola pra frente.

Roteiro sem surpresas

Os momentos de interação entre os atores que apresentam os prêmios são sempre desconfortáveis – em geral, porque o texto é fraco e previsível. No caso do Oscar, não houve grandes surpresas nesse departamento. Nem mesmo Kimmel quis arriscar muito em sua quarta vez apresentando, se restringindo a comentar a duração dos filmes como “longos demais” – uma queixa recorrente a cada ano.

O momento mais fora do roteiro foi justamente o grande prêmio de Melhor Filme, entregue por um Al Pacino bastante deslocado. Embora ninguém duvide da genialidade do ator, é bem verdade que os anos parecem estar pesando e Pacino não parecia estar muito a fim de estar ali.

Sem nem citar os indicados na categoria, ele disse obviedades como “são 10 indicados, mas só um ganha o troféu”, e “preciso abrir o envelope, o que vou fazer agora”. Sem criar muito suspense, ele falou Oppenheimer sem entusiasmo – deixando o público confuso sem entender se ele estava de fato anunciando o vencedor.

Acabou ficando um momento anticlimático para o que deveria ser o clímax do show. É o famoso “faltou combinar”!

Balanço do Oscar 2024

O resultado do Oscar é principalmente positivo, considerando que a Academia conseguiu encerrar mais um ano sem grandes polêmicas.

Embora previsíveis, seus prêmios conseguiram trazer à tona atores e atrizes talentosos que raramente ganham atenção, alavancar carreiras que darão frutos duradouros e colocar em discussão a importância de pautas diversas.

Algumas pessoas ainda se incomodam com essa guinada a um Oscar mais plural, mas a Academia não parece estar muito preocupada. Até porque, no assunto da representatividade, ainda há muito chão a percorrer.