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Os 10 guitarristas preferidos de Max Cavalera (Sepultura, Soulfly)

Líder do Soulfly e ex-Sepultura, Max Cavalera listou seus músicos favoritos na guitarra e alguns nomes talvez possam te surpreender. Confira!

Foto por <a href="https://www.instagram.com/stephaniexhahne/">Stephanie Hahne</a>/TMDQA!
Foto por Stephanie Hahne/TMDQA!

Quem escuta Metal provavelmente sabe que Max Cavalera é um dos guitarristas mais relevantes do cenário mundial; porém, será que as pessoas conhecem os nomes preferidos do brasileiro quando o assunto é guitarra?

A Guitar World conversou com o músico recentemente e ele listou seus dez guitarristas favoritos, mostrando a pluralidade de suas influências.

Uma das histórias mais curiosas envolve Ritchie Blackmore, que entrou para história do gênero musical ao fazer parte de bandas icônicas como Deep Purple e Rainbow. Max revelou que sua relação com Blackmore foi construída muito por conta da paixão dos dois por futebol (via Guitar World):

Conheci Ritchie Blackmore na época do Sepultura. No início, ele não estava interessado em conversar com ninguém. Mas no minuto em que perguntei: ‘Você gosta de futebol?’, ele disse: ‘Sim, venha comigo!’.

Outro músico citado foi Johnny Ramone, que Cavelera disse ter conhecido durante uma das passagens do Ramones pelo Brasil:

Ele é outro guitarrista que nos mostrou que a simplicidade pode ser ótima. Três acordes podem ser tudo que você precisa. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando fizemos uma turnê com os Ramones no Brasil. Saímos um pouco.

A lista dos guitarristas prediletos de Max Cavalera conta ainda com Eddie Van Halen, Bob Marley, Tony Iommi, The Edge, David Gilmour e mais. Confira a seleção na íntegra abaixo!

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Os 10 guitarristas preferidos de Max Cavalera

1. Eddie Van Halen (Van Halen)

Temos que começar com Eddie! Sou um grande fã do Van Halen. Na verdade, eles vieram para o Brasil por volta de meados dos anos 80. Foi nos primeiros dias do Sepultura, ou talvez um pouco antes disso. Fiquei obcecado em comprar fitas cassette de bootlegs ao vivo do Van Halen. Gostei ainda mais deles do que dos discos porque me proporcionaram uma experiência diferente.

Eu adorei os discos, é claro – mas dava para sentir a banda nesses bootlegs, mesmo que fossem gravações realmente ruins. Alguns eram da mesa de som, mas muitos deles eram pessoas na multidão segurando um toca-fitas; não havia telefones ou internet naquela época.

2. The Edge (U2)

Esse cara é um cientista quando se trata de tocar guitarra. Sou um grande fã há muito tempo. Na verdade, muitas das letras do álbum ‘Beneath The Remains’, do Sepultura, foram influenciadas pelo disco ‘War’ do U2. Lembro-me de ter lido todas as letras traduzidas e de me sentir muito inspirado – então as músicas anti-guerra como ‘Stronger Than Hate’ e a faixa-título vieram das letras de Bono. The Edge é um ótimo exemplo de guitarrista que não tem medo de usar tecnologia. Quer dizer, ele usa e abusa dos pedais. Às vezes não há nem mesmo um solo ou melodia real e às vezes há uma parte real.

3. Link Wray

Este não é da minha juventude; é mais uma descoberta recente nos últimos 10 anos. Me apaixonei pelo som do Link e acabei me aprofundando em todo o seu catálogo, comprando um monte daqueles discos em vinil. Aí descobri que ele era nativo americano, o que me fez amar ainda mais o cara. Eu gostaria de tê-lo conhecido. Eu adoraria colaborar com ele, mas infelizmente ele faleceu.

4. Fast Eddie Clarke (Motörhead)

Fast Eddie nos mostrou que você não precisa ser um virtuoso para se divertir e soar bem. Muitos desses riffs eram feitos de acordes simples, vindos do lado punk da guitarra. É por isso que o Motörhead era amado tanto por metaleiros quanto por punks. Muitos punk rockers odiavam o Heavy Metal, mas ainda amavam o Motörhead e vice-versa. Todos adoravam aquela banda e ela se tornou algo muito sagrado.

5. Chuck Schuldiner (Death)

Ele foi indiscutivelmente o criador do som Death Metal que é tão popular hoje em dia. Essa cena floresceu em um enorme movimento. Eu troquei fitas com o Chuck por muitos anos. Eu estava no Brasil, então, trocávamos cartas, camisetas e tudo mais. Eu imprimia camisas do Sepultura à mão para ele e ele as usava em sessões de fotos. Só nos encontramos uma ou duas vezes; a primeira vez foi na Flórida. Ele apareceu enquanto estávamos fazendo o álbum ‘Arise’. Ele viu a capa e disse: ‘Parece um pesadelo de frutos do mar!’ por causa dos caranguejos segurando o cérebro. Isso nos fez rir. Ele disse: ‘A primeira coisa que vocês pensaram foi em frutos do mar? Vocês são loucos!’.

6. Ritchie Blackmore

Provavelmente é bastante óbvio, mas eu adoro Deep Purple. Eles são tão subestimados no Metal. Eles deveriam estar lá com o [Black] Sabbath e o [Led] Zeppelin. Ouça músicas antigas como ‘Hush’ e soará como uma música dos anos 60. Então, você ouve ‘Smoke On The Water’, que é provavelmente o riff mais famoso de todos os tempos e aquele que todos aprendemos primeiro. Ritchie foi especial porque combinou a sinfonia clássica que aprendeu com Beethoven com rock pesado. Tem um vídeo muito legal chamado ‘Deep Purple Doing Their Thing’ que você pode assistir no YouTube. É uma performance ao vivo onde Ritchie está simplesmente destruindo!

Na verdade, eu o conheci na época do Sepultura. No começo estávamos em um círculo com um monte de gente e ele não tinha interesse em conversar com ninguém. Mas no minuto em que perguntei: ‘Você gosta de futebol?’, ele disse: ‘Sim, venha comigo!’ e me levou para o canto do bar. Conversamos por duas horas e sempre que alguém vinha incomodá-lo, ele dizia: ‘Saia daqui! Estou conversando com Max sobre coisas sérias. Nos deixe em paz!’.

Conversamos sobre o futebol brasileiro e o futebol inglês, coisas como David Beckham e Manchester United. Essa foi uma experiência louca que nunca esquecerei. Meus colegas de banda ficaram com ciúmes, perguntando como eu fiz isso. Tudo o que você precisa fazer se conhecer esse cara é conversar sobre futebol!

7. Bob Marley

Isso é algo diferente de toda uma outra área da música: ele foi um revolucionário com aquela guitarra. Ele era um mestre em composição; um artista completo em todos os sentidos. Ele poderia escrever esses acordes incríveis e músicas memoráveis ​​que viverão para sempre. Tive uma grande fase de Bob Marley que durou muitos anos. Eu colecionei todas as coisas dele. Até fui três vezes à Jamaica e visitei seu túmulo. Trabalhei com seu artista gráfico, Neville Garrick, em três discos do Soulfly. Ele me contava todas as histórias durante muitas horas falando sobre ele. Adoro como Bob Marley descreveu sua guitarra como uma metralhadora.

8. David Gilmour

Esta é mais uma descoberta tardia para mim, mas quando me apaixonei pelo Pink Floyd, realmente me ensinou muito. Esses discos são realmente incríveis – especialmente os últimos, depois que eles se separaram de Roger Waters. Meu álbum favorito é ‘The Division Bell’, que é extremamente subestimado. Muita gente não fala sobre isso, mas os solos desse álbum são incríveis, tão melódicos. [David Gilmour] sempre toca a nota certa com o delay certo. É tudo uma questão de ambientação e não de ostentação. Ele sabe quando tocar e quando não tocar.

9. Johnny Ramone

Ele é outro guitarrista que nos mostrou que a simplicidade pode ser ótima. Três acordes podem ser tudo que você precisa. Tive a oportunidade de conhecê-lo quando fizemos uma turnê com os Ramones no Brasil. Saímos um pouco.

Uma das minhas melhores lembranças é ver os quatro caras com suas jaquetas de couro assistindo ao Sepultura na lateral do palco. Fui até meu irmão e disse: ‘Olha isso – é como a capa de um álbum!’ porque eles estavam alinhados com suas jaquetas, braços cruzados, balançando a cabeça enquanto nos observavam tocar. Não dá pra inventar uma merda dessas! Foi tão legal. Eles são compositores brilhantes.

10. Tony Iommi

Ele escreveu a Bíblia para o Metal e todos nós já a lemos mil vezes! Escolher um riff favorito do Sabbath é muito difícil. Poderia ser a abertura de ‘Cornucopia’, mas ‘Symptom of the Universe’ provavelmente vencerá. Aquele primeiro riff com barulho sempre me faz pensar: ‘Fim do jogo!’ Tivemos a chance de fazer uma cover quando o Sepultura fez ‘Chaos A.D.’ e foi a cover mais difícil que já fizemos. Eu estava muito nervoso porque o Sabbath é algo sagrado. Você não deve tocá-lo, como se fosse algum tipo de artefato religioso.

Eu o conheci quando o Sepultura abriu para o Sabbath na Europa e ele era um cara tão legal, tirando fotos com todos os nossos filhos. Eu li o livro dele, ‘Iron Man’, e era algo realmente poderoso. Se você está lendo isso e precisa de inspiração, compre esse livro! Ele sofre o acidente que sofreu desde cedo, quase desistindo de tocar guitarra e depois decidindo não fazê-lo, acabando por se tornar o arquiteto do som do Heavy Metal.