Mercado fonográfico brasileiro fatura quase R$3 bilhões e cresce mais do que a média global em 2023

Relatório da Pro-Música aponta para otimismo no mercado da música nacional, com crescimento acima da média pelo sétimo ano consecutivo.

Disco de Vinil e Fones de Ouvido
Foto Stock via Shutterstock

O mercado brasileiro de música em 2023 registrou um crescimento significativo, atingindo um faturamento total de R$2,9 bilhões, o que representa um aumento de 13,4% em relação ao ano anterior. Esse valor inclui não apenas as vendas digitais, mas também as físicas.

Os dados vêm do relatório divulgado hoje por duas entidades importantes do mercado: a Pro-Música (Produtores Fonográficos Associados) e o IFPI (International Federation of the Phonographic Industry), representantes da indústria brasileira e mundial, respectivamente. 

A divulgação anual desses números já é aguardada por apresentar informações consolidadas sobre o faturamento do setor musical, dados, valores e tendências do mercado da música, além das 200 músicas mais ouvidas no Brasil. Eles oferecem um bom insight sobre como andam as coisas no mercado nacional.

Otimismo baseado em números

O setor fonográfico nacional cresceu acima da média global pelo 7º ano consecutivo, mantendo o Brasil no top 10 do ranking dos mercados musicais do mundo. Isso deixa muita gente otimista, e com razão. 

As receitas provenientes de direitos conexos de execução pública, destinadas a produtores, artistas e músicos, aumentaram em 4%, totalizando R$336 milhões. Destaca-se também o crescimento expressivo das receitas de sincronização, que alcançaram R$14 milhões, representando um aumento de 87% em comparação com o ano anterior.

Streaming em alta no mercado

receitas streaming

O principal impulsionador desse crescimento foi o segmento de streaming, que registrou um aumento de 14,6% e gerou receitas no valor de R$2,5 bilhões. Esse tipo de distribuição de música respondeu por 99,2% do total das vendas físicas e digitais, e por 87,1% das receitas totais do setor em 2023.

No que diz respeito ao streaming de áudio, as assinaturas em plataformas digitais como Spotify, Deezer e Apple Music geraram uma receita de R$1,6 bilhão, representando um crescimento de 21,9% em relação ao ano anterior. Por outro lado, as receitas provenientes de streaming remunerado por publicidade tiveram uma leve queda de 1%, totalizando R$442 milhões.

Já o streaming de vídeo, especialmente os vídeos musicais interativos financiados exclusivamente por publicidade, registrou um crescimento de 7,3%, gerando receitas de R$415 milhões.

Mudanças em andamento

Os números já refletem, também, as rápidas transformações do mercado de música, e não apenas no Brasil.

Apesar do crescimento significativo do mercado digital, as vendas físicas também apresentaram um aumento, representando 0,6% do total das receitas da indústria fonográfica brasileira, com um faturamento de R$16 milhões. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pela venda de discos de vinil, que se tornaram o formato físico mais comercializado, alcançando um faturamento de R$11 milhões em 2023.

O presidente da Pro-Música, Paulo Rosa, ressaltou que o mercado fonográfico brasileiro continua a refletir a consolidação do streaming como modelo de distribuição dominante. No entanto, ele expressou preocupação com o uso de práticas ilegais, como a criação de streams falsos, e defendeu uma regulamentação responsável do uso de Inteligência Artificial Generativa no setor:

No total, mais de 50 milhões de brasileiros estão atualmente engajando-se com a música de sua preferência através das plataformas de streaming, números que indicam que, tanto na subscrição como no modelo remunerado por publicidade, há ainda um espaço considerável para seguir crescendo no país. Apesar dos bons resultados até o momento, o setor se preocupa com o uso de ferramentas robotizadas para criação de streams falsos, tipo de ‘impulsionamento’ que constitui prática ilegal e fraudulenta, e os impactos negativos que o uso de Inteligência Artificial Generativa podem vir a causar no ecossistema do mercado de música gravada, Quanto a este último assunto, em discussão atualmente no Congresso Nacional, estamos trabalhando e esperamos que todos os setores criativos, música inclusive, tenham a devida e justa proteção nas novas regulações sobre o uso responsável de IA no Brasil e no mundo.

Aqui é Brasil!

O Brasil continua sendo um ótimo exemplo de mercado que se retroalimenta. Os brasileiros consomem muito mais música nacional, e isso fica explícito no ranking de 200 músicas mais ouvidas. A participação da música brasileira é de nada menos que 93,5%!

A única artista a furar o Top 50 foi Miley Cyrus – “Flowers” aparece em 43º lugar.

Confira o top 10 de músicas mais ouvidas no Brasil em 2023:

  1. Marília Mendonça – “Leão”
  2. AgroPlay & Ana Castela – “Nosso Quadro”
  3. Simone Mendes – “Erro Gostoso (Ao Vivo)”
  4. Israel & Rodolffo, Ana Castela – “Bombonzinho (Ao Vivo)”
  5. Israel & Rodolffo, Mari Fernandez – “Seu Brilho Sumiu (Ao Vivo)”
  6. Zé Neto & Cristiano – “Oi Balde (Ao Vivo)”
  7. Grupo Menos É Mais & Matheus Fernandes – “Lapada Dela (Ao Vivo)”
  8. Dennis & Mc Kevin o Chris – “Tá OK”
  9. Henrique & Juliano – “Traumatizei (Ao Vivo)”
  10. Guilherme & Benuto, Ana Castela & Adriano Rhod – “Duas Três”