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Atriz é "substituída" por IA na BBC e esquenta debate sobre Inteligência Artificial no Entretenimento

Uma denúncia da atriz Sara Poyzer e pressão do sindicato de roteiristas americano coloca o uso de Inteligência Artificial sob escrutínio na mídia.

Sara Poyzer
Sara Poyzer

A utilização da inteligência artificial (IA) no meio do entretenimento está gerando debates acalorados – e essa conversa vai continuar dando pano pra manga. Prova disso é o caso recente envolvendo a substituição da atriz e cantora Sara Poyzer por IA em uma série da BBC

Para completar, o Writers Guild of America – sindicato de roteiristas – foi bater na porta do Congresso dos EUA para garantir seus direitos contra a inteligência artificial por meio de uma carta assinada por múltiplas entidades de classe.

Com a IA generativa se tornando realidade de boa parte das profissões, começam a surgir questões éticas que as legislações ainda não cobrem. Por isso, a música, o cinema e a TV estão indo parar nas páginas trabalhistas – e com razão. 

BBC dispensa narradora e “contrata” IA

Sara Poyzer, conhecida por seu trabalho no musical Mamma Mia! nos palcos, foi informada de que seus serviços de narração não seriam mais necessários devido à substituição por uma voz gerada por IA. 

Em suas redes sociais, Poyzer publicou uma captura de tela de um e-mail no qual recebeu a notícia. Ela legendou a postagem como “sombria” e marcou a BBC.

Enviado por uma produtora que está fazendo o programa da rede de TV, o e-mail dizia:

Desculpe pelo atraso – recebemos a aprovação da BBC para usar a voz gerada por IA, então não precisaremos mais de Sara.

Suas postagens no X (antigo Twitter) e Instagram viralizaram, gerando milhões de visualizações e um debate sobre a inteligência artificial já estar roubando o emprego de atores. 

BBC se pronuncia sobre substituição de atriz por Inteligência Artificial

A BBC emitiu uma declaração que oferece contexto importante sobre o caso. A empresa pública de TV britânica afirmou estar utilizando tecnologia de IA em um “documentário altamente sensível” para representar a voz de uma pessoa que está chegando ao fim da vida.

Poyzer estava cotada para o trabalho, mas a BBC teria escolhido “honrar os desejos da família” dedicando uma seção breve do documentário – e que será claramente sinalizada para os espectadores – para recriar “uma voz que agora não pode mais ser ouvida”.

Sindicato de Roteiristas em movimento contra a IA

O caso da série da BBC trouxe à tona preocupações mais amplas sobre o uso da IA no meio do entretenimento. Paralelamente a esse acontecimento do outro lado do Atlântico, o Sindicato dos Roteiristas da América (WGA), juntamente com outras organizações representantes de classe de escritores, jornalistas e artistas, enviou uma carta ao Congresso dos Estados Unidos exigindo proteções para suas indústrias em relação à IA.

O WGA destacou que, além da substituição de profissionais, há também a questão do uso não autorizado de trabalhos de escritores e roteiristas, protegidos por direitos autorais, para treinamento de Inteligências Artificiais.

Essa preocupação, juntamente com o caso da série da BBC, reforça a necessidade urgente de legislação que garanta os direitos e interesses dos profissionais em indústrias criativas.

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Cinema e TV ainda se recuperam de greves

Vale lembrar que o WGA foi um dos responsáveis pela greve histórica realizada por roteiristas no ano passado. Foram recordes 146 dias, de 2 de maio a 27 de setembro, tornando-se a mais longa paralisação de Hollywood desde 1960.

Mais de 12 mil roteiristas entraram em greve contra a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa os interesses dos grandes estúdios e plataformas de streaming. A estimativa é que a economia dos EUA tenha perdido cerca de US$ 5 bilhões durante a greve, que também foi seguida pelo sindicato dos atores.

Agora, as demandas apresentadas pelos sindicatos incluem garantias de que a IA não substitua jornalistas, escritores e artistas sem seu consentimento ou justa compensação. Além disso, eles buscam proteção contra o uso de IA para monitorar os trabalhadores e sua escrita.

Lisa Takeuchi Cullen, presidente do WGA na costa leste dos EUA, enfatizou a importância de medidas legais para proteger os profissionais criativos do avanço da IA. Ela destacou que a Inteligência Artificial representa uma ameaça para a existência de escritores e outros artistas, e que é crucial estabelecer proteções legais sólidas para evitar abusos por parte das empresas.

Com o caso da série da BBC e as demandas de proteção apresentadas pelos sindicatos, o debate sobre o uso ético e justo da IA no meio do entretenimento está sendo ampliado. Essa discussão deve continuar deixando muitos trabalhadores inseguros – pelo menos até que a legislação vigente e acordos de classe lhes garantam seus direitos profissionais.