Muita gente apostou que a briga entre o Universal Music Group e o TikTok não duraria muito e logo todas as músicas do maior catálogo do mundo estariam de volta à plataforma. Ledo engano. Agora, o UMG ganhou mais um aliado à sua posição: a Impala.
A Associação das Empresas da Música Independente da Europa decidiu se pronunciar a favor da major por entender que suas cobranças com relação aos termos de licenciamento, preocupações com inteligência artificial e segurança fazem sentido.
Choose your fighter!
Nessa briga de gigantes, a Impala decidiu emitir uma declaração reunindo as opiniões de seus membros sobre o TikTok e outros serviços da “economia do momento”, assim como sobre as mudanças nos pagamentos de streaming feitas por Spotify, Apple Music e Deezer.
O presidente do grupo de streaming da Impala, Mark Kitcatt, que também é CEO da Everlasting Records e da Popstock Distribuciones, delineou a posição da organização sobre o assunto:
Conforme estabelecido em nosso plano de streaming, há uma necessidade urgente de garantir receitas justas desses serviços vitais. De acordo com isso, a Impala apoia a posição da UMG em relação ao TikTok quanto à valoração adequada da música. Além disso, rejeitamos argumentos que equiparam o uso de música no TikTok à promoção. Existe uma grande lacuna de valor que deve ser abordada, mas, além disso, uma oportunidade emocionante para explorar novas formas de gerar e compartilhar receitas.
Dan Waite, presidente do comitê digital da Impala (e CEO da Better Noise Music), compartilhou uma visão semelhante:
O TikTok está em um momento crucial em termos de renovar seus contratos de licenciamento, onde podem mostrar que valorizam a música de forma justa em sua plataforma. É um uso da música que precisa ser remunerado como qualquer outro. Também desejamos ver selos independentes, detentores de direitos e artistas receberem remuneração justa pelo uso e ter termos tão favoráveis quanto as maiores majors ao renovarem suas licenças.
TikTok responde à declaração da Impala
Logo em seguida, o TikTok já se manifestou sobre a nota da associação europeia, voltando a reiterar que apoia a música, inclusive a independente:
Valorizamos os relacionamentos e os acordos de licenciamento que temos com a comunidade musical independente em toda a Europa. O TikTok sempre foi um serviço licenciado e estamos orgulhosos dos sucessos que artistas e empresas independentes encontraram por meio de nossa plataforma.
Claramente, a empresa segue mantendo sua posição desde o começo desse debate.
Não é só sobre o TikTok
A Impala aproveitou a oportunidade para destacar a necessidade de que os serviços de streaming trabalhem com a comunidade independente para fazer alterações em seus novos modelos de pagamento.
As mudanças recentes do Spotify, que incluem a interrupção do pagamento de royalties para faixas com menos de 1.000 streams no último ano, entraram em vigor no início de abril. A Associação, porém, vem falando sobre isso desde o anúncio da empresa sueca, em dezembro.
Sobrou também pra Apple Music, plataforma que dá um impulso aos catálogos disponíveis em áudio espacial. Os artistas e selos independentes temem que isso beneficie as grandes gravadoras, que são mais capazes de arcar com os custos dessas mixagens.
A organização resumiu:
A Impala reitera a vontade do setor de trabalhar com os serviços para evitar oportunidades prejudiciais para artistas jovens, em desenvolvimento e de nicho, bem como para catálogos profundos e gêneros especializados, territórios menores e para idiomas menos dominantes.
Dá pra notar que há muitas questões não resolvidas quando o assunto é a compensação justa para a música, seja no nível independente ou nas grandes gravadoras.
Relembre a briga entre Universal e TikTok
Em fevereiro de 2024, o TikTok e o UMG entraram em conflito sobre o pagamento de royalties e questões de segurança, inclusive envolvendo a Inteligência Artificial.
O acordo entre as duas empresas expirou e não foi renovado. A UMG afirmou que o TikTok não estava disposto a pagar a mesma taxa que outras plataformas pagam para obter as músicas e o TikTok rebateu as acusações.
Aproximadamente dois dias após a primeira carta, as músicas da Universal começaram a desaparecer do TikTok, e vários vídeos foram silenciados.
Atualmente, o app continua sem disponibilizar canções de Drake, Olivia Rodrigo, Beyoncé, Doja Cat, Taylor Swift e muitos outros grandes artistas para a criação dos vídeos curtos.
Já em março, a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou um projeto de lei que pode resultar no banimento do TikTok, exigindo a venda do aplicativo em território americano. A ByteDance, empresa responsável pelo app, expressou a intenção de explorar todas as opções legais disponíveis antes de considerar uma negociação forçada.
No entanto, é importante ressaltar que o texto ainda precisa ser avaliado pelo Senado e, em seguida, sancionado ou vetado pelo presidente Joe Biden.
Será o cerco se fechando para a ByteDance, dona do TikTok?