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Música latina rende mais de US$1 bi apenas nos EUA pelo segundo ano consecutivo

O crescimento da música latina foi de 16%, de acordo com novo relatório da RIAA, e já é de quase 8% do mercado fonográfico dos EUA. Veja mais dados!

Anitta, Bad Bunny, Karol G - crescimento da música latina nos EUA
Crédito: Shutterstock

A música latina continua em ascensão nos Estados Unidos, quebrando recordes de receita pelo segundo ano consecutivo. Em 2023, o gênero atingiu a marca de US$1,4 bilhão, um aumento de 16% em relação ao ano anterior, e conquistou 7,9% da participação total no mercado musical dos EUA. 

Os números vêm da Associação Americana da Indústria Fonográfica (RIAA). Esse crescimento supera o ritmo geral da indústria fonográfica, consolidando a música latina como um dos gêneros mais populares e influentes do país.

Além do Reggaeton

Quem acha que apenas o reggaeton domina as paradas se engana: ao longo dos últimos anos, o público norte-americano vem se familiarizando com sons tradicionais, como bachata, ranchera e o regional mexicano. E aprendendo que, embora o termo “música latina” tenha se popularizado, ele não passa de um enorme bloco que inclui centenas de sub-gêneros e identidades possíveis.

Os novos números divulgados pela RIAA acenam para uma tendência global, já que os EUA ditam boa parte das tendências musicais.

Streaming: motor do crescimento

O streaming é o principal impulsionador desse sucesso, respondendo por impressionantes 98% da receita da música latina nos EUA. As assinaturas pagas de serviços como Spotify, Apple Music e Amazon Music lideram o crescimento, com um aumento de 21% em 2023, alcançando US$915 milhões. 

Embora o rádio ainda opere um papel importante, principalmente ao conectar imigrantes com sons de suas origens, a tendência ao streaming reflete a mudança nos hábitos de consumo de música. Ela mostra o público cada vez mais optando por plataformas digitais em detrimento de formatos físicos.

Outro destaque do streaming é o crescimento dos serviços com suporte de anúncios, como YouTube, Vevo e a versão gratuita do Spotify. Essa modalidade, que oferece acesso à música sem a necessidade de assinatura, contribuiu com 10% da receita total da música latina em 2023, totalizando US$336 milhões. 

O sucesso do streaming com anúncios demonstra a importância do vídeo para o público latino, que se conecta com a música através de clipes, performances ao vivo e outros conteúdos visuais.

Novas estrelas e gêneros em alta na música latina

música latina no mercado americano
Porcentagem da música latina no mercado americano cresce ano a ano (Crédito: Reprodução/RIAA)

O crescimento da música latina nos EUA é impulsionado não apenas pelo streaming, mas também por uma nova geração de artistas que vêm conquistando o público americano.

Nomes como Karol G, Rauw Alejandro e Anitta se tornaram ícones globais, quebrando barreiras linguísticas e culturais. Suas presenças nas premiações da indústria não apenas são esperadas, como celebradas com estatuetas.

Se até pouco tempo atrás era o pop em espanhol quem ditava as regras dessa entrada no mercado americano, ao longo de 2023 o regional mexicano disputou essa liderança. Artistas como Peso Pluma, Fuerza Regida, Grupo Frontera e Eslabon Armado também estão em alta nos EUA, se apresentando nos talk shows.

Eles são impulsionados por parcerias com nomes como Shakira, Kali Uchis e Bad Bunny – artistas ainda mais difundidos da cultura latina para o grande público.

Essa diversidade de estilos contribui para atrair um público ainda mais amplo.

Impacto no Brasil e oportunidade para artistas brasileiros

A música latina também está em franca ascensão no Brasil, seguindo a tendência global. Dados do Spotify revelam um crescimento de 170% no consumo de música latina na plataforma nos últimos cinco anos, especialmente entre os ouvintes da Geração Z.

Em 2023, o streaming foi responsável por 85,6% do mercado musical brasileiro, com um crescimento de 34,6% em relação a 2021, alcançando R$1,8 bilhão de reais (US$ 386 milhões). O reggaeton e o trap latino lideraram o crescimento entre 2018 e 2020, com aumentos de 147% e 187%, respectivamente. Já a música mexicana teve um crescimento de 56% ao ano nos últimos dois anos.

O sucesso da música latina nos EUA abre caminho para um crescimento similar no mercado brasileiro. A popularidade do gênero entre o público americano demonstra o potencial da música latina para transcender fronteiras – até no mercado brasileiro, onde o espanhol teve pouca entrada. 

Artistas brasileiros já estão aproveitando essa oportunidade, como Anitta, Ludmilla e Pabllo Vittar, que vêm conquistando cada vez mais espaço no cenário internacional. Tanto que, para coincidir com seu show no Coachella, Lud recorreu ao astro colombiano Ryan Castro para lançar um feat.

Para o mercado brasileiro, esse crescimento representa uma oportunidade de aumentar as exportações de música, impulsionar a indústria fonográfica nacional e fortalecer a presença da cultura brasileira no exterior. Investir em novos talentos, promover a música brasileira em plataformas internacionais e incentivar a colaboração entre artistas brasileiros e estrangeiros são algumas das ações que podem ser tomadas para aproveitar esse momento favorável.

Moda nada passageira

Quem apostou em uma onda de curta duração para o sucesso do reggaeton e de outros gêneros musicais latinos perdeu. A verdade é que, pós “Despacito”, o sucesso só cresce.

Reflexo disso é a vinda de Karol G ao Brasil – não uma, mas duas vezes em 2024. A estrela colombiana irá trazer sua própria turnê a São Paulo, retornando no segundo semestre para o Dia Delas no Rock in Rio. Seu nome no pôster é o segundo – abaixo apenas de Katy Perry. Sinal de que o pop latinoamericano não cansa de surpreender, e certamente não irá parar por aí.