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O Grilo revela ao TMDQA! o desafio de reunir referências de todos os integrantes em seu novo disco “Tudo Acontece Agora PT.1”

Em entrevista ao TMDQA!, O Grilo compartilha detalhes sobre o processo de criação e as referências do seu novo disco “Tudo Acontece Agora PT.1”. Leia!

O Grilo revela ao TMDQA! o desafio de reunir a personalidade de todos os integrantes em seu novo disco “Tudo Acontece Agora PT.1”
Foto por Marina Vancini

Senhoras e senhores, vocês estão prontos para decolar com O Grilo Viagens? Afinal de contas, os membros d’O Grilo estão convidando seus fãs e novos passageiros para se aventurarem na primeira parte do seu segundo disco de estúdio, Tudo Acontece Agora.

Apostando em uma estética e narrativa voltada para uma agência de viagens fictícia, a banda mostrou através de suas 10 novas músicas que a melhor viagem não está em um único destino mas, na verdade, na jornada que te leva até determinado local.

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Em conversa com o TMDQA!, o vocalista Pedro Martins e o baterista Lucas Teixeira contaram como surgiu o conceito que acompanha o novo álbum da banda e revelaram detalhes do processo de criação das novas músicas. Além disso, os músicos apontaram as principais diferenças entre produzir seu disco de estreia Você Não Sabe de Nada, que foi feito durante a pandemia, e o processo de Tudo Acontece Agora.

Novo disco da banda O Grilo

Um dos destaques do disco, que chega com uma sonoridade mais voltada ao Rock e com faixas mais emotivas, é o fato da banda ter conseguido incluir a personalidade de todos os integrantes do grupo, que também conta com o guitarrista Felipe “Fepa” Martins e o baixista Gabriel Cavallari. Na entrevista, Pedro comentou sobre os desafios de reunir as referências de todos os músicos:

Justamente na hora de sentar no estúdio a gente tem que entender que todas [as referências] são bem-vindas, mas até que ponto a gente consegue efetivamente colocá-las numa mesma música. Porque cada música pede uma coisa diferente e nem sempre aquilo que a gente está ouvindo na semana ou tem ouvido faz um tempo condiz com aquela faixa que a gente vai estar trabalhando no dia. Eu acho que a gente encontrou um equilíbrio muito legal, no sentido de que a gente não necessariamente pensa na referência específica na hora que a gente está compondo.

No papo, que você pode conferir na íntegra logo abaixo, os integrantes do Grilo também comentaram sobre a relação do grupo com Jean Dolabella – que ficou responsável pela pré-produção do novo disco ao lado de Hugo Silva – e quais foram as principais referências da banda para o som desta primeira parte do álbum.

A banda já anunciou uma série de datas para a turnê de divulgação do seu novo disco. Em maio, O Grilo faz shows em Belo Horizonte (18/05) e em Juiz de Fora (19/05) e, nos próximos meses, o grupo já confirmou datas em São Paulo, Brasília, Manaus, Curitiba e muitas outras cidades – confira aqui.

Leia o papo completo a seguir e ao final da entrevista ouça o novo disco do Grilo, Tudo Acontece Agora!

TMDQA! Entrevista O Grilo

TMDQA!: Oi Pedro e Lucas, tudo bem? Eu preciso começar falando sobre o conceito que acompanha o lançamento de “Tudo Acontece Agora”, que está totalmente relacionado ao tema viagem. Quando vocês sentiram essa conexão entre esse assunto e o que vocês iam apresentar no disco?

Lucas: A gente tinha essa ideia, que era quase uma brincadeira, de criar as “linhas aéreas do Grilo”. Tem essa parada que a gente vê muito nesse universo meio lúdico por trás dos álbuns e das músicas. No “Você Não Sabe de Nada” a gente criou um personagem, uma história em quadrinhos que acompanhava as músicas, e aí nesse essa brincadeira acabou ficando séria, ainda mais depois que a gente foi fazendo as músicas e foi entendendo que elas falavam muito sobre mudanças, sobre momentos em que você olha um pouco pra trás e pensa sobre quem você já foi, e ao mesmo tempo olha lá na frente e fala quem você quer ser dali em diante. Eu acho que reflete um pouco também essa passagem que a gente está fazendo da vida adolescente pra vida adulta.

A gente lançou o nosso primeiro álbum com 18, 19 anos, e hoje a gente está com 26. Então acho que é um álbum que reflete um pouco essa mudança, é um álbum que reflete também sobre pessoas que talvez sejam um pouco mais nostálgicas, mais emotivas. Eu acho que viagem sempre foi um momento na nossa vida pessoal que representou um pouco isso. Acho que cada um dentro da banda teve viagens muito significativas pessoalmente que mudaram muito cada um.

Eu sempre trago o exemplo de quando a gente foi pro Rio de Janeiro visitar a família do Pedro, que é de lá, e a gente mudou muito depois daquela experiência, conhecendo aquelas pessoas, tendo experiências únicas. Então acho que viagem pra gente sempre foi algo para além de ir para um lugar físico, sempre foi sobre também se reinventar um pouco, ficar mais aberto a se influenciar por aquelas pessoas, por aquele lugar novo. E acho que é isso. Foi por isso que a gente conseguiu também unir essa brincadeira com o tema das músicas; porque, inconscientemente, as coisas estavam ligadas e a gente só não sabia ainda.

TMDQA!: Como vocês mesmos explicaram no material sobre o disco, o trabalho apresenta referências de cada um de vocês na sonoridade. Eu queria saber quais são os maiores desafios na hora de reunir esses elementos e fazer com que eles consigam fluir de uma forma coesa nas faixas do álbum?

Pedro: Eu acho que a maior dificuldade de realmente flertar com todas essas referências que a gente tem individualmente é que eu acho que cada integrante do Grilo tem uma individualidade muito latente, no sentido de que a gente se dá muito bem, nós somos amigos, mas na hora de pensar música a gente tem referências muitas vezes muito diferentes, até por questões de criação mesmo. Por exemplo, o Fepa é lá de Manaus, ele tem toda essa coisa da música nortista, mas ele também tem uma veia muito forte de reggae, uma veia forte de metal que não necessariamente estava de acordo com o resto da banda, né? E individualmente também, a minha criação foi muito pautada em MPB, a dos meninos foi mais Rock, o [Gabriel] Cavallari gosta mais de groove, então tem uma coisa muito doida aí.

Então, eu acho que o maior desafio é ter em vista essa pluralidade de referências. Justamente na hora de sentar no estúdio a gente tem que entender que todas elas são bem-vindas, mas até que ponto a gente consegue efetivamente colocar elas numa mesma música? Porque cada música pede uma coisa diferente e nem sempre aquilo que a gente está ouvindo na semana ou tem ouvido faz um tempo condiz com aquela faixa que a gente vai estar trabalhando no dia. Eu acho que a gente encontrou um equilíbrio muito legal, no sentido de que a gente não necessariamente pensa na referência específica na hora que a gente está compondo. A gente só tem uma bagagem e aí efetivamente cada um vai pintando um pouco ali do quadro e, às vezes, depois do processo, a gente saca tipo, “Nossa, isso aqui é meio metal, isso aqui é meio reggae, isso aqui é meio frevo”. Mas o processo acabou ficando muito natural mesmo com as diferenças e a gente aprendeu a somar todas elas.

TMDQA!: Muito legal. Eu também queria saber quais foram as principais diferenças entre produzir o “Você Não Sabe de Nada”, que foi feito à distância, tendo a pandemia como cenário, e produzir o “Tudo Acontece Agora” em meio às viagens de shows e tendo um contato mais frequente com os fãs?

Lucas: Foi bem diferente do “Você Não Sabe de Nada” porque além de tudo que você falou sobre a pandemia e tal, é um disco que foi feito a partir de composições de pessoas e que depois foram trazidas para a banda. Então, “Você Não Sabe de Nada”, 70% das músicas o Pedro tinha uma base ali no violão, alguma coisa, ele trouxe pra banda e aí a banda foi fazendo um verso, complementando uma coisa ou outra, foi arranjando as músicas e também à distância, então foi um processo bem conturbado. Tanto é que tem muita coisa no “Você Não Sabe de Nada” que eu fiz a linha de baixo porque a gente estava nessa distância, precisava gravar alguma coisa, eu gravava baixo junto com a minha bateria. Então foi bem segmentado, até por isso que ele soa um pouco remendado, são vários estilos musicais, várias viagens que ele vai passando, e foi um reflexo muito desse momento.

O “Tudo Acontece Agora” é um reflexo de toda experiência que a gente teve como banda a partir dali. Em “Você Não Sabe de Nada” a gente tinha tipo, sei lá, cinquenta mil, sessenta mil ouvintes mensais. Hoje é uma banda de quatrocentos mil. Então, a gente nesse meio tempo passou por muitas cidades no Brasil inteiro, fizemos festivais, conhecemos muita gente, fizemos feats com muitas pessoas, entramos em contato com o público e além disso a gente entrou muito em contato com nós mesmos. A gente passou a fazer muito mais músicas dentro do estúdio, em jam, tocando junto, do que cada um na sua casa. Então, ao contrário do “Você Não Sabe de Nada”, o “Tudo Acontece Agora” tem cerca de setenta por cento das composições que não são individuais. A minoria é individual, a maioria veio de bases que a gente estava fazendo no estúdio, aí o Pedro ia lá no cantinho dele, escrevia uma letra, uma melodia, encaixava e a gente ia fazer aquilo muito junto.

Então é um disco que tem mais a personalidade de todo mundo. Até por isso eu acho que é um disco mais emotivo, porque o Fepa traz muito esse lado emotivo, do metal e do emo, do rock, tem muita linha de baixo marcante, o Cavallari traz muito também. Então ele acabou virando essa unidade maior do que é a banda. A gente ficou muito satisfeito com ele e por isso também acabou sendo um disco mais longo, de 20 músicas, porque muita coisa foi sendo gerada e a gente acabou achando melhor dividir em duas partes.

TMDQA!: E falando sobre as faixas do álbum, teve alguma delas que marcou o processo de criação do disco? Que surgiu de alguma forma inusitada ou que o resultado acabou ficando diferente do que vocês esperavam?

Pedro: Eu acho que praticamente todas as músicas que a gente faz tem um pouco disso em determinado grau. Alguns resultados que foram diferentes do esperado e que acho que dá pra falar é que teve algumas músicas desse disco, creio que umas quatro – acho que duas dessa primeira parte e mais duas no próximo – que saíram de tentativas que a gente tinha de terminar uma outra música que a gente acabou não terminando. Então ela é um refrão e, na tentativa de terminar esse refrão, a gente acabou fazendo quatro outras músicas.

Uma delas é a próprio “Horizonte”, que está nessa primeira metade. Ela nasceu de uma noite que a gente estava viajando junto, porque a gente viajou pra uma casa de praia justamente pra terminar o disco, e a gente ficou lá isolado, nós quatro produzindo o dia todo. Nisso, já estava de noite, o Cavallari fez uma linha de baixo justamente na tentativa de terminar essa outra música e foi dormir. E aí durante a noite, eu, Teixeira e o Fepa ficamos trabalhando na música e eu tive uma ideia de letra.

Na hora de passar a voz eu cantei baixinho pra não acordar o Cavallari, que estava dormindo, e no final não só virou outra música como a gente gravou a voz mais baixa, por conta dessa coisa de tipo, “Ah, vamos ter que gravar baixinho”. Foi uma estética que a gente acabou gostando e agora está no álbum. A gente não tem muitas amarras nesse sentido. Se pinta alguma coisa inusitada no estúdio e a gente acha legal, tá dentro, tem que fazer.

TMDQA!: Qual foi a estratégia em dividir o disco em duas partes? Como foi feita a seleção das músicas que foram lançadas neste primeiro momento?

Lucas: A gente não estava pensando muito sobre divisão. Na hora de fazer música a gente só fazia música, porque a gente não queria que uma coisa atrapalhasse a outra. Quando a gente chegou no final do processo, escutou o álbum inteiro, a gente disse: “Putz, acho melhor a gente dividir em duas partes até para as pessoas conseguirem consumir de uma maneira melhor”, e até pra gente não contar uma história gigante assim de cara; é melhor contar a história por partes, pra gente valorizar também as músicas individualmente.

Então daí veio a ideia de fazer as duas partes, cada uma com dez músicas mais ou menos, e a divisão foi muito baseada na função das músicas. Essa música é mais solar, essa aqui também, então vamos separar elas nos discos; essa é mais emotiva e essa também…

A gente tentou fazer uma mescla e um equilíbrio dos sentimentos entre os dois álbuns e no final das contas acho que o primeiro álbum ficou mais Rock e mais emotivo, mais conectado talvez com a essência do Grilo, e a segunda parte ficou um pouco mais experimental, tipo uma parte mais psicodélica e mais diferente, com a gente não pensando como tem que soar ou agradar. Foi só a gente largando um pouco a mão e fazendo coisas mais diferentes.

TMDQA!: Eu vi que em uma entrevista o Gabriel comentando que o Jean Dolabella fez pré-produção do disco, e ele é um músico com muitos anos de estrada, que integrou bandas renomadas. Eu queria saber como o trabalho dele influenciou no resultado final de “Tudo Acontece Agora” e como foi a experiência de ter trabalhado com ele?

Lucas: Ah, foi incrível! Ele é nosso mestre Yoda, a gente brinca com isso, porque quando a gente foi gravar o [EP] “Herói do Futuro”, a gente era bem novinho, bem verde, a gente tocava bem o básico ali de banda de colégio mesmo. E ele conseguiu pegar a gente e tirar o melhor de nós. Tanto é que esses dias eu estava até escutando uns áudios de ensaios daquela época e fiquei horrorizado. Depois escutando o EP, fiquei pensando, “Caraca, como é que esse cara transformou uma banda assim, de moleque, tão verde, em algo que naquele momento foi tão maduro pra gente”, sabe?

Ele foi a primeira pessoa a conseguir fazer com que a gente assumisse o potencial que se tornou e também foi a primeira pessoa que trouxe pra gente muitos ensinamentos sobre o mercado da música, profissionalização, sobre estudar muito os instrumentos e tal. Então desde sempre a gente teve muita conexão com ele.

A gente trabalhou com ele em 2017, depois não trabalhou mais. Aí em 2024 a gente voltou a trabalhar com ele porque a gente queria alguém focado em só fazer a pré-produção, que é aquele momento que a gente vai arranjar as músicas, estruturar elas antes de gravar realmente.

E aí foi incrível, porque, pô, a gente já está muito mais amadurecido, cada um muito seguro de seu instrumento. A gente se encontrou em outro lugar e deu pra ver que ele se sentiu muito feliz em poder ver essa evolução, e nesse caso não foi só ele dando vários pitacos e a gente seguindo cegamente, foi uma coisa muito em conjunto também. Ele trazendo visões, referências e complementando mais o que a gente está fazendo. Foi essencial e é um cara que com certeza é um dos pilares pro Grilo ser o que ele é hoje.

TMDQA!: Como está sendo essa preparação para essa nova turnê? Com relação aos arranjos ao vivo, vocês vão experimentando nesses primeiros shows e adaptando com o passar do tempo ou já começam com algo que vocês definiram nos ensaios?

Lucas: A gente gosta bastante de mudar as versões do ao vivo, tanto é que a galera que estava vendo nossos shows no ano passado ouvia os arranjos do “Você Não Sabe de Nada” e era tudo diferente. A galera já tinha desapegado um pouco de como eram as músicas, porque a gente gosta muito de pegá-las e mudar, acho que faz parte um pouco até da evolução da banda, todo mundo vai escutando coisas novas e vai pegando as coisas antigas e ressignificando um pouco.

Nessa turnê a gente fez um pouco, mas ainda faz pouco tempo. A gente gravou essas músicas ano passado, então ainda está um pouco recente. A gente mudou algumas coisas obviamente para o ao vivo, mas eu acho que quanto mais o tempo passa mais a gente vai adaptando também.

E tem uma novidade para esses shows, porque agora a gente está tocando com uma base junto com a banda; antes éramos só nós quatro mais dois músicos de apoio, e agora somos nós quatro, essa base e um percussionista. Então muitas das coisas que tem no álbum, de coro, de muita percussão, de efeitos, a gente conseguiu colocar nos shows, e as músicas estão bem fiéis às gravações. Também estamos conseguindo fazer toda uma preparação de luz junto com as músicas. Enfim, cada vez mais melhorando o show e tornando a coisa mais profissional.

TMDQA!: E desde o início da carreira de vocês a relação com os fãs sempre foi muito forte né? Como tem sido ao longo dos anos, pensando desde 2017 com o EP “Herói do Futuro” até aqui? Vocês sentem que o público tem amadurecido junto com vocês e que tem surgido uma galera mais nova também?

Lucas: Foi muito engraçado, porque essa semana a gente fez uma entrevista com a Capricho e a pessoa que entrevistou a gente hoje tem a nossa idade mas conheceu O Grilo em 2018, na época da faculdade, na mesma época também que a gente estava. E ela falou sobre como ela amadureceu junto com a banda, então é muito doido. Eu acho que tem vários exemplos de pessoas que conheceram a banda ali na época do colégio, da faculdade e que ao longo dos anos foi amadurecendo junto com a gente e hoje está com 26, 27 anos, está começando a trabalhar, enfim, está na mesma fase que a gente e escutando as músicas, que eu sinto que também são mais maduras e refletem esses momentos de vida se comparadas às primeiras ali.

Então foi muito legal ver esse exemplo, só que ao mesmo tempo eu sinto também que tem exemplos de pessoas que estão chegando agora e que são mais novas, que estão na escola ainda e estão descobrindo a banda. E também exemplos de pessoas mais velhas, principalmente com o álbum novo, que é um álbum que talvez agrade um pouco mais essa faixa etária que também está descobrindo a banda agora.

Então, é um misto de tudo, mas é muito legal porque sempre foi muito importante essa relação com o público. Desde o início a gente programava muito conteúdo de rede social, sempre fez live. A gente tem também um canal do Discord, pra trocar ideia com a galera –  quase tudo que a gente faz a gente pensa muito neles.

Nesse lançamento agora de “Tudo Acontece Agora” vamos fazer uma espécie de passaporte para vender na lojinha de merch, que a galera vai poder comprar e colocar a fotinho como se fosse um passaporte do Grilo Viagens. Nos shows a gente sempre busca falar com todo mundo. Nessa turnê eu não sei se a gente vai conseguir, mas é isso, é uma relação muito legal e que sustenta muito a banda também.

TMDQA!: Quais são os principais destinos aos quais O Grilo quer chegar com o lançamento de “Tudo Acontece Agora”?

Lucas: A melhor viagem é aquela sem destino, né? É aquela que você aproveita a jornada. Você nem vê o tempo passar. Eu não sei, a gente está num momento de aproveitar um pouco as coisas que estão chegando. [Um momento] de também não criar expectativas mirabolantes sobre as coisas. A gente gosta muito de fazer aquilo que a gente está fazendo, acho que esse álbum é o que melhor representa a gente por a gente estar nessa união.

Em “Você Não Sabe de Nada” a gente ainda estava se entendendo, estávamos meio distantes, e “Tudo Acontece Agora” eu sinto que a gente está se unindo muito e tudo que vier depois disso vai ser ótimo e a gente vai querer aproveitar muito disso. A gente está percebendo também que bastante gente nova está chegando depois desse álbum, novos lugares que antes a gente não chegava, estamos chegando. Então, nosso principal objetivo agora é continuar seguindo fazendo aquilo que a gente ama.

É óbvio que a gente quer tocar em grandes festivais, conhecer outros artistas, tudo isso, mas não é nosso principal objetivo. Nosso principal objetivo é continuar fazendo tudo que a gente gosta. Se a gente receber esses convites, que ótimo, porque eles vão ser consequência de tudo que a gente vem fazendo. A gente foi meio que descobrindo isso na carreira de artista. É importante a gente sempre tomar cuidado com as expectativas, mas é isso.

TMDQA!: Para encerrar nosso papo, fazendo uma referência ao Tenho Mais Discos Que Amigos!, eu queria saber quais discos, ou até mesmo artistas, que foram os amigos mais próximos da banda durante a construção de “Tudo Acontece Agora”?

Lucas: Engraçado, porque foi um processo que a gente escutou músicas que a gente escutava quando éramos adolescentes. A gente olhou um pouco mais pra trás. A gente escutou muito os primeiros discos do Coldplay, que é uma época em que eles tinham muito essa vibe de músicas mais emotivas. O Chris Martin é um compositor absurdo, o Coldplay depois acabou se tornando uma banda um pouco mais eletrônica, mais comum, bem mais pop, mas a gente gostava muito dos primeiros discos e aí escutamos muito.

A gente escutou muito Gilberto Gil também, inclusive fomos num show dele, no meio do processo, e os quatro se abraçando e chorando, aquilo foi muito marcante pra gente também. E putz, a gente escutou muito Tame Impala, acho que é uma ótima referência pra segunda parte do disco, tem muita coisa deles.

E tem bastante coisa assim de Rock mais clássico, dos Anos 80. A gente ouviu muito The Police, tem uma música no álbum que é uma referência direta ao grupo [a faixa em questão é “Já Não Me Faz Bem”]. Escutamos muito Skank também, já rolaram momentos de show que fomos no show deles e adorávamos, nos abraçávamos também, conhecemos o Samuel Rosa, tivemos esse privilégio.

É isso, acho que é uma mistura assim de tudo, eu tentei resumir em bandas e artistas que a gente teve uma conexão direta juntos, que os quatro aproveitaram de uma maneira igual. Eu acho que isso resumiu bem um pouco de como foi todo o nosso processo de referência.

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