O Capital Inicial celebrou os 25 anos do seu emblemático disco Acústico MTV durante um show emocionante, que encerrou o fim de semana da segunda edição do Doce Maravilha.
A performance da banda brasiliense, que aconteceu na noite do último domingo (26), no Jockey Club do Rio de Janeiro, contou com Dinho Ouro Preto e seus companheiros recebendo as presenças ilustres de Kiko Zambianchi, Zélia Duncan, Denny Conceição e Marcelo Sussekind.
Antes do show, o TMDQA! conversou com o vocalista nos bastidores do festival e Dinho falou sobre as músicas do Capital Inicial, que são consideradas atemporais até hoje e celebradas por diferentes gerações mesmo após mais de quatro décadas de carreira. Sem saber uma resposta definitiva, ele explicou:
Acho que o texto contribui bastante. Eu acho que o Capital, assim como a Legião, a nossa turma de Brasília, a gente vem de uma costela do Punk Rock. A gente começou muito por causa do Punk Rock, bandas da primeira geração do Punk Rock, como os Ramones e os Sex Pistols, em volta dessa ideia.
Essa primeira geração tinha uma ideia brilhante que era o ‘faça você mesmo’, sabe? O Rock não deve ser uma coisa que sai dos conservatórios. O Rock deve ser uma coisa que sai das ruas. Então, quanto mais simples a música e mais direta a mensagem, melhor. E eu acho que isso favoreceu o nascimento de inúmeras bandas em Brasília, fez com que as músicas dessas bandas sejam essencialmente muito simples. Você pode pegar o seu violão e tocar, e é legal, eu gosto que seja assim. Não há nenhum devaneio. As letras são muito simples, não tem momentos em que você não entende o que tá sendo dito ou por que que tá sendo dito, e as harmonias, as músicas também são bastante simples.
Eu acho que isso, talvez, seja algo que através das décadas continue sempre interessando a garotada. O cara pode pegar o violão dele em casa e tocar, e o que está sendo dito diz respeito a ele. São assuntos diários, são assuntos relevantes, são introspecções universais que todo mundo tem. Ou são comentários do dia a dia do Brasil que dizem respeito a todos os brasileiros.
Acredito que a combinação dessas coisas faz com que a coisa acabe encontrando ressonância em outras gerações. Pode passar o tempo que for, as pessoas ouvem aquilo e se veem. Se identificam, conseguem se conectar com aquilo, com aqueles mesmos assuntos. São como se fossem atemporais. Mas fico me fazendo a mesma pergunta, porque eu também não sei a explicação. Essa me parece a mais plausível.
Capital Inicial celebra 25 anos do Acústico MTV em show
Ainda na conversa antes do show, Dinho revelou a sensação de resgatar um álbum que marcou a história do Capital e de se apresentar ao lado dos músicos que estiveram na gravação original:
Hoje tem Kiko, Zélia, Marcelo Sussekind e Denny Conceição, só faltam duas pessoas da gravação original, que não estão presentes. Os outros artistas, acho que são seis, sete, estão todos aí. Um pouco de nervosismo. Quando a gente foi preparar o show e começar a ensaiar, a gente percebeu o quanto o Capital tinha mudado nesses 25 anos. Como o Capital ficou mais barulhento, o jeito que eu canto mudou.
Aquele disco, por exemplo, é quase todo sussurrado. A gente ensaiou ali naquele mesmo lugar onde o disco veio a ser gravado, a gente ensaiou durante dois meses; almoço e jantar, passávamos o dia ali, o que talvez, de algum modo, tenha contribuído pra aquele clima de calma, aquela coisa um passo pra trás, a expressão quase minimalista, sabe?
E a minha preocupação hoje é de ver uma plateia grande, e saber se vou conseguir manter esse espírito ou se eu vou automaticamente ligar pro máximo, e fazer uma interpretação um pouco mais pra fora. Então o desafio hoje na verdade é esse, é conter o entusiasmo, e eu não sei se sou capaz.
Realmente, como previsto, não foi uma tarefa fácil para Dinho Ouro Preto. Do início ao fim da performance, ele se mostrou bastante empolgado e emocionado de estar tocando aquelas músicas, que se tornaram alguns dos maiores sucessos do Capital Inicial.
A banda apresentou o disco na íntegra, seguindo a ordem da tracklist, e foi acompanhada pelo coro do público ao tocar músicas como “O Passageiro (The Passenger)”, “Todas as Noites”, “Independência”, “Primeiros Erros (Chove)”, “Natasha” e tantas outras.
Ao final do show e com os pedidos de “mais um” dos fãs, Dinho cantou a capella um trecho do hino de “Por Enquanto”, da saudosa Cássia Eller, levando boa parte da multidão às lágrimas enquanto os outros músicos se organizavam para deixar o palco.
Tanto é que, após a performance do Capital Inicial no Doce Maravilha, muitos fãs já estão pedindo para que a banda faça uma turnê de comemoração dos 25 anos do disco acústico. Segundo Dinho, o grupo pretende “estudar com carinho” o apelo. Será que vem aí?
A ascensão e queda do formato Acústico
Recentemente, falamos aqui sobre o formato Acústico, que em determinada época funcionava praticamente como um rito de passagem para alguns dos grandes nomes da música. Aqui no Brasil, bandas como o Capital, Engenheiros do Hawaii e Ira! alcançaram outro patamar ao revelar novas nuances de seus arranjos.
Conversamos com a banda Maglore, que recentemente lançou seu primeiro trabalho acústico, e também com Junior e João Marcello Bôscoli para entender o sucesso do formato e também se ele ainda tem espaço em 2024. Confira os detalhes aqui.
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