O que faz uma Musictech? Pelo visto, muita coisa. Afinal, é uma startup focada em dados e algoritmos proprietários para movimentar o ecossistema musical, promovendo conexão entre público, artistas e o mercado.
No Brasil, iniciativas do tipo ainda são novidade: a Casa Algohits encerrou o mês de maio comemorando seu primeiro ano de existência, consolidando-se como um espaço para shows, audições, produções audiovisuais e eventos no coração da Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo. Esta é apenas uma das ações da Algohits, a primeira Musictech do Brasil, que tem como objetivo desenvolver e profissionalizar o mercado da música em diversas áreas.
Além de produzir eventos e parcerias estratégicas na Casa Algohits, a startup atua como selo musical, produtora de conteúdos educativos e no desenvolvimento de merchandising para artistas.
A casa é um local com diversas oportunidades para ativações e eventos, promovendo a música ao vivo e a criação de conteúdo audiovisual e para podcasts, além de parcerias com outros players do mercado.
Já o selo da Algohits é uma das pontas do negócio que vem chamando mais atenção. A label abrange lançamentos de artistas de diversos estilos, incluindo R&B, hardcore, trap, brega funk, rock, rap e música brasileira. Ao longo do último ano, fizeram lançamentos de artistas como Plutão Já Foi Planeta, Pense e Bia Ferreira.
O selo já desenvolveu parcerias com artistas como Dead Fish, Cynthia Luz e Rumbora, e a colaboração pioneira com a casa de shows Audio tem aberto portas para a empresa se posicionar no mercado.
Assim, a Algohits se consolida como uma das startups musicais brasileiras que conseguem uma junção rara: unir os mundos online e offline, digital e presencial da música.
Para fazer um balanço dos desafios e avanços nessas múltiplas frentes, o TMDQA! conversou com o CEO da Algohits, Moises Bekerman.
TMDQA! Entrevista: Moises Bekerman (Algohits)
TMQDA!: A Algohits é uma musictech que tem a missão expressa de profissionalizar o mercado. Quais lacunas vocês identificaram na indústria e como é possível preenchê-las?
Moises Bekerman: A gente entende que o atual momento do mercado demanda dos artistas atuação em diversas frentes de trabalho que não sua arte propriamente dita. Eles têm que ser influenciadores, criadores de conteúdo, marketeiros, gestores de mídia, assessores de imprensa, desenvolvedores de mershandising, produtores e etc. A Algo tenta desenvolver metodologias e ferramentas para dar suporte nessas áreas e devolver aos artistas seu tempo criativo.
TMDQA!: Um dos maiores trunfos da Algohits é o uso de dados e números para embasar estratégias. Na visão de vocês, quais informações os artistas mais “comem mosca” ao não considerarem nos seus planejamentos de carreira?
Moises: Há mil e uma formas de trabalhar os números para acelerar uma jornada. Óbvio que cada caso tem suas especificidades. Cada momento de carreira, cada estilo musical, cada localidade geográfica traz desafios e oportunidades particulares. A análise de dados demográficos de uma fanbase, a clusterização de base de consumidores e utilização dessa para alcance de novos fãs é um exemplo de algo imediato que pode ser aplicado a qualquer carreira.
TMDQA!: Vocês têm uma atuação 360º, indo de selo a espaço de eventos. Quais os desafios em manter uma startup que atua em tantas frentes? E quais as vantagens?
Moises: Estamos em uma fase inicial da empresa. Nesta etapa nosso planejamento prevê a atuação de forma vertical dentro de um grupo pequeno de artistas. O objetivo principal desta fase é o mapeamento das principais dores do mercado e identificação de padrões e oportunidades de automação de processos. Passado este período, iremos efetivamente desenvolver ferramentas que poderão revolucionar a relação dos artistas com o mercado e o uso do seu tempo e habilidades.
TMDQA!: Vocês ofereceram a primeira solução de dados voltada para o music business, com segmentações focadas em nichos de públicos. Muitos artistas e selos miram direto no mainstream. Qual a importância em cultivar e fortalecer pequenos nichos no cenário atual?
Moises: A gente acredita nas jornadas artísticas baseadas na construção de fan bases sólidas, no trabalho de médio e longo prazo, não miramos hypes ou ondas de momento.
Para isso é fundamental a gente investir na música feita com alma, que busca transformar e não conformar.
TMDQA!: Após 1 ano, qual o balanço que a Algohits faz do ecossistema da música nacional? Ainda vale a pena investir em música no Brasil?
Moises: A indústria da música movimenta cifras enormes e cresce a cada ano. Em contrapartida a isso, ao se colocar uma lupa na indústria, a gente enxerga um mercado onde 99% dos players está com o pires na mão. Nós temos a missão de democratizar o acesso às principais práticas do music business visando a melhor distribuição e alocação de recursos e oportunidades.