Criadoras do WME falam ao TMDQA! sobre o maior evento de mulheres na música do Brasil

O Women’s Music Event 2024 traz novos formatos e você pode conhecer mais detalhes sobre a edição deste ano nesta entrevista com o TMDQA!.

WME - Women's Music Event
Crédito: Hannah Carvalho

Em sua oitava edição, o Women’s Music Event (WME) consolida-se como o maior evento dedicado ao protagonismo feminino no cenário musical brasileiro.

De 20 a 23 de junho, São Paulo será palco de uma programação diversificada que ocupará quatro locais emblemáticos: Heavy House, Biblioteca Mário de Andrade, Praça Dom José Gaspar e Casa Natura Musical.

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O evento inclui painéis, oficinas, masterclasses, shows gratuitos, happy hours e amplas oportunidades de networking, destacando-se por sua capacidade de atrair figuras importantes. Este ano, a programação terá Duda Beat, Amanda Magalhães, Juliana Linhares, Brisa Flow, Josyara, Júlia Mestre e Sarah Oliveira e mais, além da madrinha Tulipa Ruiz.

Idealizado pela jornalista e DJ Claudia Assef e pela gestora de carreiras e curadora musical Monique Dardenne, o WME 2024 incorpora o conceito de JOMO (Joy Of Missing Out, ou a alegria de ficar de fora) em sua estrutura.

Este termo, que voltou à tona recentemente graças ao SXSW, sugere o prazer de não se comprometer excessivamente e a liberdade de permitir que as coisas aconteçam naturalmente. Em contraste com o FOMO (Fear of Missing Out, ou seja, o medo de ficar de fora), o JOMO propõe uma experiência mais equilibrada e reflexiva diante da vasta programação.

Não é para pouco: o WME reúne uma centena de mulheres, oferecendo um espaço anual de protagonismo, aperfeiçoamento, networking e diversão para o mercado e fãs de música. Os ingressos variam a partir de R$60, com opções gratuitas em diversos locais, proporcionando acesso democrático a todos os interessados.

Aproveitamos esta oportunidade para conversar com Claudia Assef e Monique Dardenne e explorar mais a fundo as motivações, desafios e expectativas para esta edição do WME, mergulhando nos bastidores de um evento que continua a moldar a presença feminina na indústria musical brasileira.

Crédito: Mariana Smania

TMDQA! Entrevista: Claudia Assef e Monique Dardenne – Women’s Music Event

TMDQA!: Vamos fazer um balanço? Lá se vão 8 edições de WME! Como vocês veem o primeiro evento e o mais recente, a trajetória que tiveram do início até aqui?

Monique Dardenne: O WME já é considerado uma das maiores e principais conferências da indústria da música no Brasil. Mas, se tivermos que fazer um resumo, nós sempre nos preocupamos com uma curadoria diversa, que é uma das principais características dessa edição e em trazer pautas importantes para toda a cadeia da indústria da música. A cada ano, nós conseguimos inovar em formatos, temas e debates e isso nos deixa muito realizadas.

TMDQA!: A essa altura, o Women’s Music Event já está estabelecido no calendário musical de SP e até do país. Mas a inovação acontece a cada ano. O que vocês trarão para o evento este ano pela primeira vez? 

Claudia Assef: Este ano, estamos trazendo o conceito de JOMO para o evento. Ao contrário do que prega o FOMO, o fear of missing out, ou o medo de perder coisas, a gente quer espalhar o JOMO, ou joy of missing out, que é você se permitir perder algumas atividades para ganhar em saúde mental, em novas relações e tudo isso sem sentir culpa, que para nós é o grande peso do FOMO hehehe. Estamos adorando construir narrativas JOMO dentro do nosso evento. Para tangibilizar esse modo mais relax de aprender estamos com algumas novidades dentro da programação, como por exemplo o Olho no Olho, que será o nosso formato de speed meeting mais humanizado, com profissionais do mercado atendendo artistas de um jeito mais individualizado. E vamos ter outras novidades, mas ainda estamos fechando então não dá pra contar ainda. 

TMDQA!: Quando o WME surgiu, as mulheres já estavam conquistando um pouco mais de espaço na cena musical, mas ainda muito longe de um lugar de igualdade em relação aos seus pares masculinos. Hoje, é possível notar alguns avanços, mas as disparidades não foram eliminadas. O que vocês veem como mais urgente para os próximos passos em direção a uma presença feminina igualitária nos palcos e bastidores da música?

Monique Dardenne: Certamente a balança melhorou de um modo geral, especialmente porque hoje os tomadores de decisão, ou seja, quem contrata, que ainda são na maioria das vezes homens, ficam com medo de passar atestado de desigualdade por causa da internet. Infelizmente ainda é por isso. O que é mais urgente de irmos buscar mais oportunidades é na parte técnica, um lugar totalmente controlado e dominado por homens.

TMDQA!: Quando se pensa em mulheres na música, é comum associar às que estão em cima dos palcos. Como conhecedoras do mercado, como vocês observam o crescimento (ou não) das mulheres em funções adjacentes ao palco e que geralmente ficam nos bastidores – como produtoras musicais, compositoras, curadoras, técnicas de som e luz, jornalistas, designers, executivas de gravadoras, etc?

Claudia Assef: Como falamos na pergunta anterior, a parte técnica é que cresce mais devagar porque é uma questão financeira (elas precisam estudar e isso custa caro), além de ser bem difícil elas conseguirem posições sem ter experiência. É uma conta que não fecha. Estamos com planos para quebrar esse ciclo sistêmico, mas ainda não podemos contar detalhes.

TMDQA!: Vocês trouxeram o conceito do JOMO para o festival esse ano. O público brasileiro hoje “sofre” com o excesso de oferta de ótimos festivais, shows e turnês enormes! Os curadores, também, têm o desafio de olhar uma vitrine cada vez maior. Quais foram os critérios da curadoria do WME este ano? O que mais se destacou aos seus olhos?

Monique Dardenne: Este ano a gente decidiu desenhar um evento mais plural. Conseguimos unir em um mesmo evento desde música instrumental, passando pelo midstream, pelo qual sempre fomos conhecidas, até o pagode, que tem projetado artistas realmente importantes na cena e para a presença feminina. Sobre regionalidade, estamos trazendo líderes de festivais de fora do estado de São Paulo, artistas indígenas-amazônicos, de Minas Gerais, do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Ceará e muitos outros estados do país. Conseguimos montar um quebra-cabeças bem diverso e interseccional, o que nos orgulha muito.

TMDQA!: O Brasil vem ganhando cada vez mais eventos voltados para o mercado da música, o networking e a atualização dos profissionais desse setor! Como vocês avaliam o papel de eventos como o WME e as mais diversas feiras realizadas por todo o Brasil para o fomento das cenas regionais?

Claudia Assef: Achamos fundamental que existam eventos voltados para o fomento da indústria da música. Assim como outras indústrias, é preciso que existam essas trocas para alinharmos nossas fragilidades e fortalecermos uns aos outros. O mercado só cresce se houver união e achamos muito saudável que novos eventos surjam com esse mesmo propósito. 

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