Símbolo da contracultura nos anos 1960, o The Doors tem um legado que vai muito além da música – seja pela persona rebelde do vocalista Jim Morrison, a defesa da liberação de drogas psicodélicas e o conceito de abrir a mente para as “Portas da Percepção”.
Foram nove discos lançados entre 1967 e 1978, sendo os sete primeiros no período de apenas quatro anos, e os três últimos já após a morte do frontman em 1971, quando tinha apenas 27 anos.
Esses álbuns inauguraram um subgênero conhecido como Acid Rock, que nunca mais teve outro representante tão grande, e mudaram pra sempre o curso do Rock com letras que eram verdadeiras poesias sobre a vida e a morte.
O TMDQA! encarou a missão de rankear os discos do The Doors, destacando curiosidades das gravações, músicas icônicas como “Light My Fire”, “Riders on the Storm” e “People Are Strange” e histórias desses gigantes do Blues Rock.
Confira as explicações abaixo, e esperamos que funcione como guia pra você conhecer uma das bandas mais interessantes da história!
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The Doors: um ranking do pior ao melhor disco
9. Full Circle (1972)
Depois de perder Jim Morrison, o tecladista Ray Manzarek, o guitarrista Robby Krieger e o baterista John Densmore tomaram a corajosa decisão de continuar com a banda, lançando um álbum com sobras de gravações ao lado do vocalista – veremos mais abaixo.
O segundo projeto dos membros remanescentes, o disco Full Circle, já foi com material totalmente inédito. Embora esteja longe de ser ruim, o álbum é voltado para o Jazz e o Funk Rock, se distanciando do som que consagrou a banda.
A única música mais pop, “Treetrunk”, foi relegada a b-side por ser considerada “comercial demais” pelos integrantes. O disco, no entanto, tem “The Mosquito”, última faixa do The Doors a entrar nas paradas dos EUA, e a animada “Get Up And Dance”.
8. Other Voices (1971)
O The Doors começou a preparar o sucessor de L.A. Woman no mesmo ano em que esse consagrado álbum foi lançado, em 1971. Eles concluíram a maioria das músicas, mas Jim viajou para Paris antes de gravar os vocais.
O cantor, infelizmente, não voltou com vida da capital francesa, e os outros integrantes decidiram cantar as músicas eles mesmos em homenagem ao amigo – por isso o nome Other Voices, ou “outras vozes”.
Lançado às pressas, o disco não reflete o melhor de Ray, Robby e John (compreensível, né?), e nem mesmo os singles “I’m Horny, I’m Stoned”, “Tightrope Ride” e “Ships with Sails” tiveram boas performances.
7. An American Prayer (1978)
O álbum mais relevante do The Doors sem Jim Morrison veio só sete anos após sua morte, quando os integrantes remanescentes decidiram fazer algo diferente e inovador para encerrar definitivamente o catálogo da banda.
O trio reuniu gravações antigas do vocalista recitando suas poesias – outro talento incrível que ele tinha – e criou músicas viajantes que navegam entre o Rock Psicodélico e o Jazz, incluindo “The Ghost Song”, “Newborn Awake” e “Stoned Immaculate”.
Devidamente batizado de “uma oração americana”, o projeto rendeu a única indicação da banda ao Grammy e se tornou um disco cultuado pelos fãs por sua atmosfera sombria e quase religiosa.
6. Waiting for the Sun (1968)
Chegamos aos discos com Jim Morrison nos vocais! A sexta posição fica com o terceiro trabalho da carreira da banda, quando já tinham explodido para o mundo com sucessos como “Break On Through (To the Other Side)” e “Love Me Two Times”.
Acontece que as músicas dos primeiros discos datavam de 1965 e 1966, quando o quarteto compôs suas primeiras canções. Esgotado o repertório, eles precisaram preparar faixas inéditas para Waiting for the Sun.
Apesar de conter hits radiofônicos como “Hello, I Love You” e “Five to One” e ter chegado ao topo das paradas americanas, o álbum não tem o mesmo brilho dos dois anteriores, provavelmente devido à piora do alcoolismo de Morrison na época.
5. The Soft Parade (1969)
Logo no ano seguinte, a band retomou a boa forma com The Soft Parade, que fechou os anos 1960 fazendo uma ode ao movimento hippie, à psicodelia e ao Acid Rock, que tanto marcaram a década.
O álbum tem arranjos experimentais com instrumentos de sopro e corda – como mostram singles como “Touch Me” e “Wishful Sinful” -, chegando a ser definido como “música de lounge”, mas mantendo sempre o ar sombrio das canções.
A crítica não recebeu o disco muito bem à época, especialmente por causa das polêmicas que a banda vivia fora dos palcos, com Jim cada vez mais entregue às drogas. No entanto, podemos dizer que The Soft Parade é um dos trabalhos da banda que melhor envelheceu.
4. Morrison Hotel (1970)
Daqui em diante, a posição dos discos neste ranking depende muito da relação pessoal de cada fã com as músicas, mas – por coincidência – vamos seguir a ordem cronológica por enquanto.
Depois de experimentar com baladinhas mais populares e também arranjos complexos de Jazz, o The Doors decidiu retornar pro bom e velho Blues Rock pra começar a década de 1970, e as letras mais confessionais como o próprio título do álbum indica.
Minimalista e conciso, Morrison Hotel tem 11 faixas em pouco mais de 37 minutos, incluindo pedradas como “Roadhouse Blues”, “Peace Frog” e “Waiting for the Sun”. É pra ouvir do início ao fim, de preferência dirigindo numa estrada e com os vidros abertos!
3. Strange Days (1967)
Numa época em que a indústria fonográfica funcionava dessa forma, o The Doors lançava um álbum a cada oito meses (!), em média. O segundo disco da carreira, que costuma ser um desafio enorme pra qualquer banda, veio ainda no mesmo ano do disco de estreia, em 1967.
Morrison disse que a ideia por trás de Strange Days era “expandir o formato das canções usando um roteiro, falas e efeitos sonoros”, algo que define perfeitamente não só esse disco, mas a alma do The Doors.
O hit “People Are Strange” é atualmente o mais reproduzido da banda nas plataformas digitais, e o disco ainda tem as pérolas “Love Me Two Times”, “Moonlight Drive” e a épica “When The Music’s Over”, com seus 11 minutos que são uma aula de Rock N’ Roll.
2. L.A. Woman (1971)
Outra quebra cronológica neste pódio, dessa vez para o último disco do The Doors com Jim Morrison nos vocais, de 1971, quando o ídolo já estava imerso numa série de problemas com sua saúde, com a polícia e com a mídia.
Vale lembrar que fazia apenas um ano das mortes de Jimi Hendrix e Janis Joplin, também aos 27 anos e pelo abuso de drogas. Pra piorar, o produtor da banda achou “péssimas” as músicas escritas para L.A. Woman e abandonou a banda.
Acreditando nas composições, o grupo chamou o engenheiro de som Bruce Botnick (o mesmo do disco de estreia) e gravou tudo no próprio escritório em Los Angeles, a maior parte ao vivo e com Jim gravando alguns vocais dentro do banheiro.
Clássicos como “Love Her Madly”, “The Changeling” e a faixa-título mostram esse senso de urgência, enquanto “Riders on the Storm” traz a melancolia do fim. Morrison morreu apenas três meses após o lançamento do disco.
1. The Doors (1967)
Os Doors revolucionaram o Rock por fazer um som provocativo, profundo, sinistro, por vezes até perturbador e perigoso. E tudo isso já estava no álbum de estreia de Morrison, Manzarek, Krieger e Densmore, quando a maioria deles tinha entre 21 e 23 anos de idade.
Musicalmente, eles uniam o gênero dominante na época, o Blues, com toda a cena psicodélica que viria nos anos 1970 e uma pitada de Art Rock. O tecladista e fundador da banda, aliás, estudava cinema nessa época e definiu o The Doors como “a primeira banda de Rock Cinematográfico”.
Isso fica evidente na épica “The End” e seus tradicionais 11 minutos de duração, mas também no ritmo funkeado de “Soul Kitchen” e a transição para baladas mais solares como “I Looked At You” e “The Crystal Ship”.
O primeiro disco ainda tem duas músicas que estão entre as maiores do Rock em todos os tempos, daquelas que servem pra você apresentar o que é o Rock para uma criança: “Break On Through (To the Other Side)” e “Light My Fire”.
Medalha de ouro no ranking do TMDQA! com todos os discos do The Doors!